“Turismo de rua” impera na cidade, diz vereador | A TRIBUNA – O … – A Tribuna

Jailton entre moradores de ruas - 10-07-15

O vereador Jailton do Pesque Pague (PDT), que passou a noite de anteontem e o dia de ontem morando nas ruas de Rondonópolis para, segundo ele, conhecer a fundo a realidade dos moradores de rua, afirmou ontem que voltou da experiência com uma visão completamente diferente daquela que é conhecida hoje pelo poder público sobre as pessoas que vivem nesta condição.
“Durante este período, tive o contato e conversei com mais de 100 moradores de rua e percebi que, no que diz respeito ao assistencialismo, estão bem servidos, a ponto disso ser hoje um atrativo da cidade para este tipo de público, pois pelo que pude perceber em Rondonópolis, o que está imperando é um ‘turismo de rua’, onde pessoas estão na qualidade de vivente de rua por opção. Elas vão e voltam para outras cidades porque aqui ganham passagens, têm entidades que dão alimentação e albergue noturno. Quando não acham locais para dormir, essas pessoas relatam que a cidade possui muitas casas abandonadas que dá para morar mais de dois meses. Acredito que a forma de assistencialismo que a cidade hoje oferece deve mudar e estabelecer limites”, disse o vereador.

Jailton  perambulando pelas ruas da cidade como um dos seus moradores

Jailton perambulando pelas ruas da cidade como um dos seus moradores

Vereador ficou irreconhecível como morador de rua

Vereador ficou irreconhecível como morador de rua

De acordo com Jailton, ele vai sugerir ao poder público mudanças na política de assistencialismo. A primeira delas é colocar limite nas doações de passagens a cada pessoa no Centro Pop. “Acredito que é preciso fazer um cadastro destas pessoas e limitar o tempo que elas poderão ser beneficiadas com passagens. Durante o tempo que estive como morador de rua, ouvi deles que a cidade é um município onde se pode ir e voltar a qualquer instante, pois sempre ganham passagens. Além disso, muitos declararam que a cidade é acolhedora tanto na Casa do Bom Samaritano para fazer as refeições, como no Albergue São José Operário para pernoitar. Conclui que, hoje, quem mora nas ruas é por uma escolha própria, com exceção de um entre os cem que falei, que realmente estava em condição de mendigo”, relatou o vereador.
Na avaliação de Jailton, a qualidade de vida do morador de rua em Rondonópolis aumentou, porém a situação mais preocupante é com as pessoas com dependência química ou do álcool. “Estas pessoas precisam de uma atenção mais especial com auxílio do poder público e casa de recuperação”, avaliou.
PERAMBULANDO
O vereador Jailton disse que começou a sua jornada como morador de rua anteontem, por volta das 23 horas, na região do Ginásio de Esportes Marechal Rondon. Pernoitou em um banco na Praça Brasil. Durante o dia, tomou café da manhã na Casa do Bom Samaritano e depois voltou ao local para almoçar. Também fez uma visita ao Centro Pop onde não foi reconhecido, mas depois se revelou. No órgão publico, chegou a pedir uma passagem para o estado da Bahia e foi informado que era necessária uma triagem. Jailton esteve com moradores de rua na Praça da Saudade e Praça dos Carreiros, locais públicos onde percebeu o maior índice de dependentes químicos fazendo uso de entorpecente.
Durante a sua experiência, ele narra que teve vários momentos de emoção, um deles logo quando chegou às vias públicas como morador de rua e foi acolhido por um deles dizendo: ‘Olha temos morador novo aqui’. “Mas, o que mais me emocionou foi o que ocorreu na Praça Brasil. Era por volta das 4h30 de hoje [ontem], quando dois jovens aparentando terem usado entorpecente, com olhos bem vermelhos, pararam e falaram, ‘olha o velhinho, será que está vivo ou morreu de frio’. Quando perceberam que eu estava vivo, um deles tirou a camisa e deu para eu me cobrir e foi embora sem camisa. Foi um ato de solidariedade. Também percebi um bom acolhimento dos moradores de rua em todos os locais que percorri”, conta o vereador.

Pin It

Comments are closed.