Para a Vivo, cobrar por minutos é coisa do passado

Amos Genish

Além de ser um espaço para a mostra de novidades e inovações no segmento de telecom, a Futurecom também é palco no qual operadoras e provedores de conectividade discutem suas dificuldades no cenário atual. Para as telcos, uma mudança é necessária para logo. Para Amos Genish, que está de saída da presidência da Telefônica Vivo no Brasil, o dilema é simples: para ele, é “mudar ou morrer”.

Um exemplo simples para essa mudança tem a ver com o atual modelo de cobrança das operadoras. O uso de dados está em ascensão acentuada enquanto o uso de voz e minutos está cada vez menor. De acordo com Genish, uma mudança para acompanhar esta tendência será imperativa.

“Em 5 anos, as operadoras terão dificuldades para cobrar por minutos e terão que encontrar outras formas. Cobrança por minutos é algo ultrapassado”, disparou Genish.

“Para voltarmos a crescer o share, precisamos mudar nosso modelo de negócios. É uma mudança radical de pensamento”, afirmou Genish, que deixará a cadeira de presidente da operadora em janeiro para Eduardo Navarro.

O israelense Genish assumiu a liderança da companhia em março de 2015 e foi encarregado de executar o processo de integração da Telefônica com a GVT, adquirida pela empresa. Segundo o executivo, este foi um dos principais passos da companhia em diversificar seus negócios.

“A empresa está focada em inovação e novas fontes de receita, entregando valor acima dos dados”, explicou Genish, citando ofertas como triple play (voz, celular, banda larga) e quadruple play (que inclui também TV por assinatura).

Para reforçar esta mudança de posicionamento, a empresa deverá desligar parte de sua infraestrutura de legado. Essa redução nos investimentos poderá afetar até o 3G, serviço que representa a maior parte da base atual de clientes da operadora. Segundo Genish, essa mudança é consciente, já que será preciso basear seus serviços de próxima geração em estruturas com maior capacidade de transmissão, como 4G, 5G e fibra.

Além disso, com uma estrutura mais robusta a empresa pretende acelerar com produtos próprios em cima de sua capacidade de dados. Um lançamento realizado na Futurecom foi o do Studio+, plataforma de streaming de vídeos curtos produzida em parceria com a francesa Vivendi e sua maneira de competir – à sua maneira, claro – com poderosas OTTs como o Netflix.

Outro investimento recente da Vivo para buscar novas formas de rentabilidade foi o Vivo Ads. Lançada em maio, a plataforma de publicidade móvel possibilitará à operadora oferecer alternativas inovadoras e mais alinhadas às atuais demandas do mercado de publicidade online. A Vivo Ads ampliará os formatos de mídia já disponíveis, como SMS e MMS, oferecendo campanhas de vídeos, geração de leads e instalação de aplicativos.

Em coletiva durante a Futurecom, Genish também aproveitou para falar sobre a questão da franquia de dados para banda larga fixa, que gerou uma grande polêmica no meio deste ano. Para o presidente da Vivo, esta discussão está atualmente em um impasse, devido à atenção do consumidor e suas manifestações em relação ao assunto. 

“As operadoras tiveram que parar e observar seus clientes antes de tomar qualquer decisão. Questões como essa agora não deverão mais ser decisões unilaterais das operadoras e sim serão conversas feitas entre telcos e consumidores. Terá que ser um consenso”, afirmou Genish.

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