Destino Alentejo: o enoturismo do Esporão está cheio de novidades


A nova garrafeira onde se fazem provas especiais de vinhos históricos e premium

Há uma enorme mesa feita em madeira de carvalho, ladeada de bancos forrados com as tradicionais mantas de Monsaraz, produzidas na fábrica Mizette, e um enorme candeeiro, também ele feito em madeira, o mesmo material utilizado nas barricas. É a nova sala onde decorrem as provas verticais de vinhos raros, antigos ou de garrafeira, das caves do Esporão, apenas uma das muitas novidades do enoturismo da marca.

O edifício, um dos intervencionados durante o processo de renovação, transformou por completo as caves onde se encontram as garrafeiras da Herdade do Esporão, casa fundada em 1973 por José Roquette e Joaquim Bandeira, em Reguengos de Monsaraz. O projeto de arquitetura é do atelier Skrei, do Porto, que construiu dos dois lados da nave – ampla e de linhas depuradas – e delimitou o corredor com caixas metálicas, uma espécie de jaulas onde os vinhos ficam a estagiar. “É uma sala com grande impacto e tem uma componente cénica muito interessante”, diz António Roquette, responsável pelo Enoturismo da Herdade do Esporão.

Esta mudança faz parte de um projeto mais alargado de renovação do Enoturismo, que inclui novas áreas nos circuitos de visita, provas temáticas de vinhos e azeite, uma oferta gastronómica diferente e outras experiências que pretendem mostrar o território de 1863 hectares, onde está implantado este produtor de vinhos alentejano. “Achámos oportuno fazer alguns ajustes no edifício do enoturismo e noutras áreas, introduzindo algumas melhorias que são importantes e transformam significativamente a experiência dos nossos visitantes”, diz António.

Além das caves, outros edifícios foram também readaptados de forma a proporcionar essa experiência mais aprofundada e didática a quem visita a Herdade do Esporão. Foi o caso de uma sala multiusos agora dividida em duas, dando origem a uma área de provas técnicas onde decorrem os cursos vínicos e as provas sensoriais, e outra, que liga o claustro ao jardim, que recebe as visitas diárias às adegas e caves. Entre as novidades está ainda a possibilidade de conhecer o Lagar de Azeite. “Notávamos bastante interesse neste tipo de visita guiada, ligada ao processo de produção do azeite, à imagem do que temos com o vinho”, explica o responsável. Na verdade já se faziam provas de azeite, mas não existia uma experiência tão próxima ao processo de fabrico. No vinho, há uma nova prova cega com exercício de aromas.

Todas as áreas remodeladas seguiram a mesma linha arquitetónica de outras intervenções já realizadas pelo Atelier Skrei, cujo objetivo é aproximar as zonas de utilização lúdica do que são as componentes de produção (adegas, lagares, etc) da herdade.

O restaurante da Herdade do Esporão

O restaurante do Esporão não ficou de fora do projeto. Sofreu algumas alterações de arquitetura e decoração, como a introdução de peças em madeira feitas com aduelas recicladas das barricas e candeeiros iguais aos das adegas. A cozinha transformou-se, oferecendo combinações tão inesperadas como rissol, lagostim, coentros; ostra, rabanete, pêra; couve-flor, queijo de Serpa, avelã; porco alentejano, ervilhas e cilarcas. “Podemos atender mais pessoas com esta intervenção e também temos um menu bastante mais versátil”, diz António Roquette.

Esta nova forma de trabalhar a gastronomia inclui uma preocupação muito grande com a origem dos ingredientes, procurando utilizar-se cada vez mais produtos da herdade, como tubérculos, cogumelos, bagas, ervas aromáticas. O menu é inspirado nas tradições gastronómicas do Alentejo e de outras regiões de Portugal. Pode servir uma refeição clássica, com entrada, prato principal e sobremesa, mas também um grupo que queira partilhar. Para conhecer melhor a cozinha do Esporão, existe o Menu Carta Branca, em que o chefe – a equipa é agora formada por Carlos Teixeira, Bruno Caseiro e Filipa Gonçalves – decide uma sequência de pratos (5 ou 7 momentos, €50/€65). Entre as boas-novas que saem da cozinha estão também pratos especiais como. por exemplo, um arroz de cabidela, inspirado no projeto Esporão e a Comida Portuguesa a Gostar Dela Própria, uma iniciativa com dois anos de vida e que tem vindo a fazer o levantamento etnográfico e cultural de receitas tradicionais portuguesas.

Com o mote Viver o Território, as propostas de enoturismo do Esporão não excluíram as atividades ao ar livre. Ainda no decorrer do mês de maio serão instalados três trilhos de caminhada com graus de dificuldade diferentes e informações sobre a fauna e flora da propriedade. “Queremos que os nossos visitantes experienciem de perto a riqueza da Herdade, do nosso ecossistema, que é muito importante para nós e para o que nós fazemos, mas que queremos muito partilhar e mostrar-lhes a importância que tem”, explica António Roquette.

O novo menu é versátil e inspirado nas tradições gastronómicas do Alentejo e de outras regiões de Portugal

Herdade do Esporão Apartado 31, Reguengos de Monsaraz T. 266 509 280 enoturismo 10h-18h30, loja 10h-18h

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