Aposta em turismo de nicho como o equestre, mergulho, natureza e enoturismo são algumas das razões que explicam as 2,3 milhões dormidas de turistas nos 18 municípios da região
Andar a cavalo em Alcochete, desportos náuticos na região de Almada e prova de vinhos na Arrábida. São alguns dos trunfos que levaram ao aumento de 17,7% nas dormidas de turistas nos primeiros três meses do ano na Margem Sul. Um crescimento em linha com os 18 municípios da região de Lisboa, que aumentou 9%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Ao todo, registaram-se 2,3 milhões de dormidas na região. Na Margem Sul do Tejo, onde se registaram 116 831 dormidas, Sesimbra foi o município que mais cresceu (25%, para 21 005 dormidas), mas não é o que mais turistas tem. Aí ganha Almada com 37 398 (mais 12%, que em 2015).
Os números espelham uma série de estratégias levadas a cabo pela Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) no sentido de “realçar outras áreas que não só Lisboa e as marcas consolidadas de Cascais ou Sintra”, indica o responsável por este organismo, Vítor Costa. Para isso, foi construído um plano estratégico para o desenvolvimento turístico da região entre 2015 e 2019.
“Identificámos alguns produtos como o enoturismo, a natureza, o turismo náutico. Outro nicho é o turismo equestre, para a região do Arco do Tejo (Alcochete e Montijo). Na Arrábida, que também já está mais desenvolvida, é mais o enoturismo, mas também a natureza. Depois há zonas de mergulho”, explica Vítor Costa.
Além disso, o objetivo é diversificar as ofertas para tornar a região atrativa ao longo do ano. Aliás os próprios números, referentes ao período entre janeiro e março refletem isso. “Depende dos produtos, temos ofertas mais para o verão, e outras para o resto do ano. O essencial é mais descentralizar. É organizar os produtos de maneira que os fluxos sejam descentralizados de Lisboa”, acrescenta o responsável da ERT-RL.
Para estas ofertas concretas contribuem iniciativas como a Stopover da TAP, à qual a região se associou, como lembra Vítor Costa. E que consiste numa estadia de 24, 48 ou 72 horas para quem está a fazer escala em Lisboa, em condições especiais. Outra aposta é por exemplo criar “ofertas específicas, como por exemplo, pelas festas do Montijo fizemos ofertas para participar na procissão, preços para quem quer só almoçar ou jantar, sem estadia. temos organizado alguns produtos deste tipo e começa a dar alguns frutos”, aponta.
O responsável pelo turismo de toda esta área reforça ainda as parcerias com as autarquias e as empresas locais, na criação de ofertas turísticas. “Aproveitamos o enquadramento territorial das autarquias e os próprios eventos que estas organizam e nós divulgamos. Depois promovemos também produtos de certas empresas locais, para promover também os produtos de nicho.”
Sesimbra quer ser mais que mar
Da região a sul do Tejo, Sesimbra foi onde as dormidas mais aumentaram. Um resultado que a câmara municipal espera manter, já que garante “tratar-se de um crescimento sustentado dos últimos três anos”. A vice-presidente da autarquia, Felícia Costa, justifica o crescimento turístico da zona com “um investimento da autarquia – e também dos privados – na requalificação urbana, dos espaços públicos ou na melhoria de acesso às praias”.
Apesar de considerar que o município pode crescer além do turismo balnear, a autarca não tem dúvidas que este é uma mais-valia para a região. “Temos investido na preservação do património natural, como a intervenção na Lagoa de Albufeira, porque sabemos que o turismo de praia é muito importante”. São os espanhóis, alemães, franceses, dinamarqueses e ingleses que mais visitam a cidade e muitos deles, refere Felícia Costa, aproveitam para visitar a zona envolvente. “Os turistas não se ficam por aqui, fazem as rotas do vinho, visitam a Arrábida é toda uma região que se desenvolve”.