REPORTAGEM: Jovem especializada em ciências forenses … – Diário de Notícias

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À sua primeira vindima, em 2015, Rita Tavares chama “a vindima um milhão” em alusão aos quilos de uvas colhidos e tratados. Já a mudança de formação e de localização são adjetivadas de “radicais” mas “desafiantes”.

A Sovibor resulta da fusão de duas empresas existentes em 1968. Em 2018 completa o seu 50.º aniversário.

Quando em 2014 entrou a nova equipa de gestão e de enologia, foram implementadas modificações tecnológicas, mas “sempre sem alterar o caráter tradicional”, como garante Fernando Tavares, pai de Rita Tavares e “pai” do projeto.

“Para comprar uma adega normal não precisava de ir a Borba. Esta é uma paixão. Às vezes considero-me mais borbense do que muitos por defender a terra”, explica Fernando Tavares, conhecido por não prescindir das técnicas antigas para feitura de vinho como o uso de vasilhas de barro, as talhas, prática herdada do período romano.

“Muito pouca gente ainda usa talhas. É uma tradição que se estava a perder. As adegas mais tradicionais estão todas a fechar. É um processo mais trabalhoso e a ansiedade por ter o vinho pronto não se compadece disso. Mas o senhor Fernando tem mais paciência e gosta muito disto”, descreve Joaquim Ramos, 61 anos, funcionário da Sovibor desde os 13.

A insistência de Fernando Tavares em manter tradições levou no feriado de 5 de outubro o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa, Nuno Pinheiro, a estrear-se como pisador de uvas integrando um grupo de “mais vinte amigos e apreciadores de bom vinho”.

Na adega localizada no centro de um concelho alentejano também conhecido pela exploração do mármore, 30 talhas convivem com barricas, depósitos subterrâneos e depósitos aéreos, bem como com outros equipamentos e formas de acondicionar e fazer vinho.

O barro da talha torna-a porosa, impondo-se a impermeabilização do seu interior, algo que também é feito com recurso a técnicas antigas: “O que se fazia e mantemos a tradição é revestir a talha com pez, uma resina, e com cera de abelha que deixa a talha estanque e evita perdas de líquidos”, descreve à Lusa Rafael Neuparth que integra a equipa de enologia.

Os primeiros vinhos de talha da nova era Sovibor saíram em 2016 e, de acordo como Rafael Neuparth, são feitos graças a várias castas, destacando-se o chamado “petroleiro” que junta uvas brancas e uvas tintas.

O catálogo da Sovibor soma várias apostas como o Mamoré – nome para ler com sotaque alentejano, sussurrando a primeira e últimas letras e que é um “tributo” ao mármore branco de Borba – distinguido com duas medalhas de ouro no Challenge International du Vin, concurso internacional realizado em França.

Com um volume de negócios próximo de 1,5 milhões de euros e que o diretor geral da empresa, Luís Sequeira, perspetiva que dentro de cinco anos se aproxime dos três milhões, a Sovibor atinge num ano cruzeiro cerca de 1,2 milhões de garrafas, exportando 20% da produção para mercados como França, Alemanha e Angola e em breve para Brasil e China.

Dividida em três fases de investimento, a nova administração está a implementar um projeto de desenvolvimento que inclui “a médio/longo prazo” a instalação de quartos para enoturismo.

Atualmente, renovada a linha de engarrafamento, feitas alterações tecnológicas e beneficiados os edifícios, num investimento superior a 500 mil euros, está em curso o projeto de libertação da adega antiga para realização de visitas e provas.

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