A Polícia Civil está investigando uma agência de turismo suspeita de aplicar golpe em haitianos que moram em Cascavel, no oeste do Paraná. A investigação começou após três haitianos registrarem Boletim de Ocorrência (BO) contra a agência.

Jean Michelin Morilus comprou passagens aéreas para que a esposa e as quatro filhas viajassem do Haiti para o Brasil no dia 3 de julho. “Falei para a minha esposa retirar a passagem lá no Haiti. Quando ela chegou lá, não conseguiu. Dizia que não estava pago”, conta Morilus.

Ele não vê a família há dois anos e pagou pelas passagens R$ 11,5 mil. Ao procurar a agência de turismo, o dono disse para Morilus que teve um problema no sistema. “Quando eu falava com ele por telefone, ele dizia: ‘Amanhã vai resolver esse problema’. Todo dia era amanhã, amanhã”.

Outro haitiano, que não quer se identificar, também comprou passagem pela mesma agência e ficou sem os bilhetes. “Se ele vai me dar a passagem, não tem problema. Se ele não conseguir me dar a passagem, me dá o dinheiro de volta. Só isso”, diz. Segundo ele, outros amigos, todos haitianos, tiveram o mesmo problema.

A agência de turismo onde os estrangeiros compraram as passagens está fechada. Os vizinhos dizem que há uma semana a empresa não abre. “Ela [a empresa] se encontra com as portas fechadas e não atendem o telefone. Isso é um indicativo de que tem alguma coisa errada e é isso que nós estavamos investigando”, afirma o delegado Adriana Chohfi.

Agora a polícia busca outras vítimas do golpe. “Nós já temos conhecimento de um brasileiro que também comprou passagens, mas essas passagem não foram adquiridas pela empresa, além de outros que vão aparecendo no decorrer do inquérito”, assegura o delegado.

A empresa não tem cadastro no Ministério do Turismo para funcionar como uma agência de viagens. O dono da empresa foi procurado pela reportagem, mas ele não atendeu as ligações.