Após filme, SeaWorld vem ao Brasil para explicar possíveis maus-tratos

Preocupado em atrair os brasileiros, o SeaWorld, parque americano famoso por apresentaes de animais marinhos, veio ao pas nesta semana para promover a construo de um novo ambiente para suas orcas.

Alm dos encontros j promovidos com agentes de viagem, foram realizadas apresentaes em So Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte para a imprensa especializada e blogueiros que falam de Orlando (EUA).

A iniciativa acontece em um momento delicado para o parque. Lanado em 2013, o documentrio “Blackfish” denunciou maus tratos recebidos pelas baleias no SeaWorld, o que pode ter resultado na morte da treinadora Dawn Brancheau, atacada por um dos animais, em 2010.

O filme aponta os tanques apertados e a obrigao de participar de apresentaes em troca de comida como causas de a baleia Tilikum ter matado sua treinadora.

Aps o lanamento do filme, o SeaWorld registrou queda no pblico. No primeiro trimestre deste ano, porm, viu o nmero de visitantes crescer 5,6%, mas segue acumulando prejuzo.

Mike Blake – 19.mar.2014/Reuters

Crianas observam orca no SeaWorld de San Diego, que vai inaugurar nova rea para os animais
Crianas observam orca no SeaWorld de San Diego, que vai inaugurar nova rea para os animais

a que entra a iniciativa de apresentar no Brasil o novo espao das orcas, chamado de Blue World. Brasileiros esto atrs apenas dos britnicos entre os maiores visitantes estrangeiros do parque.

A rea, cuja inaugurao na sede de San Diego, na Califrnia, est prevista para 2018, ter 38 milhes de litros de gua, quase o dobro dos tanques atuais, de acordo com a companhia.

O parque afirma que o Blue World foi elaborado antes da divulgao do documentrio. “S poderemos fazer comparaes quando o espao for lanado. Nossos estudos mostram que o estresse dos animais agora baixo”, diz Gisele Montano, pesquisadora brasileira do SeaWorld.

Aps trocar o presidente-executivo e sofrer trs processos na Justia em 2015, o SeaWorld diz que as crticas de antigos treinadores no filme “Blackfish” foram retiradas do contexto.

ANIMAIS SAUDVEIS

Montano tambm criticou as alegaes do documentrio sobre as condies dos animais no parque, principalmente suas 30 orcas, e afirmou estarem todos saudveis, incluindo Tilikum, que continua participando das apresentaes.

No entanto, como a baleia j se envolveu na morte de trs pessoas —alm de Brancheau, morreu tambm uma treinadora em um parque no Canad, alm de um homem que invadiu as instalaes do SeaWorld—, a empresa estabeleceu protocolos especiais para cuidar de sua orca macho.

“Fisicamente ele est saudvel. S que ele aprendeu no parque do Canad que, se tiver uma pessoa na gua, ele pega com a boca. E, uma vez que aprendeu algo, no d para desaprender. igual a um cachorro que late quando tem algum no porto de casa”, diz a pesquisadora.

Ela tambm citou um estudo recentemente publicado pela Editora Oxford que aponta a expectativa de vida das baleias do SeaWorld ser parecida com a dos animais na vida selvagem, em que 97% morrem antes de completar 50 anos.

A pesquisa se tornou uma resposta a um dos processos na Justia dos EUA. Nele, o SeaWorld acusado de dar informaes erradas sobre os animais, como o tempo de vida, para fazer parecer que eles no sofrem no cativeiro.

“Eu acho que a expectativa de vida no parque, na verdade, maior. parecido com os seres humanos, como a medicina evoluiu, passamos a viver mais”, declara Montano, ressaltando o acompanhamento mdico que os animais tm no parque.

Ela cita um pinguim que passou por um tratamento com clulas-tronco como exemplo dos tratamentos avanados para os animais.

Aps a morte de Brancheau, a Justia americana proibiu os treinadores do SeaWorld de participar das apresentaes com as baleias dentro da gua. O parque disse que no tem expectativa de mudar a deciso judicial.

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