Bares tentam recuperar o prestígio do Maksoud Plaza, em São Paulo

O relgio apontava mais de 3h15 de uma madrugada de sexta para sbado.

No lobby, com jazz e rock clssico ainda a tocar, funcionrios do bar que fechava as portas brincavam, um carregando o outro nos ombros.

A cena era vista do ltimo andar, das sutes presidenciais, onde o silncio dos corredores vazios era quebrado por um batuque de msica eletrnica ao fundo –por entre as estruturas metlicas do teto via-se os reflexos dos holofotes de uma balada.

Mas, nos quartos, no havia barulho. A noite podia terminar com conforto.

No que o Maksoud Plaza tivesse motivos para eventualmente reclamar dos rudos da vida noturna intensa que se instalou por l neste ano.

A balada PanAm Club, aberta em janeiro, e o Frank Bar, de abril, ajudaram a reavivar um esprito que marcou o hotel, na regio da avenida Paulista, desde sua inaugurao, em dezembro de 1979.

Na dcada seguinte, a elite tinha na casa de jazz 150 Night Club, no restaurante La Cuisine du Soleil, no teatro, refgios para pr em prtica o clich ver e ser visto.

Em 1981, Frank Sinatra ali se apresentou pela ltima vez no Brasil. Na Folha da poca, Mino Carta escreveu, na cobertura das apresentaes, que encontrara “o hotel da minha glria”.

Mais tarde, estiveram entre as atraes locais ou na lista de hspedes Ray Conniff, Julio Iglesias, Catherine Deneuve, Guns N’Roses.

No por acaso o fato de a lista acima no trazer nomes mais contemporneos. Passada a dcada de 1980, o Maksoud entrou em uma espiral de crises nas finanas e brigas na famlia de proprietrios.

Lembrando 30 anos dos shows de Sinatra, em 2010, a mesma Folha tachou o hotel apenas de “decadente”.

PONTO DE ENCONTRO

Foi para entender se os bons tempos voltaram que a reportagem se hospedou no Maksoud no final de julho –e frequentou o PanAm, o Frank, os restaurantes.

Em um fim de semana, o hotel que primeira vista parece ter perfil mais executivo (so 38 salas de evento no subsolo), vivia dias de resort.

Na noite de sexta, uma famlia aproveitava a piscina, enquanto filas se formavam no bar, no trreo.

No sbado, casais perfumados desciam pelos elevadores. Um menino brincava com seu coelho de pelcia na mesa de caf do domingo. Ouvia-se idiomas e sotaques de vrias partes –italiano, chins, francs, mineiro, carioca…

verdade que “datado” pode ser adjetivo para os tapetes dos corredores (uma cor por andar, segundo o padro de sutes), mensageiros de quepe vermelho, o olho-d’gua com fontes e os preos da comida (R$ 47 o hambrguer).

Mas a decorao dos quartos no fica a dever em modernidade e conforto.

“O Maksoud nasceu para ser ponto de encontro e acabou ensimesmado, parou de olhar para So Paulo”, diz o empresrio da noite Facundo Guerra, parceiro do hotel, que criou o conceito do Frank e administra o PanAm.

” um local com memria afetiva, de arquitetura singular; estamos agora atualizando o software”, diz ele.

O hotel prev, para os prximos meses, reformatar o restaurante e inaugurar um cinema no subsolo e uma “planteria” com restaurante orgnico no estacionamento.

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