Alta do dólar valoriza o turismo nacional

Por: Yuri Ramires / Especial para o CMT 

Com as férias de verão se aproximando, os cuiabanos, assim como os brasileiros em geral, estão repensando se será viável realizar a tão sonhada viagem ao exterior. Acontece que a alta do dólar, que alcançou média de R$ 3,505 na última semana, está afastando as pessoas desses destinos. Nas agências, a queda das buscas internacionais está sendo sentida, mas por outro lado o território brasileiro está sendo valorizado.

Na Capital, as casas de câmbio estão sentido a diminuição no que diz respeito à compra do dinheiro para guardá-lo. É o que acontece na Confidence Câmbio. Uma das consultoras contou que só busca pela moeda quem está com viagem marcada e não tem como adiar.

“Na rotatividade diária, a grande busca pelos serviços é de quem já está com a viagem comprada e não tem para onde correr. Em raras exceções, são pessoas que compram para guardar”, lembrou.

Na última semana, o dólar comercial está variando entre R$ 3,504 na venda e R$ 3, 505 a compra, uma variação de +1,81%; já o dólar turismo, praticado em viagens, está sendo ofertado para venda a R$ 3,48 e na compra por R$ 3, 69.

Em casos de viagem com o dólar nas alturas, a orientação é uma só: levar metade do dinheiro em espécie e uma pequena quantia, para segurança, no cartão de crédito/débito. Acontece que os impostos cobrados no uso do cartão, muitas vezes desconhecidos pelos clientes, assustam quando a fatura chega em suas casas.

Entre os poucos clientes que compram a moeda para guardá-la, está o advogado Luiz Henrique Carreto, 28 anos. Com viagem marcada para Las Vegas em dezembro, ele começou a economizar há seis meses e comprou dólares no ano passado, pagando apenas R$ 2,30.

“Eu gosto muito de viajar e pro isso programo minhas viagens, guardo dólares que sobraram e ainda compro com antecedência, por isso essa alta agora não me assustou. O negócio é sé programar para não ser pego no susto. A diferença é que lá eu diminuo as compras e alguns passeios, mas a viagem eu mantenho”, disse.

O mesmo aconteceu com a publicitária Tamires Marcon: com antecedência, ela começou a programar sua viagem para os Estados Unidos, onde passou um ano. Na época, o dólar estava R$ 2, 90, mas com a alta chegou a pagar R$ 3,40.

“Não foi uma viagem de turismo, fui para ficar, então pesquisei como economizar, trabalhar legalmente e aonde ir. No começo não foi fácil controlar, quando você chega lá, onde tudo é barato e com preço justo, o controle desaparece um pouco, mas com o tempo você começa a perceber o que compensa e o que não compensa comprar”, disse.

Tamires ainda fez um mochilão da Tailândia antes de voltar à Cuiabá, e segundo ela, voltou com segurança financeira. “Devido à alta do dólar, consegui comprar real em uma boa quantia”, disse.

Controle no consumo também foi a meta do estudante cuiabano Vinícius Belatto, que está aproveitando os últimos dias do intercâmbio no Canadá.  “Quando cotei o dólar no ano passado, ele estava dentro do meu orçamento já convertido, então a viagem era viável”.

No entanto, quando ele chegou em março desde ano, as coisas mudaram. “As coisas apertaram um pouco, a realidade é outra, não é tudo barato como as agências falam. Mas fui pagando as necessidades e dá para viver com 500 dólares”, disse.

Mas ele passou por momentos de apuros. “Tive que pedir um empréstimo na minha empresa para terminar de viver os dois últimos meses e não me permiti usar o cartão brasileiro para evitar novos prejuízos quando eu voltar para casa”, disse.

BUSCA CAI EM AGÊNCIAS

Duas das grandes agências de viagens da cidade sentiram a diminuição das vendas internacionais justamente pelo preço do dólar. Ao Circuito MT, consultores foram unânimes em relatar que clientes estão assustados e preferem não arriscar o orçamento familiar.

Na Ametur, o consultor Ricardo Arruda contou que a princípio os clientes ficaram com receio sim, no entanto, quem está decidido a viajar busca um destino e um período que cabem no bolso: “Tem aquela diminuída na programação, nos gastos com compra ou passeios, mas não deixa de viajar”.

Já na Confiança Turismo, a consultora Rose Barros explicou que a busca diminuiu muito. “Só está viajando para fora quem já comprou a passagem. Antes os Estados Unidos eram o melhor destino, mas hoje não tem tanta diferença com a Europa, o preço é quase igual ao do euro”, disse.

Aos clientes, os consultores orientam que é importante levar uma quantia de dinheiro em espécie e outra no cartão, para evitar situações como roubo ou despesas extras que estavam fora do orçamento.

“Aqui na agência, para viagens internacionais, a gente calcula uma média de 150 dólares por dia, que dá cerca de 252,45 reais, para uma viagem de lazer de 15 dias”, explicou Rose, que alertou que o cartão de crédito brasileiro só deve ser usado em urgências por conta das taxas altíssimas.

EM TERRAS BRASILEIRAS

Destinos nacionais, especialmente no Nordeste do país, estão sendo os mais procurados por aqueles que desistiram de viajar para o exterior. Na agência Clube Turismo, a proprietária e Amanda Maciel contou que muita gente está desistindo do exterior e valorizando regiões do litoral brasileiro.

“Tenho atendido muita procura para fora, mas quando eles tomam conhecimento do valor, que dá acima de 1.200 dólares, há muita desistência. Ainda ontem, procurei para uma cliente um resort de luxo em Maragogi (AL) e outro em Punta Cana, na República Dominicana; os preços foram assustadores”.

Segundo ela, a viagem para o exterior estava custando o triplo da viagem nacional, contando a hospedagem, passagem e translado. “O pessoal fica assustado mesmo e acaba preferindo ficar aqui, não que seja uma valorização do turismo nacional, mas sim uma opção para quem quer viajar e pagar menos”, explicou.

Ela ainda ressaltou que as pessoas devem tomar cuidado quando buscam destinos fora do país, principalmente neste momento em que o dólar está disparado. “As agências, companhias aéreas fazem promoção, você pode encontrar uma passagem saindo de Cuiabá para Miami por um preço ótimo, mas lá é que o bicho pega. Os custos são altíssimos e muitas vezes o turista volta com o cartão no vermelho”, afirmou a empresária.

Confira detalhes da reportagem no jornal Circuito Mato Grosso

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