Curitiba aposta na união do trade para fomento do turismo

Adonai Arruda

Adonai Arruda

Entidades do trade turístico de Curitiba se mobilizaram para montar uma proposta para o setor. O documento foi entregue aos candidatos à prefeito da capital paranaense. Adonai Aires de Arruda Filho, presidente do Curitiba, Região e Litoral Convention Visitors Bureau (CCVB), traz mais detalhes desta ação no artigo abaixo. Ele também é presidente do  Paraná Convention Visitors Bureau e da Associação Brasileira de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC), além de ser diretor-geral da BWT Operadora e da Serra Verde Express.

Turismo de negócios ou de lazer? A resposta é integração no turismo

A última semana foi marcante para o cenário político e econômico do País. É impossível falar do Brasil que terminou agosto e começou setembro com um dos temas mais polêmicos de sua história: aprovação do processo de impeachment contra a agora ex-Presidente Dilma Rousseff.

Não houve sequer um corredor de empresa, um ônibus, um táxi, um bar, uma padaria, uma casa que não comentasse e fincasse sua posição. Independente da preferência partidária ou ideológica, independente da escolha política e pessoal de cada um, o tema ganhou, literalmente e mais uma vez, as ruas.

E foi em meio à este cenário que a política brasileira também ampliou a comunicação oficial dos candidatos às prefeituras de todo o País, dando início aos encontros e debates com aqueles que se apresentam preparados para gerir o orçamento e tomar as decisões que impactarão brasileiros e brasileiros.

Em algumas cidades, como São Paulo, já se fala em impugnação de campanhas e exclusão de candidatos. Em outras, se fala em reeleição. Em Curitiba, a depender do empenho e engajamento da indústria do turismo, o que se vê é a abertura do diálogo.

Pela primeira vez, a capital paranaense uniu as forças do trade turístico em busca de formalizar propostas e propósitos para o bem da cidade. Juntas, as entidades Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PR), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL-PR), Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação (SEHA), Associação dos Motéis do Paraná (AMOPAR) e Curitiba, Região e Litoral Convention Visitors Bureau (CCVB)  se reuniram para o debate e elaboração de uma Agenda de Propostas aos Candidatos 2016.

O documento, elaborado pelas várias mãos de uma indústria que movimenta mais 50 outros setores econômicos, gera centenas de milhares de empregos diretos e representa 4% do PIB estadual, foi entregue aos candidatos Rafael Greca, Ney Leprevost, Região Filho, Maria Victória e Gustavo Fruet, que também receberam gestores que representam as quase 22 mil empresas que integram esta indústria no estado.

Nesta agenda propositiva, o que se buscou, de fundo, além de medidas de fortalecimento do setor de eventos e turismo, foi o reconhecimento e valorização da indústria por sua força e importância. Em nossa avaliação, o turismo precisa ser reconhecido e respeitado como indústria geradora de renda, empregos, impostos e divisas. E, para que isso seja possível, é necessário que haja Governança do Turismo, uma das propostas apresentadas, com o fortalecimento do órgão oficial do turismo e a criação do Fundo Municipal de Turismo (FMT), órgãos representativos do setor, articuladores perante a Prefeitura Municipal de Curitiba e outras instituições.

Do ponto de vista orçamentário, o redirecionamento de um percentual sobre o ISS recolhido pelo próprio trade permitiria a constituição da receita do FMT, que pode ser integrado e gerido deliberadamente pelo Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), já existente. Trata-se de uma estratégia consistente que usa a receita que já é gerada para potencializar novas oportunidades e retroalimentar o setor.

Outro tema amplamente debatido nos encontros foi a necessidade de aprovação do projeto de redução do ISS para a cadeia de eventos, congressos e shows (de 5% para 2%), em busca de competitividade na captação destas agendas frente a outros destinos que já trabalham com este índice percentual. Reconhecida e premiada mundialmente – está entre as 15 melhores cidades classificadas pela Unesco –, Curitiba demanda investimento para se posicionar como destino dos grandes e megaeventos. Demanda também se consolidar a partir de um calendário anual que desperte o desejo de visitação entre os brasileiros para temas como Festival de Inverno, Curitiba Viva e Natal.

Mais. Apresentamos e debatemos propostas que incluem, ainda, políticas públicas para desenvolvimento de polos gastronômicos e melhoras na infraestrutura e planejamento urbano. No primeiro caso, com leis específicas, incentivos e suporte ao desenvolvimento destas áreas, a serem inseridas no Plano Diretor para desenvolvimento no curto, médio e longo prazos. No segundo, com qualificação do receptivo, criação de polos turísticos e até autorização para embarque e desembarque de ônibus de turismo em frente aos hotéis.

Tudo isso porque a gente deseja e entende que a indústria merece esta relevância: somente no primeiro semestre de 2016 foram 74 eventos na cidade, que recebeu 28 mil turistas com permanência média de 3,29 dias, somando R$ 44 milhões de receita.

Volto, então, ao questionamento do início do artigo: devemos falar de turismo de negócio ou turismo de lazer? Em nossa avaliação, devemos falar de turismo. Juntos, somos mais fortes.

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