Embraer acusa Bombardier de receber subsídios governamentais; fabricante nega

A fabricante de aviões brasileira Embraer pode questionar, na Organização Mundial do Comércio (OMC), o financiamento que a rival canadense Bombardier recebeu do governo daquele país. O ME já tinha tocado no assunto no fim da última semana, no qual o próprio CEO da área comercial da Embraer acusava o recebimento de US$ 2 bilhões em subsídios pela fabricante canadense. 

Em uma entrevista por telefone, ao jornal O Globo, Paulo Cesar Silva, chefe da unidade de aviação comercial da companhia brasileira, disse que o financiamento favorável do governo canadense dá uma vantagem desleal à rival em campanhas de vendas onde os aviões da série C da Bombardier disputam com os E-Jets da Embraer.

A “gota d’água” ocorreu após a Delta Air Lines ter fechado um acordo de US$ 56 bilhões para a compra de 75 aeronaves modelo CS100. “Qualquer tipo de subsídio traz uma distorção ao mercado”, disse Silva. “Neste caso, o que estamos vendo é o governo do Canadá injetando US$ 2 bilhões para ajudar no desenvolvimento das aeronaves da família CSeries. De acordo com a nossa experiência de mercado e negociações, está claro que o que foi oferecido só foi possível por conta de um grande suporte do governo”, completou.

A porta-voz da Bombardier, Marinella de la Barrera, se recusou a comentar as acusações do presidente da Embraer, mas afirmou que “está muito claro o motivo que fez a Delta Air Lines escolher nossa aeronave: um produto que tem uma tecnologia mais avançada. E a Delta foi bem clara ao expressar os motivos de ter escolhido as nossas aeronaves para a composição da frota”, completou.

De acordo com a agência de notícias Bloomberg, a Embraer vê indícios de dumping em venda da Bombardier para a Delta Airlines e também estuda se houve irregularidades na venda para a Air Canada. “Apoios como estes distorcem o mercado”, disse Souza e Silva à Bloomberg.