Marcelo Gallo R., chefe de expedição do Via Australis, fala ao DIÁRIO

Nascido em Santiago do Chile e atualmente residindo em Punta Arenas, Marcelo Gallo R. é licenciado em Estudos Turísticos pela Universidade Internacioinal SEK, da capital chilena. No grupo Australis desde 2005, com um intervalo de dois anos entre 2009 e 2001, Gallo atualmente é o chefe de expedição do navio Via Australis. Em recente viagem à Patagônia Chilena, o jornalista Paulo Atzingen, editor do DIÁRIO, o entrevistou. Acompanhe:

DIÁRIO – Qual o preparo que um guia de expedição deve ter para exercer a sua atividade?

MARCELO GALLO – O ideal é já ter experiência prévia com cruzeiros de expedição. Muitos guias que temos não necessariamente estudaram para serem guias. Meu caso é esse também. Estudei turismo, mas não para ser guia de expedição. É uma questão mais de vocação do que de estudo universitário, técnico ou superior. O ideal é selecionar pessoas que tenham uma certa experiência guiando, mas o que mais importa é que fale algum idioma além do inglês e espanhol e que seja simpático e que tenha muita disposição e vontade.

DIÁRIO – Mas o conhecimento de vocês sobre flora, fauna, história e cultura é muito grande. Onde vocês estudam?

MARCELO GALLO – Há dois anos começou um programa de intercâmbio entre o CEQUA, Centro de Estudos do Quaternário de Fuego-Patagônia e Antártida e o grupo Australis. Neste convênio de  cooperação científica e turística um grupo de professores, cientistas, da região de Magalhães utilizam a estrutura e os serviços do navio para coletar amostras da Patagônia, em troca, nos oferecem cursos sobre diversos assuntos.

No curso se inclui tudo o que nós podemos utilizar aqui: flora, fauna, aves, geleiras, geologia, arqueologia, indígenas, etc. O intercâmbio ocorre porque nós entregamos a matéria prima, as informações in natura e eles a processam e transformam em informações que podem ser relevantes para o que lhes interessa. É uma troca de serviços.

Navio Via Australis ancorado no Cabo Horn. Desembarque deve ser sempre em condies climticas favorveis - Foto: DT

Navio Via Australis ancorado no Cabo Horn. Desembarque deve ser sempre em condições climáticas favoráveis – Foto: DT

DIÁRIO – Percebemos que as normas de segurança são seguidas à risca. Qual o lugar aqui na Patagônia que vocês redobram a atenção?

MARCELO GALLO – Acredito que em lugares como o Cabo Horn, lugares com um desembarque mais complexo pelas condições, já que é um lugar que muda constantemente sua meteorologia. As condições lá podem variar de um minuto a outro, em cinco minutos, principalmente o vento. Por este fato, as condições de desembarque são um pouco mais complexas que em outros lugares.

DIÁRIO – Qual é o material dos barcos Zodiac? Ele é totalmente seguro?

MARCELO GALLO – Muito seguro, por isso é utilizado em todas as regiões do mundo, do ártico ao antárctico.  O material deles é uma borracha reforçada que permite aguentar alguns choques, como por exemplo, contra o gelo, nós navegamos em condições de gelo bastante extremas e o Zodiac responde muito bem. Além disso, é um embarcação semi-rígida, com muito mais flexibilidade, que permite navegar de uma forma segura muito facilmente. Estão divididas em seções infláveis (gomos) as quais, se uma perder ar, apenas ela perde esvaziará e não todo o Zodiac.

Para manutenção temos especialistas a bordo que são precisamente marinheiros e contramestres, especialistas em manutenção que estão a bordo e realizam manutenção constante e analisam constantemente o barco, se está pintado, se há rachaduras, e, se sim, se temos os elementos a bordo para poder arrumar ou se precisamos voltar para terra e passar por outro cheque-up. Os motores também têm manutenção constante.

Barcos zodiacs navegam em canal na Patagnia chilena

Barcos zodiacs navegam em canal na Patagônia chilena

DIÁRIO – Vocês também se preocupam com a questão ambiental?

MARCELO – A Australis como empresa está inserida no tratado internacional de proteção da biodiversidade, fazemos o tratamento de resíduos sólidos e tudo é processado quimicamente com produtos que não afetam o meio ambiente.

Com a Corporação Nacional Florestal, CONAF, responsável pela proteção de Áreas Selvagens Protegidas, foi assinado um acordo de cooperação para a proteção e implementação do Parque Nacional Alberto De Agostini, Parque Nacional Cabo de Hornos e o Monumento Natural Los Pingüinos em “ações de manutenção, conservação e proteção dos lugares visitados, tanto a flora como a fauna, sempre preservando o estado natural e selvagem da natureza.

* O jornalista Paulo Atzingen viajou à Patagonia convidado pelo grupo Cruzeiro Australis

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