A insaciável busca por repertório…

Crescendo eu tive a oportunidade de viajar muito com minha família pelo Brasil. Aos 19 anos, com o intuito de aprender inglês, fui para a Austrália, mas ao invés de uma sala de aula, optei por colocar a mochila nas costas e passar quase seis meses explorando um pouco daquele lindo país e arredores – Indonésia e Nova Zelândia. Foi nesta viagem que percebi que o mundo passaria a ser minha casa, minha paixão.

Com 21, ainda tentando aprender inglês, decidi ir para os EUA e acabei indo para Santa Barbara, na Califórnia   Depois de uma semana de curso, mudei os planos e fui surfar na Costa Rica. Mais uma vez voltei para o Brasil sem o inglês, mas com uma prancha de surfe enorme e um poquito de conhecimento de espanhol.

Com 22 anos, surgiu outra chance de morar nos EUA. Eu não estava muito estimulada com o emprego que tinha aqui e decidi arriscar algo novo. Desta vez, em DC, realmente comecei a focar no curso de inglês e vi o quanto eu realmente precisaria dele… ainda mais depois de decidir que moraria por lá por alguns anos… Depois de uns seis meses, comecei meu MBA, e no meio do curso comecei a estagiar no escritório de turismo da Jordânia na América do Norte. Posso ver um monte de interrogações na cabeça de vocês. Como assim, uma brasileira, perdida em DC, promovendo a Jordânia na América do Norte??? Pois é, nem eu entendia muito bem este cenário ainda mais pois comecei com eles logo depois de 11 de Setembro… pensem em um desafio. A verdade é que eu não sabia nada sobre a Jordânia, além do fato de o pais ser localizado no Oriente Médio. Mas isso não me desmotivou… pelo contrário, a curiosidade tomou conta de mim e foquei total no desafio de mostrar para todos os norte-americanos que eles tinham uma percepção muito errada deste lindo pais – um dos mais incríveis do mundo na minha opinião.

Bom, para encurtar minha longa e riquíssima história com a Jordânia, fiquei com eles por quase oito anos e durante este período viajei demais pelos Estados Unidos, Canadá, Jordânia e mundo inteiro… Teve anos que passei menos de 50 dias em meu apartamento. Foi uma opção que escolhi e a cada viagem, profissional e pessoal, eu via o tanto que aqueles momentos agregavam a minha vida e me faziam uma pessoa melhor e mais completa.

Em 2009, acho que na minha crise dos 30, decidi que era um bom momento para largar tudo que eu amava e estava tendo o maior sucesso fazendo para passar um tempo comigo, aprender sobre o desconhecido e vencer alguns medos. Em pleno inicio da crise mundial, larguei um incrível trabalho e estabilidade financeira para ir me aventurar pela África. Ninguém, mas ninguém mesmo, entendia o que eu estava fazendo e por quê eu estava tomando aquela decisão.

Enfim, entre fevereiro a setembro de 2009, passei por 13 países, começando pelo Oriente Médio, incluindo uma passagem pelo Egito e uma viagem fascinante pelo Iraque e depois África. Fiz voluntariado em Uganda por 2 meses, em um lugar surreal, uma vila de 400 pessoas onde 90% delas tinham AIDS. Eu queria saber mais sobre esta doença e o impacto que ela fazia em uma sociedade. Foi chocante e muito dolorido o meu tempo lá. Consegui fazer muitas coisas, construir parte da escola, trazer comida para as crianças e até consertar o sistema para trazer água potável para a vila. Além destes projetos que eu “financiava”, também dava aula de inglês e geografia na escola para as crianças, que quase 100% delas eram orfãs de pai e mãe. Desta parte da viagem, a maior lição que tive foi de ver a importância de ver o “big picture” e não só o que diz respeito a nós mesmo.

Depois desta experiência, fui me aventurar pela África na boleia de um caminhão/ônibus. Passei por Uganda, Ruanda, Quênia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia, África do Sul e Moçambique, sempre explorando muito a parte cultural e natural de cada um destes países. Explorei muito aqueles parques e aprendi muito da cultura local quebrando também alguns tabus.

Com certeza, todo estes momentos e repertório de viagens são fundamentais no meu dia a dia (pessoal e profissional), definem a qualidade e o sucesso em tudo que faço.

Depois da África,  decidi voltar para o Brasil para ficar mais perto da família e abrir a GVA. Hoje somos um time com 10 pessoas apaixonadas pelo que fazemos e orgulhosas do que construimos a cada dia.

Sei que não e tão fácil as pessoas terem um repertório tão grande de viagens (por falta de tempo, dinheiro ou oportunidades). Porém, isso não pode ser desculpa para não fazermos e oferecermos o MELHOR para cada cliente, que no caso da maioria de vocês são os viajantes.

Usem e abusem das amplas plataformas de conteúdo de viagem e turismo disponíveis hoje em dia, incluindo websites, apps, blogs, canais de mídias sociais, newsletters, ferramenta de “ensino a distância”, revistas e outras mídias tradicionais; brochuras; treinamentos  presenciais, e eventos do segmento.

Aqui vão algumas sugestões mais específicas:

1.    Contatem os escritórios de turismo: muitos países tem representação no Brasil e são aptos a ajudar com o que precisarem;
2.    Baixem aplicativos: APPs de guias de viagens ou de conteúdo segmentados (por interesse, faixa etária, etc). Já tivemos casos de famílias indo para os nossos destinos depois que o filho de nove anos aprendeu sobre o mesmo no Barefoot atlas;
3.    Inspirem-se com filmes e apresentações;
4.    Sigam os blogueiros de viagens: hoje temos de todos os tipos e para todos os gostos e são disponíveis em tempo real (gosto muito do da Kariana Oliani e Juju na Trip).

Muita informação está disponível hoje em dia em TODOS os meios de comunicação. O nosso mundo está muito exposto e de portas abertas para que todos o explorem. Isso é uma super oportunidade para nós, profissionais do turismo, que podemos utilizar toda esta informação para sensibilizar os clientes.  Então aproveitem!

E você? Tem alguma plataforma de preferência? Algum APP que te ajuda muito?

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