TURISMO: PETRÓPOLIS REÚNE HISTÓRIA, NATUREZA E …

A bem sinalizada BR-040 tem trechos sinuosos. E cobrança de pedágio (Foto: Divulgação)

Tem um pessoal por aí que sonha com a monarquia. Mas se for para ter um gostinho dos tempos de Dom Pedro e cia, não é preciso mudar o regime político do país. A uma hora de carro do Rio de Janeiro, a Região Serrana fluminense preserva parte da aura imperial do Brasil e garante passeios onde história, natureza e gastronomia se encontram.

O destino é Petrópolis, a Cidade Imperial para onde a realeza brasileira fugia no verão. Para voltar no tempo, é preciso partir da Rodovia Washington Luís, a BR-040, rodovia com pedágio, muito bem sinalizada e asfaltada. A parte mais divertida se concentra nos 22 km de curvinhas que cortam a serra. O trecho data de 1928, com piso de concreto e, apesar de não ter acostamento, é uma delícia para quem gosta de dirigir e contemplar visuais estonteantes.

A poucos metros do pórtico de Petrópolis, a Casa do Alemão e o restaurante Pavelka disputam qual tem o melhor croquete de carne. Dica de gordo: vá nos dois e compare.
No Pavelka, divida com alguém o sanduíche de língua defumada ou linguiça, com mate gelado. Peça uma bola de rum de sobremesa para a viagem e confira a delicatessen anexa. A dica para dividir a refeição é porque basta caminhar 30 segundos até o Alemão e pedir um sanduíche de lagarto ou salsicha Viena com adicional de queijo gouda. O mil folhas de sobremesa também é obrigatório.

Curvas e belas paisagens: os 22 km entre o Rio e Petrópolis são sinuosos por conta do trecho de serra (Foto: Autoesporte)

Simpáticas casinhas na via principal da cidade já garantem o ambiente nostálgico. Antes do Centro, uma “adaptação” na volta ao passado pelo Quitandinha. Erguido em 1944, o clássico hotel-cassino com arquitetura única hoje é administrado pelo Sesc, tem pista de boliche e programações culturais.

Estacione o carro perto do Museu Imperial e bata perna na construção que levou 17 anos para ser erguida (1845-1862). É obrigatório calçar as simpáticas pantufas para preservar o impecável piso do Palácio, deslizar pelos cômodos e conhecer as vestimentas e objetos que faziam parte do cotidiano da família imperial – inclusive a coroa de Dom Pedro II. Os jardins do Palácio também merecem um passeio e costumam abrigar sarais com espetáculos de luzes à noite. Na rua, uma fila de carruagens são uma tentação.

O trote dos cavalos nas ruas de paralelepípedos é breve até a próxima parada: a Catedral São Pedro de Alcântara, perto do Museu Imperial. Em estilo neogótico francês, a igreja é uma obra de arte por dentro e por fora. Começou a ser construída a pedido de Dom Pedro II e da Princesa Isabel em 1884, só ficou pronta em 1925. Bem menor, mais antiga e com menos ostentação, a Igreja Luterana deixa muita gente extasiada. Datada de 1862 e erguida com a ajuda dos colonos alemães.

Na mesma Avenida Ipiranga, principal da cidade, há a Casa da Ipiranga, de 1884. Seus jardins projetados pelo botânico do império, o francês Auguste Glaziou, são um patrimônio histórico. No interior, o requinte da época com móveis de jacarandá, quase 200 painéis pintados pelo austríaco Carl Schäffer e um suntuoso lustre francês de bronze banhado a ouro idêntico ao do Palácio de Versailles. A residência também é conhecida como Casa dos Sete Erros: tente descobrir as diferenças nos traçados de janelas e telhados da direita e da esquerda da fachada.

O Palácio Rio Negro, por exemplo, é contraponto à aura imperial que domina a cidade. Foi inaugurado em 1889 para servir ao barão do Rio Negro, ricaço do café na época, hoje vinculado ao Museu da República. Destaque para o piso de madeira com ilustrações das plantações de café.

O Palácio Imperial levou 17 anos para ser construído, entre 1845 e 1862 (Foto: Divulgação)

A Casa de Santos Dumont é diversão na certa. Com três andares, não poderia ter apelido mais propício: “Encantada”. Residência de verão do inventor, não tem divisórias entre os cômodos e a forma de raquete dos degraus da escada da entrada principal obriga a entrar na casa com o pé direito. E se você acha o máximo seu carro flex hoje, saiba que Santos Dumont foi o primeiro sujeito a ter chuveiro com água quente no Brasil no século retrasado graças ao combustível vegetal. Na casa é possível conhecer a banheira com o sistema de aquecimento a álcool.

Entre uma visita e outra, é obrigatório apreciar as guloseimas da serra. Se você quer ficar ainda em uma construção clássica e imitar o requinte da nobreza, uma opção é o Imperatriz Leopoldina, restaurante que funciona dentro do Hotel Solar do Império, entre dois casarões datados de 1875 e 1893 – e com um belíssimo jardim do lado de fora.
Se quiser fartura, o Tradição Mineira é uma pedida para quem gosta do tempero das Gerais. Já o Parrô do Valentim oferece uma boa culinária portuguesa. Mas como estamos em uma colônia alemã, que tal um joelho de porco com uma cerveja no tímido, mas aconchegante Quarteirão do Sabor?

Petrópolis tem uma infinidade de bistrôs e cafés, e as confeitarias da cidade são inimigas de qualquer dieta. As tortas da Willemsem, aberta em 1898, por exemplo, seriam capazes de unir republicanos e monarquistas na época. Confira as indicações no quadro.
E basta seguir um pouco mais a BR-040 para encontrar em Itaipava um bacana centro gastronômico. Só na principal via, a estrada União-Indústria, há restaurantes e bares para todos os tipos e gostos na cidade que tenta ser a Campos do Jordão fluminense.
Os arredores de Petrópolis trazem boas opções de passeio. Pegue o carro e explore, além de Itaipava, distritos simpáticos como Pedro do Rio, Corrêas, Nogueira e Araras, com muitas vistas de tirar o fôlego, cheiro de mato e rios e quedas d’água perdidos pelo caminho.

O retorno à Cidade Imperial é obrigatório, pois é preciso conhecer o Palácio de Cristal. Encomendado pelo Conde D’Eu, marido da Princesa Isabel, e inspirado no Cristal Palace de Londres, a estrutura de ferro foi montada em 1884 para abrigar feiras de hortifrutigranjeiros e exposição de pássaros. O local costuma receber eventos noturnos, onde a iluminação dá um toque especial à construção.

A Bauernfest, a Festa do Colono Alemão da cidade, inclusive, costuma acontecer na praça que abriga o Palácio de Cristal. E perto dali fica a Cervejaria Bohemia, aberta à visitação e – o melhor – à degustação. Para esticar a noite, a saideira pode ser no Bar Galpão, uma antiga oficina de carros onde se pode bater um papo e comer petiscos em meio a pneus e ferramentas penduradas na parede.

Serviço

Visitas

Sesc Quitandinha – Avenida Joaquim Rolla, 2 – Tel. (24) 2245.2020

Museu Imperial – Rua da Imperatriz, 220 – Tel. (24) 2233.0300

Catedral de São Pedro de Alcântara – Rua São Pedro de Alcântara, 60 – Tel. (24) 2242.4300

Casa da Ipiranga – Avenida Ipiranga, 716 – Tel. (24) 2231.8718

Palácio Rio Negro – Avenida Koeller, 255 – Tel. (24) 2246.2423

Casa de Visconde de Mauá – Praça da Confluência, 3 – Tel. (24) 2246.8677

Casa de Claudio de Souza – Praça da Liberdade, 247 – (24) 2231.4722

Casa Stefan Zweig – Rua Gonçalves Dias, 34 – Tel. (24) 2245.4316

Museu Casa de Santos Dumont – Rua do Encanto, 22 – Tel. (24) 2247.5222

Palácio de Cristal – Rua Alfredo Pachá, s/n – Tel. (24) 2247.3721

Cervejaria Bohemia – Rua Alfredo Pachá, 166 – Tel. (24) 3064-9127

Hotéis

Grande Hotel Petrópolis – Rua do Imperador, 545 – Tel. (21) 4042.1535 

Hotel Solar do Império – Avenida Koeler, 376 – Tel. (24) 2103.3000

Pousada Monte Imperial – Rua José de Alencar, 27 – Tel. (24) 2237.1664

Hotel Casablanca Imperial – Rua da Imperatriz, 286 – Tel. (24) 2242.6662

Restaurantes

Pavelka – Rodovia Washington Luís, 1037 – Tel. (24) 2245.5959

Casa do Alemão – Avenida Ayrton Senna, 927 – Tel. (24) 2291.4291

Imperatriz Leopoldina – Avenida Koeler, 376 – Tel. (24) 2103.3000

Tradição Mineira – Rua do Imperador, 148 – Tel. (24) 2242.5592

Parrô do Valentim – Estrada União e Indústria, 10.289 – Itaipava – Tel. (24) 2222.1281

Quarteirão do Sabor – Rua Ingelhein, 486 – Tel. (24) 2246.5430

Casablanca Bistrô – Rua da Imperatriz, 286 – Tel. (24) 2242.6662

Café du Monde Bistrô – Rua Visconde do Uruguai, 53 – Tel. (24) 2244.7464

Willemsem – Rua Visconde do Uruguai, 71 – Tel. (24) 2243.9439

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