Quinta do Gradil investe 900 mil euros para reforçar aposta no enoturismo

Já lá vão mais de 500 anos desde a sua construção – não se sabe, ao certo. No sopé da serra de Montejunto, no concelho do Cadaval, chegou a ser ponto de encontro e esconderijo de Marquês de Pombal e as suas namoradas. Hoje, a Quinta do Gradil é considerada uma das mais antigas, herdades vitivinícolas da região do Oeste.

Esta versão da história pela qual nos deixamos embalar é contada por Luís Vieira, atual proprietário da Quinta do Gradil e administrador do grupo Parras Vinhos, que cruza aquilo que foi ouvindo.

“O vinho está na minha família desde 1945”, recorda orgulhosamente, referindo-se ao avô, António Gomes Vieira, o precursor do legado do vinho na família. Foi ele que montou um negócio de venda de vinho a granel. Faria cem anos em 2019.

Em 1999, Luís Vieira teve uma epifania. Neto de empresários do vinho e economista de formação, comprou aqueles 200 hectares de terra fértil, mas maltratada, aos sucessores dos marqueses, a família Sampaio de Oliveiradona da marca de salsichas Isidoro. No ano seguinte, replantou toda a área de vinha, que era, maioritariamente, constituída por uvas brancas.

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Atualmente, com os seus 120 hectares de vinhedo, o Gradil atinge uma produção de 1,2 milhões de toneladas de uvas e foi construindo pouco a pouco uma grande reputação no setor.

As novidades

Passados vinte anos, a empresa quer abrir portas a um segmento premium, um objetivo a desenvolver em duas fases. A primeira, avaliada em 900 mil euros, financiados pela Caixa Económica Montepio Geral em conjunto com o Turismo de Portugal, será a recuperação do palacete e da capela, em fase muito avançada de degradação, para, assim, ampliar a área de eventos para 200 pessoas.

“Ver isto a ser recuperado parece um sonho. O palácio faz-nos muita falta para eventos com mais dimensão e queremos começar a testá-los no próximo ano”, testemunha. E desvenda um pouco mais o pano: por fora, a propriedade mantém o seu tom amarelo, mas, por dentro, haverá ainda uma cave de barricas, uma enoteca com vinhos em envelhecimento e um foyer para eventos mais intimistas. A adega, onde as uvas são vinificadas, também ir ganhar outro charme.

O responsável pela vertente enoturística da Quinta do Gradil, Bruno Gomes, vai ainda mais longe: “Acreditamos que a quinta vai tornar-se o ex-líbris da região”. Refeições, degustações, colheita de bagos, passeios, atividades corporate e visitas de grupos são algumas das experiências à disposição.

O projeto de enoturismo da empresa começou a tomar forma em 2014, com a abertura do restaurante, num espaço que em tempos serviu como celeiro da quinta para armazenamento de cereais. Ao comando do chef Daniel Sequeira, tem capacidade para 30 lugares nos dias habituais e 60 para grupos.

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Ano de perdas

O ano prometia uma boa produção, no entanto, depois de um verão chuvoso, Luís Vieira mostra-se preocupado com uma quebra de produção de vinho que pode variar entre 10% a 15%, para 800 quilos. “Tivemos um ano atípico. A vindima atrasou três semanas. Em setembro, as uvas ainda estavam verdes. Num ano normal, produziríamos um milhão de quilos”, diz.

Hoje, a quinta exporta para quatro continentes. As vendas para o Reino Unido e China consomem cerca de 60% da produção, seguidos do Brasil e Estados Unidos da América.

Em 2018, a faturação do grupo deverá chegar aos 42 milhões de euros. O grupo Parras inclui o negócio dos vinhos da Quinta do Gradil, o engarrafamento e venda de vinhos a granel.


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