Festivais de verão no Japão lembram Carnaval, mas sem latinhas no chão

Adultos e crianas se sentam em espaos demarcados com fitas nas caladas de Aomori, cidade que a capital da provncia japonesa de mesmo nome, 700 quilmetros ao norte de Tquio. Eles batem palma no ritmo e cantam animadamente, e sem parar, as palavras “rassera, rassera, rasserasse rassera” (o “r” tem som de “l”, e os ltimos “as” so pronunciados como como se tivessem acentos agudos).

Os termos no tm significado, mas servem para animar as estrelas da noite: homens e mulheres que empurram ou puxam carros alegricos, tocam flauta e tambor e disputam para ver quem se sai melhor. Eles giram, fazem piruetas e at ameaam chegar bem perto da plateia, mas, ufa, sempre retrocedem. Para comer, frango agridoce no espetinho.

O vero no Japo (de junho a setembro) poca de incontveis festivais. Hora de vestir seu melhor yukata, um quimono para a estao, feito de algodo, e sair s ruas –na capital, fogos de artifcio colorem o cu, s vezes por mais de uma hora, em celebraes na poca de calor.

Japo

Na provncia de Aomori, os protagonistas so as “nebutas”, enormes “lanternas” (os carros alegricos) feitas com washi (papel robusto), bambu e ao –como no Carnaval brasileiro, podem levar um ano para serem construdos por comunidades locais.

As duas dezenas de carros em geral representam figuras mticas ou da cultura do pas. Na regio, destaque para os festivais Aomori Nebuta, na capital, com alegorias mais largas, e o Tachineputa, na cidade de Goshogawara, a cerca de 40 quilmetros dali.

Os eventos acontecem sempre na primeira semana de agosto, o que permite participar de vrias festas em uma mesma viagem.

Em Goshogawara, a brincadeira criar a alegoria mais alta –uma lanterna de 23 metros de altura criada por artistas da cidade foi usada no desfile de Carnaval da escola guia de Ouro, de So Paulo, no ano passado.

Na cidade, o museu Tachineputa exibe alegorias histricas e algumas em construo. O restaurante que fica no ltimo andar serve combo de quitutes em uma caixa em formato de lanterna por valor equivalente a R$ 90.

Para brasileiros, acostumados a desfiles de carros alegricos com criaturas que abrem e fecham bocas graas tecnologia, pode ser estranho ir ao outro lado do mundo participar de uma festa com cara de interior. Mas justamente nessa diferena que est o encanto.

Tal como aqui, os festivais so regados a cerveja, mas a reportagem, nas duas noites em que esteve nas festas, no encontrou nenhuma latinha no cho –cada grupo leva de casa sua sacolinha para guardar o lixo.

O jornalista viajou a convite do Ministrio do Turismo do Japo

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