Setor do turismo reclama da falta de projetos e investimentos na área

 

Anderson Oliveira
anderson.oliveira@ jcruzeiro.com.br

 

Sem projetos e investimentos no turismo, Sorocaba tem perdido turistas e a geração de recursos possibilitada por esse setor. Essa avaliação é feita pelo Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Sorocaba (Sinhores) e a organização social Convention Bureau, que apontam a falta de uma política do poder público local para o potencial que Sorocaba tem de explorar o turismo e gerar riqueza. O problema atinge até mesmo os pontos voltados aos visitantes de outras cidades, como a Casa do Turista, que permanece fechada aos finais de semana e feriados.

 

O foco de investimentos no setor industrial, ao longo dos últimos anos, foi o que levou Sorocaba a perder a chance de competir pela atração dos turistas, avalia Antonio Francisco Gonçalves, o Botafogo, presidente do Sinhores. Para ele, a cidade está atrasada no que diz respeito ao investimento no turismo, que é uma grande fonte de riqueza. “O turismo é industria e sem chaminé”, compara Botafogo.

 

O presidente do Sinhores acredita que apenas o planejamento e a criação de projetos pelo poder público já resultaria em retorno financeiro para a cidade. Segundo Botafogo, dependendo do planejamento executado, haveria grande retorno em dividendos para o município, inclusive com a geração de empregos. “Sorocaba tem que explorar esse lado, mas ninguém aproveita esse potencial da cidade”, ressalta.

 

A crítica à falta de interesse do poder público local pelo turismo também é feita por Gláucia Freitas, presidente da organização social Convention Bureau de Sorocaba, que tem feito projetos e estudos a respeito do desenvolvimento desse setor no município. De acordo com ela, Sorocaba possui várias vertentes turísticas, mas o foco do poder público sempre está direcionado à indústria. Ou seja, não há investimento, planejamento, como a criação de roteiros focando a vinda de pessoas. “Só pensam em gerar indústria, mas o turismo é a maior fonte de renda do Brasil”, cita Gláucia, que lembra que alguns países, quando em crise, focam no turismo para se recuperar.

 

 

Turismo a explorar

 

 

A religiosidade, a ecologia, a indústria, as escolas técnicas e faculdades e a história, como a do tropeirismo, são alguns dos principais temas a serem explorados turísticamente em Sorocaba, observa a presidente da Convention Bureau. “A gente entende como turismo várias vertentes e o fato o turista se hospedar, se alimentar, usar o transporte, levar lembrancinha para mulher e filho, ele está consumindo aqui”, comenta.

 

De acordo com Gláucia Freitas, um estudo feito pela Convention Bureau junto com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), campus Sorocaba, apontou que o maior fluxo de turistas na cidade se deve à saúde. O segundo principal é o estudantil e, apenas depois, aparece o empresarial. Desse modo, seria possível à cidade explorar o potencial desses dois primeiros temas. Sabendo que a saúde traz muitos turistas para Sorocaba, a criação de um centro de convenções que abrigasse congressos de medicina, geraria grande riqueza para a cidade, ressalta Gláucia. “Teria o crescimento da rede hotelaria, mais restaurantes, com mais fluxo de gente, o transporte melhora. É toda uma realimentação de cadeia.”

 

Falta, no entanto, que o poder público faça planejamento, afirma a presidente da Convention. O primeiro passo, ela diz, é estruturar o Conselho Municipal de Turismo (Comtur), que não está em funcionamento. “Sem isso estruturado, desenvolvido, não se pode fazer nenhum projeto na Secretaria de Turismo do Estado e nem na federação”, conclui.

 

 

Percebido agora

 

 

O planejamento para a exploração do turismo por Sorocaba deve começar a partir de agora, atesta o secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de Sorocaba, Geraldo Almeida. Segundo ele, esse setor sempre foi deixado de lado, mas agora foi percebido como um grande empregador. “O que vamos fazer agora é um estudo para levantar os potenciais turísticos de Sorocaba e começar as linhas de atração, principalmente para o turismo no fim de semana”, afirma. De acordo com o secretário, não é viável manter pontos de atendimento ao turista, como a Casa do Turista, abertos no fim de semana, devido ao baixo fluxo de visitantes.

 

Além da contratação de uma empresa, via licitação, para fazer o estudo sobre o turismo, o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) deve voltar a funcionar dentro de 60 dias, calcula Almeida. “O não funcionamento dele se deve a mudanças: ele passou de consultivo para deliberativo e por isso teve de ir à Câmara (Municipal) para votação.” Junto ao conselho, foi criado um fundo de turismo.

 

A ideia do secretário é que, a partir do funcionamento do Comtur, sejam feitos os planejamentos em curto, médio e longo prazo. No curto prazo, está prevista a criação de dois roteiros turísticos com foco no turista de fim de semana. Ele cita o turismo industrial, começando com o surgimento da industrialização em Sorocaba e terminando no Parque Tecnológico, como uma das possibilidades.

 

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