Paris é melhor destino romântico para paulistanos, diz Datafolha

O que faz de Paris uma cidade to desejada pelos turistas —um destino dos sonhos, e to romntico, como na imaginao de boa parte dos paulistanos?

Antes de tudo, o mito.

A Frana e Paris disputaram, ao longo da histria, um lugar central no imaginrio do Ocidente. Sua aristocracia luxuosa e esbanjadora fascinou as cortes de toda a Europa, que a imitaram por sculos. Vem dessa poca a fantasia de Paris como sede mundial do requinte, da elegncia e da moda. E tambm da libertinagem, que era mais do que uma prtica entre os nobres e os no to nobres: era uma atitude intelectual.

No sculo 18, as ideias iluministas, em grande parte difundidas por filsofos e escritores franceses, arrebataram os espritos cultivados da Europa, de leste a oeste.

Paris configurou-se como o lugar onde florescia um novo homem, livre das supersties do passado. A intelligentsia francesa, com seu gosto pelo racionalismo, a especulao filosfica e a crtica social, iria determinar os debates nas cincias humanas at os anos 1970.

A Revoluo de 1789 tornou a Frana o epicentro de um terremoto que destruiria o mundo aristocrtico europeu. O pas se colocou na vanguarda do surgimento da nova civilizao democrtica, e todo o Ocidente, em seu esforo de modernizao, se fez herdeiro dessa ruptura sangrenta.

A influncia da Frana no parou de crescer no sculo 19: as conquistas napolenicas (1803-1815), que uns temiam e outros desejavam; a opulncia do Segundo Imprio (1852-1870), quando se desenhou o traado urbano de Paris e uma nova concepo de cidade, burguesa, individualista, consumista; a exuberncia da Belle poque (do final do sculo 19 at a Guerra de 1914), perodo que representou o auge da capital francesa, tanto mais devido a invenes tcnicas que ali nasceram e transformariam o planeta, como o cinema (1895) e o avio (1906). Foi tambm na Belle poque que o engenheiro Gustave Eiffel, em 1889, inaugurou a torre que se tornaria um fetiche mundial.

Enquanto isso, irradiavam de Paris, com mais polmica e estardalhao do que em qualquer parte, sucessivas e influentes escolas literrias e artsticas: o romantismo, o realismo, o impressionismo, o simbolismo, at as exploses vanguardistas do incio do sculo 20 (o cubismo, o surrealismo…), quando a cidade era o pouso ideal dos rebeldes modernistas de toda parte, do russo Igor Stravinsky americana Gertrude Stein.

Foram esses artistas que ajudaram a enraizar Paris no imaginrio mundial: da Notre Dame de Victor Hugo (1802-1855), com seu corcunda, ao Moulin Rouge de Toulouse Lautrec (1864-1901); da Champs Elyses de Marcel Proust (1871-1922) Champs Elyses de “Acossado”, filme de Jean-Luc Godard (1930-); dos “Mistrios de Paris”, o folhetim idolatrado de Eugene Sue (1804-1857), a “Paris Uma Festa”, de Ernest Hemingway (1899-1961). Sem falar nas canes de Edith Piaf, nas colees de Yves Saint Laurent e nas loucurinhas de Amlie Poulain.

A progressiva expanso geopoltica dos EUA foi, pouco a pouco, ofuscando a influncia cultural francesa, mas no arrefeceu o mito de Paris. Ao contrrio, Hollywood, obcecada pelos charmes da Cidade Luz, alimentou sem parar o seu culto. Centenas de recriaes de Paris saram dos estdios californianos, de “Intolerncia” (1916), de David Griffith, “Irma La Douce” (1963), de Billy Wilder, de “Sinfonia de Paris” (1951), de Vincente Minnelli, a “A Inveno de Hugo Cabret” (2012), de Martin Scorsese.

Tudo isso entranhou nas pessoas o mito de Paris, transmitido de gerao a gerao, e cristalizado na paisagem extraordinria da cidade: as margens luminosas do rio Sena, as ruelas e os boulevards, os jardins deliciosos, as praas escondidas nos miolos dos bairros, os cafs em toda parte, o comrcio chique, os bairros multiculturais, os palcios suntuosos e as pequenas casas esquecidas na colina de Montmartre… Um conjunto urbano que parece ter sido erguido para o deleite contnuo dos habitantes e visitantes, como um convite perptuo errncia, admirao e ao devaneio.

So dois segredos muito bem guardados de Paris: como a cidade conseguiu sobreviver histria, fazendo-se mito, e como, em pleno sculo 21, esse mito no cessa de se renovar, agora com os sonhos de todo mundo.

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QUEM LEVA

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