Viajar de carro pelo mundo é possível; conheça dicas de como começar

Pegar o carro e sair por aí. No Brasil ou em qualquer canto do mundo, fazer uma road trip é o sonho de muitos viajantes. A aventura pode durar um dia, em um bate-volta para a praia, ou até meses ou mesmo anos em uma volta ao mundo. Nas duas situações, a sensação de liberdade que o carro proporciona ao viajante é apontado como uma das principais vantagens.

O casal Sophia Reis, 27, e Arthur Chacon, 27, tinha apenas uma certeza em seu projeto Caudalosa América: iriam sair no último dia 1º de dezembro, houvesse o que houvesse –do Brasil rumo ao Alasca, de carro.

Caudalosa América/Divulgação

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O casal Sophia Reis e Arthur Chacon do projeto Caudalosa América

O dia limite foi se aproximando e Arthur e Sophia começaram a perceber que algo estava errado. Arthur é músico e estava terminando de gravar um disco. Sophia estava mergulhada nos planos da viagem. Eles passavam noites sem dormir, com a família olhando para a cara deles com um ar de “vocês estão péssimos”. E decidiram adiar a partida em três meses.

“A gente se questionava: por que estamos fazendo isso? Não estávamos aproveitando nossas famílias e nossos amigos direito, sequer conseguindo planejar a viagem como deveria ser. Foi uma decisão difícil, mas adiamos”, diz Sophia.

 

O planejamento para uma aventura desse porte requer paciência. É isso que os irmãos Fred Mesquita, 30, e José Eduardo, 32, fizeram. Eles criaram o Projeto Me Leva Junto, no qual irão percorrer 180 mil km pelos próximos três anos, passando por mais de 50 países e realizando testes gratuitos contra a hepatite. Tudo de carro.

Fred Mesquita/Divulgação

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Os irmãos Fred e José Eduardo que irão percorrer 180 mil km pelos próximos três anos, passando por mais de 50 países

Largar tudo e passar três anos na estrada não é fácil e dá muito trabalho. É preciso traçar a rota, orçar o gasto total e encontrar um veículo adequado. Muitas vezes é necessário adaptar o carro. Os irmãos do Me Leva Junto, por exemplo, têm uma Defender e era preciso fazer mudanças na parte elétrica e mecânica.

Eles já estão há três meses na estrada, ainda em solo brasileiro, num período inicial de testes. “Sem os meses que passamos quebrando a cabeça, decidindo cada detalhe da viagem, dificilmente conseguiríamos êxito”, diz Fred.

“Mas mesmo com todo planejamento do mundo é impossível prever os típicos perrengues que surgem em todas as viagens. Ainda mais viajando de carro, que demanda manutenção e problemas que podem ocorrer nas estradas”, diz Caio Martins, co-fundador do Dubbi, site brasileiro em que o viajante se cadastra na plataforma e tira dúvidas de viagem com outros usuários. A dica é pesquisar antes e ouvir dicas de quem já fez o percurso. “Temos várias perguntas sobre viagens de carro. Em época de crise econômica, percebemos que é uma das opções procuradas pelos brasileiros”, diz.

No caso dos irmãos Fred e José Eduardo, o primeiro perrengue aconteceu próximo a Ubatuba (SP), quando pararam em um posto de gasolina e trancaram a chave dentro do carro. Foram salvos por um grupo de romeiros que ia a Aparecida do Norte a pé e que conseguiu “arrombar” a porta do veículo. “Se já começou assim nos primeiros 50 km, imagina como vai ser nos outros 180 mil km?”, pensou Fred.

Em viagens mais curtas, o planejamento e os problemas costumam ser menores.

O cineasta Thomas Canton, 25, foi com a namorada de São Paulo a Belo Horizonte, passando por diversas cidades do interior de Minas, como Bueno Brandão, São Tomé das Letras, Tiradentes, Ouro Preto, Inhotim. Mesmo assim enfrentaram desafios. De São Tome das Letras a Tiradentes, o Google Maps marcava que o trajeto duraria duas horas de carro. Porém, eles levaram mais de seis horas para atravessar a esburacada estrada, que quase estourou o pneu do carro alugado.

A grande lição, no entanto, veio na volta. Os dois pegaram o veículo emprestado de uma locadora pouco conhecida, que cobrava um preço mais baixo que todas as demais. Na volta, porém, quando a empresa foi fazer a vistoria no carro, ela foi excessivamente exigente, cobrando até consertos de funilaria. No fim, o valor total ficou quase mais caro que o de uma locadora tradicional. “Eles cobram pouco no aluguel, mas depois extorquem nos reparos. É bom ficar atento a isso também”, aconselha.

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