Ir ao Cozinha da Clara, no Douro, é recordar os sabores da avó


O restaurante Cozinha da Clara foi inaugurado no final de maio

Lucilia Monteiro

O chefe Pedro Cardoso optou por uma gastronomia de base regional, que privilegia os produtos locais e sazonais, como o tomate coração de boi

Lucilia Monteiro

A madeira e o xisto são os materiais principais da decoração do restaurante, construído de raiz

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A Quinta de la Rosa foi uma das primeiras propriedades do Douro a aderir ao turismo de habitação, nos anos 80 do séc. XX

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Existem 21 quartos, divididos entre diferentes edifícios da quinta

As visitas guiadas incluem uma passagem pelas vinhas, nomeadamente, pelo impressionante Vale do Inferno

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A visita termina na moderna sala de provas

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A intensidade das palavras de Sophia Bergqvist, a coproprietária da Quinta de la Rosa, é palpável. “O Douro entrou-me nos ossos”, diz, com um sotaque britânico bem vincado, que as férias ali passadas desde pequena, junto da avó, Claire Feurtheerd, nunca suavizaram. É ela quem segura as rédeas do negócio e preserva as memórias dos antepassados, cuja presença no Douro remonta a 1815. “É um sonho termos conseguido fazer o que fizemos”, confessa. Esta terá sido uma das primeiras propriedades da região a aderir ao turismo de habitação, nos anos 80 do século XX, sensivelmente ao mesmo tempo que se lançava na produção própria de vinho do Porto e, no início dos anos 90, de vinho de mesa.

Não pretendem, contudo, equiparar-se a grandes produtores ou cadeias hoteleiras. “Queremos manter um acolhimento mais íntimo, tratamos os hóspedes como amigos que ficam na nossa casa.” Na verdade, o enoturismo parece ter crescido como um labirinto à volta da quinta, sem interferir com o seu normal funcionamento. Nas visitas guiadas mostram aquilo que são, uma produtora vitivinícola, com passagem pelas vinhas (nomeadamente, pelo impressionante Vale do Inferno), pelas adegas e pelas caves de envelhecimento, terminando o percurso na moderna sala de provas. Existem 21 quartos, divididos entre diferentes edifícios da quinta: a casa principal, com mobiliário antigo, fotos e cartas que permanecem de geração em geração; o edifício remodelado da Quinta Amarela (que pode ser alugado por inteiro); e outro bloco, com mais sete quartos modernos. Há ainda a villa da Quinta de Lamelas, isolada no topo da colina, arrendada apenas à semana, no seu todo.

Em maio deste ano, abriram, num edifício construído de raiz, o restaurante Cozinha da Clara, nome escolhido em homenagem à avó de Sophia, cozinheira de mão cheia, servindo o seu livro de receitas como fonte de inspiração. “A procura de bons restaurantes no Douro pelos turistas era uma constante”, justifica Sophia Bergqvist, sentada a uma das mesas do terraço sobre o rio Douro, mantendo-se atenta a todos os pormenores do serviço. O chefe Pedro Cardoso optou por uma gastronomia de base regional, que privilegia os produtos locais e sazonais, alguns colhidos na própria quinta, na horta paraíso. “Encontrei um chefe espetacular, com paixão, que vê o projeto como seu”, diz Sophia. Do menu constam pratos como a tradicional sopa de cebola com crocante de moira e fio de azeite, o çombelo de porco com milhos transmontanos e ervilhas de quebrar ou a corvina corada com puré de couve-flor caramelizado e legumes. Outras criações surgem ao sabor das estações, como o escabeche de sardinha com salada de coração de boi. Fica a confissão: nunca um tomate nos pareceu tão saboroso. Bendito paraíso!

Durante este mês, ao almoço, o Cozinha da Clara tem à disposição o menu Vindimas à Mesa da Clara, tendo a uva como elemento comum a todos os pratos (€35,00 ou €45,00 com suplemento de vinhos da casa).

Quinta de la Rosa Pinhão, Alijó T. 254 732 254 seg-dom 13h-15h, 19h-22h30 €35 visita e almoço com prova, €16 visitas guiadas com provas às 11h30, 14h30, 17h (máximo de 20 pessoas), provas a partir de €10, quartos a partir de €135

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