Televisão não é mais a preferida das crianças

Televisão não é mais a preferida das crianças

Por Anthony Crupi, do Advertising Age (*)

Um novo estudo analisa consumo de mídia entre as crianças com o objetivo de entender a causa da diminuição nas taxas de consumo de programações destinadas ao público infantil. De acordo com um relatório de pesquisa de Miner Co. Studio, a televisão não é mais a tela escolhida por crianças que já possuem acesso a tablets e smartphones. Mais da metade (57%) dos pais entrevistados disseram que seus filhos preferem assistir a vídeos em dispositivos móveis a assistir ao mesmo conteúdo na televisão.

Os dispositivos móveis são tão queridos entre as crianças que que aproximadamente metade dos 800 pais entrevistados pela pesquisa da Miner Co. alegaram que eles confiscam os tablets de seus filhos e os fazem ver televisão quando desejam que eles comportem-se. Desta forma os pais acabam tornando o ato de assistir TV tradicional um castigo para os filhos. (Esses pais que simplesmente não restringem o acesso dos filhos a qualquer forma de vídeo quando eles não se comportam mostram que estão criando uma geração de viciados em conteúdo, mas essa é uma outra história.)

Algumas crianças são tão obcecadas com a telinha que até mesmo dispensam outros atrativos para ficar mais alguns minutos assistindo a vídeos com seu dispositivo portátil. Quando pedidos para escolher entre passar mais tempo com o seu device ou ganhar sobremesa, 41% dos pais entrevistados disseram que seus filhos escolheriam a tela ao invés do doce.

Em um vídeo feito pela Miner para ilustrar os dados do estudo, uma criança confrontada com o dilema “tablet ou sobremesa” confessou: “Por que o iPad? Porque provavelmente depois eu consigo outro doce”. Um pouco depois no vídeo, você pode ver a reação de uma criança pequena quando o tablet que ele estava usando é dado para a irmã. O menino não fica nem um pouco feliz.

Outra criança então explicita uma opinião que vai deixar os executivos de Viacom e Disney arrepiados até a medula: “Bom, basicamente, TV é um saco”. Se depois ele foi obrigado a ver televisão como castigo por sua boca suja, a reportagem não ficou sabendo.

Como tudo isso vai impactar no modelo de negócios da televisão tradicional em um futuro distante é difícil saber – “é como um cartógrafo medieval escrevendo ‘aqui existiram dragões’ em uma parte desconhecida em um mapa medieval”, conta Robert Miner, CEO da Miner Co. – mas a curto prazo o impacto já é visível nas avaliações de Nielsen. No acumulado do ano, todos os canais infantis sustentados por publicidade, com exceção de Cartoon Network da Turner, estão apresentando declínio em suas avaliações. Até agora, a Nickelodeon está enfrentando o cenário mais duro dentre a turbulência das estatísticas, caindo mais de 30% entre as crianças da faixa etária de 2 até 11 anos.

De acordo com Miner, uma das razões pelas quais as crianças passaram a gostar mais dos tablets do que da televisão é porque esse tipo de dispositivo apresenta uma autonomia para consumir conteúdo que a TV tradicional não oferece. “Nos acostumamos a usar o termo ‘plataforma agnóstica’, que carrega a ideia de que não importa qual é a plataforma usada, mas o conteúdo”, ele conta. “Com as crianças já está bastante óbvio que não é desta forma. Então, eu gosto de dizer que eles são ‘poligâmicos de plataformas’. Todas as plataformas são basicamente irmãs agora”.

De todos os dados gerados pelo estudo da Miner, este último é o mais inesperado. Curiosamente 39% dos pais que participaram do estudo disseram que seus filhos constantemente assistem ao mesmo conteúdo em diferentes plataformas simultaneamente. Falhando para chegar a qualquer hipótese sobre esse comportamento, vamos apenas lembrar o fato que crianças são estranhas e deixar desta forma por enquanto.

* Tradução por Rúvila Avelino

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