Luiz Guimarães, secretário de Turismo de Santos: “Aposto muito no Festival do Café”

O secretário de Turismo de Santos, Luiz Dias Guimarães, recebeu o DIÁRIO  em seu gabinete e concedeu a entrevista abaixo. Guimarães falou sobre a importância cultural do município que realiza inúmeros festivais, entre eles o que acontece em julho, o Santos Café, adiantou sobre a variedade de atrativos turísticos da cidade e, evidentemente, de duas jóias que orgulham não só os moradores, mas o brasileiro em geral: o museu Pelé e os bondes, cartões postais da cidade. Acompanhe:

DIÁRIO – Santos continuamente realiza festivais de música, enaltecendo a cultura . Em julho, vocês realizam o Festival Santos Café. O que isso agrega para o turismo?

LUIZ GUIMARÃES – Temos um calendário com vários festivais ao longo do ano, assim como temos um calendário muito forte na área esportiva. O calendário esportivo possui eventos já consagrados, como triathlon internacional, 10 km da Tribuna FM, são eventos que trazem muita gente de fora. No âmbito cultural, a maioria dos festivais ainda não têm a repercussão que nós pretendemos, do ponto de vista turístico. São festivais que estão se consagrando e estão sendo muito bem aceitos em seus ambientes e eu acredito que nos próximos anos passem a exercer essa atração para os turistas.

O Festival Santos Café é uma primeira edição, uma aposta que estamos fazendo porque é um festival de inverno – já que acontece de 9 a 12 de julho – utilizando um ícone, que é o café. Como todos sabem, o café foi responsável pela estruturação de Santos como cidade, trouxe muita riqueza na primeira metade do século passado e a bolsa do café, atualmente Museu do Café é uma referência. Até a metade do século passado, essa bolsa funcionava como Wall Street funciona hoje para o Mercado Mundial O café no mundo todo era definido no pregão da bolsa oficial de café de Santos. O café tem tudo a ver com a nossa cidade. Ainda hoje, para Santos é muito importante. Exportamos mais de 60% do café brasileiro pelo nosso porto e lembrando que, mais da metade do café consumido no mundo todo é brasileiro. Portanto, o porto de Santos ainda é o principal porto cafeeiro do mundo. Em cima desse tema nós realizamos esse festival com um diferencial em relação a outros eventos. É um festival que não se restringe ao tema, é um mix de quatro dias com muita música ao ar livre, um circuito gastronômico, atividades lúdicas, inclusive infantis, um festival completo que pretende que as pessoas que vêm participar tenham uma vivência no centro histórico bastante enriquecida, motivados pelo tema café, que estará sendo distribuído gratuitamente.

Como é um festival voltado para a família, funcionará das 10h até as 21h, com um período de almoço com música ao vivo, um happy hour, exposições, inúmeras atividades que acontecerão nas ruas e no centro histórico. Aposto muito nesse festival. É o primeiro, mas não tenho dúvida, pelo formato que ele possui, no ambiente que ele se realiza e pela forma como está definido, ele tem tudo para crescer e cada vez mais atrair turistas. O objetivo do festival é o visitante.

 

DIÁRIO – Qual a perspectiva para a economia do turismo atualmente na questão de estrutura, logística e hotelaria?

LUIS GUIMARÃES – Este ano, em Santos, está repercutindo a crise econômica que é nacional. Também estamos sentindo isso. Há uma certa retração no setor turístico, mas numa visão mais ampla, ano a ano vem crescendo muito o turismo na nossa cidade, tanto o turismo corporativo e de eventos como também o turismo de lazer. Os hotéis têm registrado um volume crescente de famílias que se hospedam nos finais de semana na cidade, atraídas por uma coisa que consideramos ideal para a cidade enquanto produto que é o conjunto de ofertas. Santos já não é mais vista como uma opção de veraneio, é vista como uma cidade que possui um conjunto histórico, cultural, comercial, que é atrativo para a família toda. A praia passa a ser um fator, ainda muito importante, mas sempre um valor agregado ao que eu considero principal, que é o conjunto da obra. Por isso investimos muito nessa área do turismo cultura, revitalização do centro histórico, da linha turística de bondes. Queremos ser atrativos por esse conjunto, e não ficarmos no mercado nacional competindo com qualquer praia ensolarada dessa costa brasileira imensa.

DIÁRIO – O Museu Pelé se integra nesse processo de revitalização do centro de Santos?

LUIZ GUIMARÃES – Exatamente. O Museu Pelé completou um ano agora, foi um esforço imenso porque tivemos que reconstruir um conjunto que já possuía mais de cem anos, eram ruínas. Foi um trabalho não só de restauro, mas de reconstrução desse prédio histórico e foi instalado o Museu com toda a modernidade que se entende para um museu. Foi inaugurado na época da Copa, quando Santos acolhia duas seleções (México e Costa Rica), teve um volume de visitas muito grande de estrangeiros que vieram ao Brasil na Copa e a partir daí entrou em uma fase de maturação, como todo museu e todo equipamento, vai, dia-a-dia, se consolidando através da realização de eventos e promoções para cativar e atrair visitantes, sejam da própria cidade, do país ou de fora. Diga-se de passagem que há sempre uma porção muito grande de turistas estrangeiros que vem ao museu. O Pelé, de certa maneira, é mais cultuado no resto do mundo do que no Brasil. Aqui as pessoas gostam muito do Pelé, mas no exterior ele exerce muito mais essa magia. Mas [o museu] está indo bem, está próximo a alcançar seu equilíbrio.

O trabalho todo foi feito, em grande parte, com recursos da lei Rouanet, e também contribuições decisivas do Governo Federal e do Governo Estadual. Acho que o Museu Pelé foi um exemplo brasileiro de esforço conjunto, porque tivemos o esforço da prefeitura, governo estadual e governo federal, incentivos fiscais e iniciativa privada.

É um equipamento que está dentro da política de revitalização do centro histórico, não tenho dúvida de que a tendência é que, cada vez mais, ser atrativo.

Museu Pel  o exemplo de trabalho conjunto, tanto do poder pblico, como da iniciativa privada (Foto: DT)

“Museu Pelé é o exemplo de trabalho conjunto, tanto do poder público, como da iniciativa privada” (Foto: DT)

DIÁRIO – O bonde é um equipamento antigo que precisa sempre estar sendo reformado e revitalizado. Quais foram os últimos investimentos nas linhas de bondes? 

LUIZ GUIMARÃES – A linha vai completar agora 15 anos, e nesses anos, já transportou mais de 1,3 milhão de passageiros. É um sucesso absoluto. Recentemente o TripAdvisor nos enviou um certificado de excelência pela avaliação dos usuários que até expusemos em um dos bondes.. Temos hoje 12 equipamentos, dos quais sete já restaurados e operacionais, os demais em processo de recuperação e sempre inovando. Nos últimos meses as duas inovações foram a criação do Bonde Brincar, que é uma atividade que fazemos mensalmente: decoramos os bondes com temas infantis, contratamos personagens, animadores, e fazemos uma tarde lúdica voltada para crianças, criamos esse vínculo com as crianças e tem sido um sucesso.

Outro projeto bem sucedido é o Bonde Café, lançado em janeiro em uma parceria com o Museu do Café, esse bonde é italiano, nos foi doado pela cidade de Turin, reformamos, instalamos ar-condicionado, piso elevatório, uma cafeteria e esse bonde percorre o mesmo circuito do centro histórico, com o diferencial de que durante o passeio o guia faz uma leitura da importância do café para a cidade e o bartender serve um café expresso para o passageiro. [o bonde] Acaba de completar cinco mil passageiros transportados.

Estamos conduzindo outros processos. Em aproximadamente um mês devemos inaugurar a nossa garagem oficina expositiva, onde os bondes não só estarão sendo mantidos e guardados, mas também abertos à visitação, estamos em vias de receber o bonde japonês, da cidade de Nagazaki. A ideia [do bonde japonês] é lançar o sushi-bonde, que vai circular fazendo uma degustação de sushi e sashimi.

www.turismosantos.com.br

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