Enoteca Cartuxa, a biblioteca dos sabores alentejanos

A minha alma rejubila sempre que se avizinha uma visita à terra, essa imagem difusa do espaço visto que o Alentejo é uma terra tão vasta que vai da serra ao mar rasgando o país a partir da fronteira espanhola até à linha de costa mais ocidental da Europa.

O Alentejo que já foi considerado a melhor região de enoturismo do mundo, a região que o The Guardian chamou de nova Toscana é um território por descobrir. Por mais que se fale do Alentejo, que surjam as fotografias bonitas nas revistas e elogios à região, há uma aura que não de pode explicar. Só se sente. Como explicar a forma como a briza quente dos dias de verão nos toca na pele, criando essa sensação de que o tempo é tangível e que o podemos sentir a passar? Ou como se explica ao que cheira uma rua debaixo de 35º a meio do dia em que o calor parece nascer do chão? E como se demonstra as diferenças abismais entre os verdes fortes do inverno e os castanhos ondulantes do verão?

Ninguém nos consegue explicar o vento suão a vir do Norte de África e a enlouquecer os que não conseguem dormir apesar das janelas abertas pelas madrugadas a fora. Como explicar a forma intricada como todos estes fatores se misturam, se juntaram a uma cozinha de pendor mediterrânico e forjaram ao longo dos séculos formas únicas de cozinhar? E o vinho, essa redescoberta das últimas décadas que muita tinta tem feito rolar.

As terras são feitas destas peculiaridades, mas também por aqueles que as habitam, que nelas trabalham e as fazem avançar. São eles que nos podem ajudar a desenhar o mapa de ideias e formas de estar. E nada melhor que começar pelos sabores da terra. A Enoteca Cartuxa abre-nos o caminho por entre os vinhos da Fundação Eugénio de Almeida e a interpretação dos sabores alentejanos que o Chef Vítor Sobral fez para este canto acolhedor que se encontra na esquina da rua ali para os lados do Templo de Diana.

Este novo projeto que emana da Fundação Eugénio de Almeida, foi inaugurado no inicio deste mês. Situa-se no centro histórico de Évora, cidade monumental e património Mundial Unesco. Quem caminha pelas ruas estreitas do centro da cidade irá encontrá-lo entre o Templo Romano e a Sé Catedral.

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Neste espaço pensado para o convívio e para a descoberta, brilham os vinhos da Fundação Eugénio de Almeida harmonizados com petiscos e pratos alentejanos vistos com os olhos da cozinha contemporânea. Reflexo disso será o uso de menos açúcar nos doces ou na aposta em ervas aromáticas como tempero.

Como qualquer biblioteca, o que se pretende aqui e dar-nos acesso a conhecimento e por isso todos os vinhos estão disponíveis a copo o que nos permite navegar pelo portfólio da Fundação Eugénio de Almeida e harmonizar os pratos com maior liberdade.

O espaço vive espalhado por várias salas do edifício antigo. É uma casa de petiscos, mas também é uma loja, uma esplanada e uma cozinha aberta que nos permite ver a equipa de cozinha a trabalhar.

As cores garridas, a cortiça ou as caixas de vinho, completam uma decoração simples e agradável pensada para nos ajudar a relaxar. Uma casa alentejana à antiga, mas com laivos de modernidade porque a equipa que lá trabalha é jovem e calça All Star encarnados.

No espaço de loja há ainda a possibilidade de comprar queijos, mel, enchidos, ervas de cheiro, os vinhos produzidos na Adega Cartuxa e os azeites do Lagar Cartuxa entre outros produtos regionais.

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Tanta conversa para contar que um dia destes saí de Lisboa pela manhã em direção a Évora. O dia estava quente e assim que se passa a ponte Vasco da Gama as planícies começam a ondular à nossa frente, douradas e serenas, descansando ao sabor da estação. Visitei o espaço de Enoturismo da Cartuxa e ouvi os cânticos dos Monges a ecoar no silêncio da sala das barricas. Provei o Espumante Cartuxa Rosé 2013 Touriga Nacional no Welcome Drink e depois de aprender muito sobre o fantástico trabalho que esta fundação desenvolve na região, me sentei para almoçar na Enoteca Cartuxa. E á mesa brilharam os vinhos e o Chef Vitor Silva que marcou presença. E brilhou o convivo à volta da mesa. Se não é isso que procuramos num local como este, o que será?

 

 

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