Estudos sobre impactos de turismo embarcado integram plano …

Quietas, elas já começaram a chegar. Em Florianópolis, pelo menos duas delas, provavelmente adulto e filhote, têm sido vistas há uma semana por surfistas e pescadores entre Lagoinha do Leste, Matadeiro e Morro das Pedras, pontos de paradas para descanso e amamentação. No Sul do Estado, onde é maior a concentração com o início de migração anual da espécie austral, finalmente foram dados os primeiros passos para os estudos científicos sobre os impactos do turismo embarcado de observação, iniciativa que faz parte da elaboração do plano de manejo da APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca em Santa Catarina.

Trata-se do “plano diretor” que ordenará uso, ocupações e zoneamento da área de conservação no litoral Sul de Santa Catarina. Apresentada pela Coordenação Regional Sul do Sebrae/SC, a proposta de fortalecimento do turismo de observação de baleias envolve também técnicos do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), responsável pela gestão das unidades de conservação federal; Instituto Baleia Franca e Projeto Baleia Franca. Representantes da APA e das secretarias de turismo de Imbituba e Garopaba, onde se concentram agências de turismo e pousadas temáticas, também participam da iniciativa.

Com a proibição da observação embarcada em mar aberto pela Justiça Federal, há três anos antigas trilhas de pescadores entre Imbituba e Garopaba têm sido adaptadas, com mirantes naturais nos costões ou pontos mais altos das dunas. As praias da Vila, ao lado do porto, e da Ribanceira, na Vila Esperança, em Imbituba fazem parte do roteiro alternativo por terra.

A proposta de pesquisa científica para analisar os impactos do turismo embarcado durante o período migratório para acasalamento e maternidade da espécie nas enseadas do sul catarinense foi apresentada pelo Projeto Baleia Franca. O estudo, em fase de captação, terá a duração de aproximadamente dois anos.

Ao Sebrae caberá a articulação regional do ecoturismo e a qualificação de 30 micros e pequenas empresas de Garopaba, Imbituba e Laguna, na fase inicial do projeto. A meta é atingir cerca de 300 empresários para três anos de atuação em cursos, palestras, consultorias, ações integradas de comercialização, promoção, comunicação e marketing, gestão financeira e recursos humanos.

Missões para ver como é lá fora

Também serão realizadas missões técnicas para o reconhecimento das melhores práticas de observação de baleias em outras regiões, como Argentina e África do sul. As primeiras viagens estão previstas ainda para este ano. “O objetivo é garantir a sustentabilidade dos negócios e tornar o ecoturismo de observação de baleias referência nacional”, diz o consultor externo do Sebrae, Rafael Freitag, responsável pela gestão do projeto, que tem aporte nacional e do governo catarinense, de R$ 2,8 milhões, e contrapartida de R$ 445 mil das prefeituras envolvidas.

Associações empresariais da região também são parceiras. O projeto de fortalecimento do turismo de observação de baleias no litoral Sul catarinense, segundo Freitag, garantirá ao Estado importante IG (indicação geográfica), a primeira do Brasil no segmento de serviços. A APA da Baleia Franca abrange nove municípios do litoral catarinense, desde o Sul da Ilha de Santa Catarina ao Balneário Rincão.

Em Imbituba, a Capital Nacional da Baleia Franca, o secretário de Turismo, Paulo Sefton, informou que o prefeito Jaison Cardoso garantiu contrapartida de R$ 150 mil. “Temos pressa. É fundamental para tornarmos a região destino turístico de excelência no ecoturismo, com aumento da competitividade e sustentabilidade dos pequenos negócios”, diz.

APA DA BALEIA FRANCA
Litoral Sul de Santa Catarina

Criação: 14 de setembro de 2000

Área: 156 mil hectares

Extensão: 130 km de costa

Abrangência: Florianópolis/Sul da Ilha, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Balneário Rincão e Içara

 

 

 

Pin It

Comments are closed.