Ao entrar no Trintaeum Restaurante, no bairro Lourdes, em Belo Horizonte, é fácil se encantar com os gestos de acolhimento, os detalhes do ambiente e a proposta elegante de valorização da cultura alimentar de Minas Gerais. Comandada pela chef Ana Gabi Costa, a casa ganhou notoriedade por apresentar um menu que resgata os clássicos da cozinha mineira com sofisticação. Mas, além dos pratos autorais, há outro protagonista que merece atenção: o que se bebe no Trintaeum.
Vinhos, drinks e cachaças são tratados com o mesmo apreço dedicado à comida — e não por acaso. Toda a carta é composta por produtos exclusivamente mineiros, de pequenos e grandes produtores locais, resultado de um trabalho cuidadoso de curadoria feito por uma equipe de especialistas.
Quem conduz essa experiência sensorial são quatro nomes que dividem a responsabilidade pelas bebidas da casa: Alex Miranda e Cinira Varela (sommeliers de vinho), Pollyanna Ávila (sommelière de cachaça) e Cássio Batista (mixologista e sommelier de cachaça). Com passagens por restaurantes, vinícolas, escolas especializadas e projetos autorais, o time de sommeliers do Trintaeum representa diferentes trajetórias que se cruzam no propósito comum de exaltar o que Minas tem de melhor no copo — com elegância, precisão e muito conhecimento.
Mais do que uma decisão estética ou comercial, a escolha por oferecer exclusivamente bebidas mineiras é parte do DNA da casa. “Nosso trabalho contribui para o desenvolvimento regional, incentivando o turismo, valorizando os produtores locais e criando um senso de orgulho em torno da produção mineira”, destaca a equipe. A carta dialoga com a cozinha afetiva e sofisticada da chef Ana Gabi e, ao mesmo tempo, se posiciona como protagonista. O resultado é uma experiência coesa, que conecta insumo, história, técnica e território.
O Trintaeum oferece uma carta de vinhos 100% mineira
Com 24 rótulos distribuídos entre tintos, brancos, espumantes, doces e rosés, a carta de vinhos do Trintaeum propõe uma verdadeira viagem por Minas Gerais — das serras do Sul aos campos da Mantiqueira. São nove vinícolas mineiras contempladas, todas escolhidas com atenção à qualidade da produção, ao terroir e ao potencial de harmonização com a culinária da casa. A estrela é a uva Syrah, que se adaptou com excelência às altitudes e ao clima seco das regiões mineiras, sobretudo por meio da técnica da dupla poda — que inverte a colheita para o inverno e favorece safras mais concentradas.
Entre os destaques estão o Stella Valentino Gran Modestus Syrah, o Artesã Íngreme Syrah, o Stella Valentino Tempranillo Gran Reserva e o Relicário, da Casa Geraldo, que traz Marselan e Touriga Nacional em sua composição. A garrafa mais prestigiada da carta é o Gran Reserva Viognier, também da Casa Geraldo. Produzido com três safras consecutivas e uvas cultivadas a 920 metros de altitude na Serra da Mantiqueira, o rótulo impressiona pela complexidade aromática — com notas de damasco, flores brancas, coco e mamão — e pela estrutura redonda, com acidez equilibrada e toque amadeirado elegante.
Mais do que uma seleção de bons vinhos, a carta do Trintaeum propõe uma mudança de percepção: provar que vinhos nacionais — e, mais ainda, mineiros — podem, sim, figurar entre as escolhas mais nobres em um restaurante de alta gastronomia. A cada garrafa aberta, um novo olhar se abre também sobre o potencial vitivinícola do estado.
Drinks e cachaças com identidade local
Se a carta de vinhos impressiona, a coquetelaria do Trintaeum não fica atrás. Assinada pelo mixologista Cássio Batista, que também é professor da ABS e jurado da Expocachaça, a carta de drinks explora com maestria os insumos locais, com receitas autorais e releituras de clássicos — tudo com produtos exclusivamente produzidos em Minas. A proposta é catequizar o público para a cultura etílica brasileira, tendo a cachaça como símbolo e ponto de partida.
Entre os autorais, destacam-se o Cana Braba, com cachaça, caldo e talo de cana; o Galeguinho, versão leve com cachaça Guaraciaba Jequitibá, limão galego e capim-limão; e o Lagoinha, preparado com fermentado de caju, aquafaba e cachaça Princesa do Vale Amburana.
Já os clássicos como Negroni e Rabo de Galo ganham versões mineiras com vermute de jabuticaba artesanal, cachaças envelhecidas e finalizações aromáticas. O bar ainda oferece uma carta com 20 rótulos de cachaça, cuidadosamente escolhidos pela sommelière Pollyanna Ávila, com marcas históricas como a Colombina Cristal e a premiada Havana, de Salinas. E para quem prefere bebidas sem álcool, a casa desenvolve suas próprias sodas artesanais — sempre com um toque regional.
Uma experiência para beber Minas Gerais
No Trintaeum, beber também é comer com os sentidos. É degustar história, geografia e cultura em forma líquida. Sob a curadoria de profissionais apaixonados pelo ofício, as cartas de vinhos, drinks e cachaças da casa formam uma identidade coesa, que se alinha à proposta da chef Ana Gabi Costa e reforça o compromisso da casa com a produção mineira em todas as frentes. Não se trata apenas de harmonizar com os pratos, mas de brindar com Minas em cada gole.