Belo Horizonte é uma cidade cheia de curvas. De vários tipos. Começa nas inúmeras ladeiras. Quem reclama das de Salvador, nunca foi a Beagá. Tem também as linhas quase nunca retas que o estrelado arquiteto Oscar Niemeyer deixou no entorno da Lagoa da Pampulha e na Praça da Liberdade. Há os vistosos queijos e doces do Mercado Central. Se você considerar a Região Metropolitana, existem ainda os caminhos sinuosos entre árvores do Inhotim, que levam a obras de arte monumentais.
De Salvador há voos diretos da TAM, Gol e Azul e o trajeto dura entre 1h40 e 2h. Uma vez lá, bons bairros para se hospedar são Savassi e Lourdes, ambos no Centro. Além de haver ônibus executivo que sai do aeroporto e te deixa lá por menos de R$ 30, são locais de onde dá para ir andando para vários pontos turísticos ou pegar transporte público para lugares distantes com facilidade. Durante o dia chega a fazer um calorzinho, tipo 28, 30 graus. Mas à noite, a temperatura fica perto dos 15 graus. No mais, é preparar as pernas para subir e descer ladeiras.
Complexo Arquitetônico da Pampulha
A Igreja de São Francisco tem painéis de Cândido Portinari: principal ponto de fotos e selfies do Complexo Arquitetônico da Pampulha (Foto: Belotur/Divulgação)
Único candidato brasileiro ao título de patrimônio da humanidade (ONU), o Complexo Arquitetônico da Pampulha foi construído em 1943. A pedido do então prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitscheck (JK), nomes estrelados assinam o projeto, como Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx, Candido Portinari e Alfredo Ceschiatti.
A Casa do Baile também fica às margens do lago e impressiona pelas curvas da cobertura (Foto: Belotur/Divulgação)
O lago tem 18 quilômetros de extensão e quatro edifícios marcantes: a Igreja de São Francisco, o Museu de Arte Moderna, a Casa do Baile e a Casa de JK. A primeira é o principal point de turistas. Além de admirar as curvas externas, dá para entrar e ver a igrejinha, que é pequena, mas cheia de painéis de Portinari. A entrada custa apenas R$ 2.
A Casa de JK mostra um pouco do que era a decoração no Brasil dos anos 40 e 50: objetos originais da época que o ex-presidente morou lá (Foto: Victor Villarpando)
As demais atrações não cobram ingresso. A Casa do Baile é linda e mistura azulejos portugueses com jardim quase dentro da água. No fim da tarde, o reflexo da cobertura irregular no lago é um verdadeiro espetáculo. Já a exposição de dentro é bem genérica. O Museu de Arte Moderna atrai mais pela arquitetura, cheia de espelhos, e pelo jardim. Sempre tem fotógrafos fazendo book de casamento e de bebêzinhos. O pôr do sol também é legal por lá.
Fofíssimas, as capivaras são como nossos cachorros e gatos de rua: ficam vagando pelo entorno do lago (Foto: Victor Villarpando)
A Casa de JK é uma verdadeira viagem no tempo. Painéis de madeira, banheiros cheios de louça, geladeira antiga, discos e muitos móveis de madeira dão ideia de como era uma casa de luxo em meados do século passado. Entre um prédio e outro, impossível não observar as capivaras à beira do espelho d’água.
Instituto Inhotim
A galeria de Adriana Varejão é uma das 22 do Inhotim: muita arte (Foto: Belotur/Divulgação)
O Inhotim mistura museu de arte contemporânea e jardim botânico de uma maneira monumental. São 140 hectares com 18 galerias permanentes e quatro dedicadas a mostras temporárias. Nelas há obras de nomes como Tunga, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Yayoi Kusama, Doris Salcedo, Matthew Barney e Rivane Neuenschwander.
No total, são mais de 100 artistas brasileiros e estrangeiros (de 30 diferentes países), com cerca de 800 trabalhos, dos quais 200 encontram-se em exposição atualmente. Tudo em meio às bem conservadas porções remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado. A estrutura, bem diferente da de um museu com visitação convencional, permite aproximação das obras e circuitos ambientais.
A instalação Troca-Troca, de Jarbas Lopes: fuscas coloridos com latarias trocadas, em pleno jardim (Foto: Victor Villarpando)
Desde 2006, quando foi aberto ao público, o Inhotim já foi visitado por mais de 1 milhão de pessoas. Localizado na cidade de Brumadinho, a cerca de 60 quilômetros da capital mineira, o Inhotim funciona de terça a sexta-feira, de 9h30 às 16h30. Sábados, domingos e feriados, de 9h30 às 17h30. A viagem dura pouco mais de uma hora e o acesso é pelo km 500 da BR-381, no sentido BH/SP. Os ônibus saem da rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo às 8h15 e retornam no horário de fechamento.
Às quartas-feiras a entrada é grátis. Terça e quinta sai a R$ 25 e, nos demais dias, R$ 40. Separe R$ 20 para o passe nos carrinhos de golfe se não quiser andar muito. Muito mesmo.
Praça da Liberdade
O edifício Niemeyer é um dos destaques arquitetônicos da Praça da Liberdade, no centro da cidade (Foto: Belotur/Divulgação)
O Circuito Cultural Praça da Liberdade mostra um pouco da história de BH. E ainda é uma praça superarborizada e legal para um piquenique, bate-papo ou caminhada. São vários jardins, coretos e estátuas de mármore para deixar o canteirão central mais agradável. No entorno, ficam prédios importantes.
O Palácio da Liberdade pode ser visitado, gratuitamente, nos últimos domingos de cada mês (Foto: Belotur/Divulgação)
Tem o histórico Palácio da Liberdade, que depois de restaurado pode ser visitado, gratuitamente, nos últimos domingos de cada mês. Há também o curvilíneo edifício Niemeyer, que é residencial e só pode ser admirado de fora. A Biblioteca Pública e o Museu Mineiro são outras opções de boas coisas para ver por lá.
Pra adoçar o bico, o mais diferente que encontrei foi um sundae de marshmallow (R$ 6), de um fast food chamado Xodó. Fica no encontro da Rua Gonçalves Dias com a praça.
Edifício Maletta
O Dub é um dos bares do edifício Maletta: noite alternativa (Foto: Dub/Divulgação)
O prédio Arcangelo Maletta completou 58 anos mais jovem que nunca no centro de BH. Refúgio na época da ditadura militar, hoje é ocupado por todo tipo de gente que busca diversão na noite mineira. No térreo ficam dois restaurantes tipo família: um italiano e um chinês. Há também um bar comum, daquele com mesas de plástico. No andar de cima, além de um sebo de vinis e livros, há diversos bares com jeitinho hipster. Nada de gente engomada demais fazendo carão, sabe? O negócio lá é mais doidinho mesmo.
Entre os espaços, destaque para o Dub, que esconde grafites e drinques sofisticados, como o My Way (R$ 23), que mistura vinho branco, cardamomo, refrigerante de gengibre, purê de pera e gim. Pertinho dele está o Objetoria, que tem decoração retrô, com direito a videogames antigos e máquinas de escrever. Fica na esquina da Avenida Augusto de Lima com Rua da Bahia.
Mercado Central
O Mercado Central tem dezenas de stands com frutas, verduras, queijos, doces, artesanato e até botecos (Foto: Belotur/Divulgação)
Inaugurado em 1929, nasceu como a união das feiras da Praça da Estação e da praça da atual rodoviária. Os mais de 14 mil metros quadrados do terreno agrupam quase 450 lojas que vendem de tudo. Desde frutas, legumes e verduras até produtos tipicamente mineiros, como queijos diversos (inclusive o legítimo canastra) e doces de leite, goiaba, banana, marmelo e até de jiló. Há ainda stands de artesanato, ervas, raízes, panelas, louças, cachaças e até de animais vivos e suplementos alimentares. Isso sem falar nos botecos, onde dá para comer muita comida mineira.
Entre as bancas, destaque para o Rei dos Biscoitos (número 35). Tem um tubinho de sequilho com doce de leite (R$ 7,50) que é fantástico! Fica na Avenida Augusto de Lima, 744, próximo ao Minascentro. Funciona de segunda-feira a sábado, das 7h às 18h. Domingos e feriados, das 7h às 13h. Diariamente, cerca de 30 mil pessoas visitam o local.