Passeios pedagógicos incentivam o turismo e abrem novas frentes …

Adriana Lampert

Fotos GLAUCYA PAUL FERREIRA/DIVULGAÇÃO/JC

“Há muito tempo que viver só do plantio já não é suficiente para sustentar toda a família”, explica o turismólogo Henrique Menestrina, filho de arrozeiros que, junto com o pai, José Menestrina, cumpre a rotina de receber grupos de escolas e da terceira idade, entre outros, em visita à propriedade rural. Ele admite que investir nesta atividade foi a forma encontrada pela família para permanecer no campo. “Hoje em dia, este é nosso principal negócio. Iniciamos no segmento de turismo rural há mais de uma década, mas o movimento começou a ficar forte somente há cinco anos.” A virada que garantiu o sucesso da empreitada está vinculada ao projeto Viva Ciranda, criado pela Fundação Turística de Joinville em 2010.A pedagoga e coordenadora do Viva Ciranda, Anelise Falk, conta que, em 2011, a Fundação Turística de Joinville recebeu incentivo de R$ 130 mil do Ministério do Turismo para a viabilização e desenvolvimento do projeto. Com este dinheiro, foi possível produzir material de divulgação e pedagógico, além de capacitar os produtores, que viajaram para a França e acompanharam, por 10 dias, o modelo de trabalho com turismo pedagógico entre os agricultores locais e estudantes franceses. “O programa em Joinville foi muito bem estruturado, tanto que disponibiliza até jogos lúdicos sobre todos os temas desenvolvidos nos passeios, evitando o cancelamento de visitas em dias de chuva, quando não é possível desbravar as propriedades”, comenta Anelise.Somente no ano passado, cerca de 25 mil visitantes passaram pelas 14 propriedades rurais parceiras do projeto Viva Ciranda, sendo que 70% deste público foi de estudantes de diversos níveis, desde o jardim de infância até a universidade. “Deu tão certo que já recebemos inclusive visitas técnicas de secretarias de Turismo de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e de estados da região Norte, que vieram conhecer nosso trabalho para reproduzir o modelo”, comemora a coordenadora do Viva Ciranda. “É bom para a economia da cidade, e também vira uma outra fonte de renda para quem depende da atividade agrícola”, avalia Anelise. As taxas por pessoa são acessíveis: R$ 8,00 sem lanche, e em torno de R$ 20,00 com refeição inclusa. Todas as visitas são feitas através de agendamento, para que os agricultores possam planejar a apresentação e atividades de acordo com a série escolar demandada. No caso de escolas públicas, o projeto disponibiliza transporte gratuito, em ônibus próprio.

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“A gente percebe que a criança fica mais sensibilizada com o meio ambiente, com os animais, com o quintal de casa, cria uma consciência ecológica e consegue internalizar o respeito com a natureza”, comenta o docente, que desde 2013 acompanha o projeto e já enviou centenas de turmas aos passeios. Silva comenta que antes da visitação às propriedades rurais, é fundamental ser informada a abordagem para que o discurso do anfitrião esteja afinado ao trabalho e tema a ser desenvolvido em sala de aula. “É uma experiência maravilhosa, que une teoria e prática. Os estudantes vão além dos muros da escola, vivenciam a lida no pasto, tiram leite, amamentam filhotes, entre outras atividades. Tudo isso enriquece o processo pedagógico”, avalia.

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Visitas incluem tour por hidrelétrica em São Paulo e chamam a atenção para a preservação

O foco na conscientização da importância da preservação da água é o mote da agência Eco Tur, que promove o turismo pedagógico em Salesópolis (SP). Toda a semana, a empresa leva grupos de estudantes até o Parque das Nascentes do Rio Tietê. O lugar, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio, Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo, tem 1,34 milhão de m2, em área coberta por Mata Atlântica, com uma diversidade de plantas e animais.