Que vinho harmoniza com turismo?

Por Ricardo Hida

Enoturismo é assunto recente, não só no Brasil, mas na maior parte dos países que hoje exploram a atividade. Embora o vinho seja tão velho quanto o conceito de hospedagem, mais recentemente é que se percebeu que ele poderia ser um grande atrativo de turistas.

Além de ser uma importante ferramenta de promoção, receber turistas é uma forma a mais de ganhar dinheiro e alavancar a economia local. Nem todos os apreciadores de vinho fazem uma viagem apenas pela bebida, mas quando encontram atividades ou roteiros bem estruturados e promovidos sobre o universo etílico incluem-nos em suas viagens.

A França é a maior referência no setor e inspiração para outros países mais jovens como Chile, Argentina, Estados Unidos e África do Sul. Em algumas regiões francesas, o vinho se tornou a principal motivação para o turismo. É o caso de Champagne Ardenne, Aquitânia e Borgonha. Na Champagne fica a Catedral de Reims, onde foram coroados todos os reis franceses. Na Aquitânia se encontram sítios arqueológicos precisíssimos e balneários sofisticados. E a Borgonha possui também importante patrimônio medieval. Mas pergunte a qualquer brasileiro que tenha ido para esses lugares qual foi o elemento que chamou mais atenção. O vinho surge sempre em primeiro lugar, pois rotas temáticas são como parques de diversão para os adultos.

O Brasil pode e deve avançar nos próximos anos quando se fala em Enoturismo. Primeiramente porque não só o consumo, mas a cultura de vinho vem se estruturando solidamente nos últimos 20 anos. Rótulos brasileiros vêm ganhando espaço no País e no exterior. O Concurso Mundial de Bruxelas, o mais importante quando se fala de vinhos já tem, há 15 anos, um capítulo dedicado ao Brasil.

Quando se pensa em enoturismo no Brasil logo nos lembramos do Vale dos Vinhedos (RS) que engloba Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, com mais de 30 vinícolas acolhendo turistas. Mas Santa Catarina vem ganhando destaque, principalmente em São Joaquim. Não se pode desconsiderar o potencial gigantesco de São Paulo (São Roque), Bahia e Pernambuco (Vale do São Francisco), Minas Gerais (Andrada e Caldas), norte do Paraná e até Espírito Santo (Pedra Azul e Santa Teresa).

Quais os principais desafios? Primeiramente, o reconhecimento de sua importância. Em segundo lugar a união das vinícolas com o poder público para unir forças na promoção dos destinos. A contratação de profissionais especializados para desenhar estratégias de promoção é também essencial. Há que se pensar também em ouvir mais o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), grande entusiasta do enoturismo .

Fundamental ainda se refletir sobre os gargalos – acessibilidade das regiões com estradas bem sinalizadas e seguras; manutenção da autenticidade, já que cópias de pontos turísticos só em Las Vegas e no Epcot Center; cuidado com a natureza; comunicação mais profissional, já que os materiais são de um mau gosto sem fim; revitalização das festas regionais e criação de eventos enogastronômicos.

Torna-se fundamental também investir nos restaurantes e hotéis para que possam estender a experiência do vinho em seus estabelecimentos. E  é preciso se lembrar do público que não bebe, mas acompanha. O que fazer com as crianças e adultos abstêmios? O universo do vinho se estende também aos sucos de uva, à tradição e história de cada cidade e a outros elementos gastronômicos que podem ser explorados como se faz em outros países.

Para isso o Brasilturis, juntamente com a Promonde e a Boarding Gate vão realizar no próximo mês de novembro um Fórum sobre Enogastronomia. Será uma oportunidade de pensar o setor, analisando perspectivas e debatendo caminhos. Vinho, assim como luxo e o turismo de lazer, não é nada supérfluo. Ou alguém vai dizer que é possível viver sem prazer?

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