Família brasiliense dá volta ao mundo com filho de 4 anos

Largar tudo para viajar o mundo. Esse é o sonho de muita gente. Mas poucos têm coragem de deixar uma vida estável no Brasil para se aventurar mundo afora, ainda mais quando se tem filhos. Para o casal brasiliense Carol Quadros, 37 anos, e Marcus Câmara, 40, isso não foi empecilho. Eles estão está há um ano viajando pelo mundo com o filho Caio, de 4.

Créditos: Arquivo pessoal

O casal Carol e Marcus está há um ano dando a volta ao mundo com o filho Caio, de 3 anos

A aventura começou pelos Estados Unidos, seguiu para o  Sudeste Asiático, Oceania e neste momento estão no Havaí. Desde então, eles já passaram por 12 países, 104 cidades e rodaram mais de 76.700 km.

Confira o relato de Carol abaixo:

Desde sempre nós dois amamos viajar. Viajar sempre foi a nossa maior paixão. Viajávamos sempre que podíamos, de preferência para lugares que ainda não conhecíamos.

E o nosso maior sonho era dar ao volta ao mundo. E quem não sonha? Porém, como a grande maioria das pessoas, achávamos que era um sonho quase impossível de ser vivido por meros mortais como nós. Achávamos que apenas quem era rico podiam se dar o luxo de viajar o mundo. Até o dia que hospedamos em nossa casa um casal de dançarinos que viajaram o mundo por três anos.

Eles nos inspiraram e nos mostraram que era possível viajar o mundo sem gastar fortunas. A partir daí começamos a traçar o nosso plano de volta ao mundo. Porém, faltava juntar dinheiro para colocarmos o pé na estrada. E durante a espera algo inesperado aconteceu: eu fiquei grávida.

Então, tivemos que adiar mais uma vez o nosso plano. E o que poderia ser para muitas pessoas o fim da volta ao mundo, para nós serviu como um motivador. É claro que os planos precisariam ser adaptados para melhor acolher o novo integrante.

Ter filho nos motivou mais ainda a colocar os nossos planos em ação, pois queríamos ensinar ao nosso filho nunca desistir de seus sonhos. E qual a melhor forma de ensinar aos filhos senão pelo exemplo dos pais? Como iríamos dizer ao nosso filho ir em busca de seus sonhos se não fizéssemos o mesmo?

Créditos: Arquivo pessoal

Carol, Marcus e Caio em Canterbury, na Nova Zelândia

Além disso, nunca achamos que o Caio fosse empecilho para viajarmos. Pelo contrário, e enquanto não colocávamos o plano em prática, viajamos e muito com o Caio.

Viajamos com o nosso filho desde os seus primeiros meses. Nordeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil, Uruguai, Colômbia, Caribe, Panamá, motorhome nos EUA. E isso antes do Caio fazer 3 anos.

O primeiro documento oficial do Caio foi um passaporte.

Créditos: Arquivo pessoal

Caio em Hobbiton, na Nova Zelândia

Então, em 2015 o nosso sonho começou a ficar mais perto do que nunca e começamos os preparativos da viagem: alugamos a nossa casa, vendemos os nossos carros, nos despedimos dos amigos e familiares, demos tchau para a rotina, zona de conforto e segurança. E demos boas vindas à incerteza, ao desconhecido, às infinitas aventuras que estavam por vir.

E em janeiro de 2016 colocamos finalmente o pé na estrada. Assim, nasceu o projeto Caio No Mundo, agora com mais um tripulante, nosso filho Caio.

Começamos a viajar sem data pra voltar. O plano era passar pelo Sudeste Asiático e depois Oceania e ir até onde o dinheiro desse. Queríamos conhecer o máximo de países possíveis, mas como estávamos viajando com o nosso filho, na época com 3 anos, tínhamos que ir devagar. Por isso começamos pelos EUA, Miami e Washington.

Créditos: Arquivo pessoal

A família na Tailândia

O Caio viu neve pela primeira vez. Adorou poder pegar, chutar e fazer bonecos de neve!

Depois passamos por Dubai, onde conhecemos o maior aquário do mundo e o maior prédio do mundo.

Fomos então para Tailândia, com suas belas praias, belos templos. Vimos de perto macacos, leões, tigres e elefantes. O Caio ajudou dar banho e deu comida aos elefantes e ainda brincou com um filhote. Além de termos sido abençoados por um monge e participado do ano novo tailandês.

Vimos os mais antigos e belos templos no Camboja. No Vietnã dormimos num barco no meio do mar envoltos por imensos paredões, viajamos de trem pela belíssima estrada de Hue para Da Nang e conhecemos o maior Templo budista da Ásia.

No Laos nadamos numa das mais belas cachoeiras do mundo, ainda vimos ursos de perto e comemoramos mais uma vez o ano novo com os locais.

Em Myanmar visitamos os seus milhares de templo, viajamos de balão e comemoramos pela terceira vez o ano novo com os locais. Depois Malásia, onde vimos as famosas Batu Caves e seus macacos brincalhões, Em Filipinas conhecemos todos os tons de azul do mar de Boracay. E em Singapura ficamos hospedados na casa de uma família muçulmana.

Indonésia ficamos por dois meses, rodamos toda a ilha de Bali, vimos centenas de macacos e um mais atrevido roubou a sandália do Caio, vimos os mais belos terraços de arroz do mundo, vimos areias de todas as cores, vimos tartarugas gigantes em Lombok e nas idílicas Gilis e muitos corais, além de um museu de bicicletas aquático.

Créditos: Arquivo pessoal

Carol e Caio em Cathedral Cove, Coromandel, na Nova Zelândia

Na Austrália compramos um carro e rodamos por quatro meses, vimos cangurus, quokkas, coalas, wallabies, papagaios, cacatuas, gaivotas, pelicanos, Yabbys (lagosta de água doce), baleias e golfinhos. Dormimos no nosso carro, em barraca, em Campervan, ficamos em mais de 20 casas de famílias diferentes, conhecemos o litoral desde Perth até Hervey Bay. Além disso, conhecemos pessoas maravilhosas, fizemos amigos pra vida toda, conhecemos o processo de plantio de uva para produção de vinho, ajudamos no tosqueio de ovelhas, praticamos ioga.

De lá seguimos para Nova Zelândia, compramos outro carro e rodamos por dois meses e meio, fizemos mais amigos, vimos de perto vulcões, águas termais, sentimos cheiro de enxofre, tomamos banho em águas formadas pelo desgelo dos Alpes e em águas acima dos 40°C, cavamos buraco na beira do mar e encontramos águas termais acima dos 65°C, tomamos banho de mar numa das praias mais lindas do mundo. Visitamos as locações de um dos nossos filmes preferidos, vimos um mar de flores lindíssimas, brincamos nos parquinhos mais legais do mundo. E nos inventamos, trocamos hospedagem por fotografia.

Nesse mais de um ano de estrada muita coisa mudou no mundo, no Brasil e principalmente em nós. Aprendemos que precisamos de muito pouco para sermos felizes e como diz a música “felicidade é só uma questão de ser”. Aprendemos que as conexões com as pessoas é que fazem a viagem interessante.

Conhecer novos lugares é ótimo, mas conhecer e fazer amigos é mais que fantástico! Deixamos um pedaço de nós por onde passamos e levamos conosco lembranças incríveis de pessoas e lugares.

Quando se pensa em levar um filho pequeno numa empreitada gigante dessas, o medo aparece quase que instantaneamente.

É claro que nós tínhamos medo. Tínhamos e continuamos tendo, o medo sempre está presente. Medo do Caio passar mal, ficar doente, sofrer acidente, não se adaptar. Mas ao contrário das outras pessoas, o medo nos move.

E sempre que ele aparece, racionalizamos e nos prevenimos. Remédio para aumentar a imunidade, voos curtos e diretos, no Couchsurfing procuramos casas com filhos, fazemos nossa própria comida ou em restaurantes bem avaliados, hotéis confortáveis na medida do possível, passeios do agrado do pequeno, além de alguns agrados (carrinhos, pirulitos, chocolates).

E por outro lado, quem não gostaria de poder ter seus pais 24h por dia, todos os dias durante mais de um ano? Além disso, pudemos proporcionar ao nosso filho nesse ano que passou o que nenhuma escola no mundo jamais poderá.

E isso não tem preço. Ver os olhinhos dele brilharem a cada bicho novo que encontramos no seu habitat e poder interagir com ele, por brincar com os seus pais, ao fazer uma nova amizade, ao descobrir uma nova palavra em outra língua, ao se maravilhar tanto quanto nós em ver alguma paisagem deslumbrante…

Créditos: Arquivo pessoal

Em Kuala Lumpur, com as Torres Petronas ao fundo

Pensamos que esse ano na estrada valeu por toda uma vida, para ele e para nós. E isso ninguém nunca vai poder nos tirar e ainda temos belas fotos pra recordar alguns dos momentos inesquecíveis que passamos em família. Isso pra nós é felicidade, o resto é bobagem.

Por Carol Quadros, do projeto Caio no Mundo

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