Turismo se apoia na desvalorização do rublo, mas não deslancha

Existem vantagens no rublo barato: o
preço da viagem à Rússia caiu substancialmente, o que torna o turismo mais
atraente. E a tendência é confirmada pela Agência Federal para o Turismo. De
acordo com dados recentes, o número total de entrada de turistas estrangeiros
na Rússia voltou a registrar uma alta de 3 a 5%.

Mas Vladímir Kantorovitch, membro da
presidência da Associação de Operadores Turísticos da Rússia, aponta para o
fato de o rublo fraco ser o único trunfo do país no setor do turismo. “Essa
vantagem sobre si uma grande desvantagem: a relação negativa da UE e dos EUA
com a Rússia”, afirma Kantorovitch.

A mesma opinião é expressa por
representantes de operadoras turísticas. “Infelizmente, a desvalorização da
taxa de câmbio do rublo coincidiu com a deterioração da imagem da Rússia no
mercado externo e, por isso, o país não se ficou tão mais atraente para os
estrangeiros”, diz Aleksandra Lanskaia, diretora-executiva da Patriarch Dom
Tour.

A Agência Federal de Turismo reconhece
que, apesar do patrimônio cultural do país, ainda é preciso tomar medidas para
atrair novos turistas. Uma das ações planejadas é a abertura de filiais da agência
em outros países. A primeira foi inaugurada recentemente em Dubai. Em futuro
próximo, Finlândia, Alemanha e China também ganharão filiais.

Herança
rica, inglês pobre

A Rússia subiu 18 posições
no “Relatório de Competitividade em Viagem e Turismo 2015”, publicado pelo
Fórum Econômico Mundial e pelo Strategy Partners Group em meados de maio. O
país recebeu notas altas por suas atrações culturais e conexões aéreas, mas teve
pontuação baixa em segurança e obtenção de vistos.

“Outro problema que precisa ser
resolvido é o domínio do inglês”, diz Kantorovitch. “A falta de conhecimento da
língua inglesa por prestadores de serviços irrita os estrangeiros, que se
queixam de não receberem resposta quando, por hábito, abordam funcionários do
metrô em inglês.”

Recentemente, as estações de metrô de
Moscou receberam sinalização em inglês e o Ministério do Interior da Rússia
criou a polícia turística, que deve prestar assistência a turistas estrangeiros
no país.

Crise
em construção

Apesar da crise interna, a maioria dos
investidores estrangeiros do setor de hotelaria não pretende sair do país. Prova
disso é o recém-inaugurado hotel quatro estrelas Park Izmailovo Moscow, da rede
turca Dedeman.

No entanto, embora haja quantidade
suficiente de hotéis das grandes redes mundiais, o mesmo não se pode dizer sobre
os pequenos hotéis de baixo custo. Para reverter esse quadro, as autoridades de
Moscou planejam estimular a construção de pequenos hotéis no centro da cidade
mediante acordo de arrendamento para o governo por 49 anos.

No interior da Rússia, a situação dos
hotéis também varia. Nos últimos anos, em algumas das regiões mais atraentes
para férias, foram inaugurados complexos turísticos, como o Altay Resort, na República
de Altai, e o Grand Hotel Rodina, em Sôtchi. Mas a crise obriga a controlar o
apetite das construtoras.

Recentemente, o Ministério do Esporte,
responsável pela realização da Copa do Mundo em 2018, se recusou a construir 25
novos complexos hoteleiros em algumas cidades que sediarão o campeonato: Nijni
Novgorod, Volgogrado, Kaliningrado, Saransk e Rostov.

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