Trabalho voluntário aproxima estudantes a diferentes realidades da Irlanda

Enfermeira em Minas Gerais, Celina Ramos sempre se envolveu em trabalhos voluntários. Com 27 anos, ela já participou de atividades de organizações sociais em orfanatos, hospitais e asilos. A brasileira escolheu a Irlanda para estudar inglês, mas foi logo nos primeiros dias de aula que descobriu que poderia continuar ajudando pessoas mesmo com a comunicação limitada pelo pouco domínio do idioma.

“Eu não tinha noção de como seriam as atividades, pensei que seria algo parecido com o que fazia no Brasil e resolvi participar do grupo de voluntários da minha escola. Fiquei surpresa quando descobri que iríamos limpar o jardim de uma casa. Percebi logo que teria uma outra visão de mundo aqui na Irlanda”, conta a estudante.

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O trabalho prestado pelo grupo que Celina participa é organizado pela Seda College, escola de idioma em Dublin onde ela estuda, e uma organização social que presta serviços à comunidade. Intercambistas de diversas nacionalidades usam suas habilidades para contribuir com famílias em situação de vulnerabilidade. As ações vão desde limpeza de jardins, pintura de casas, ajuda em construção, preparação de refeições até simples conversas com pessoas que, por algum motivo, estão isoladas socialmente.

“Nos últimos cinco anos, a Irlanda viveu um período de retração na economia em função da crise e os trabalhos sociais passaram a ter uma importância ainda maior a partir daí, pois aumentou o número de pessoas com necessidades. Além disso, os irlandeses e estrangeiros que vivem aqui perderam noção do que é se importar com os outros, do que é sociedade. O trabalho voluntário é para que nunca nos esqueçamos isso”, diz o diretor da organização Serve the City Ireland, Alan McElwee.

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Ajudar uma senhora e sua filha a manter o jardim de casa em dia, retirando o mato ou galhos de árvores, foi para Celina uma experiência surpreendente. “O grupo é muito unido e atencioso. Pessoas de outros países ajudam a gente a entender o que é preciso fazer, como dizer uma palavra que não sabemos. Foi uma atividade divertida, que ajudou a ampliar meu vocabulário. Mas o melhor foi ver a gratidão daquela família, a alegria daquela senhora”, lembra a estudante que está motivada a continuar no voluntariado.

Para a escola, que completou um ano de parceria com a organização social, o trabalho voluntário tem dado resultado positivo tanto com alunos quanto com funcionários. “É a oportunidade de fazer parte da sociedade do país que a pessoa escolheu para viver. Para os alunos, é a chance de explorar outras regiões da cidade, conversar com nativos, entender as necessidades de outras pessoas mesmo longe do seu país. Para nós, que trabalhamos na escola, é a chance estar perto das pessoas e mais próximo da sociedade que queremos ajudar a construir. Dublin já nos deu tanta coisa que é nossa vez de oferecer algo em troca”, afirma Alicia Petit, coordenadora de atividades sociais da Seda College.

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Atualmente, mais de mil voluntários de empresas, incluindo funcionários da Google, Facebook, eBay, PayPal e Seda College, estão cadastrados com a organização Serve the City. Mas o número ainda é pequeno, já que a disponibilidade dos colaboradores para atender à demanda dos trabalhos comunitários gira em torno de 5%. “Precisamos de dois mil voluntários para ter uma média ativa de 200 colaboradores e dar conta de atender mais pessoas. Não esperamos apenas oferta de força de trabalho, pois um sorriso você não pode comprar. A amizade não se pode comprar. É tirar aquelas pessoas em situações de vulnerabilidade e fazer elas voltarem a sorrir. Isso se faz com o jeito simples, com tempo, com o tom de voz calmo e tranquilo. É isso que esperamos dos voluntários”, diz o diretor da organização.

A Seda College realiza trabalhos voluntários uma vez por mês na cidade de Dublin. Os estudantes que participam ainda ganham uma carta de referência do voluntariado, que tem se tornado diferencial no processo seletivo de contratações de muitas empresas, especialmente na Irlanda.

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