“O turismo doméstico até hoje é o nosso principal público” – Tribuna … – Tribuna do Norte

Bate papo com Michel Vieira  –  mestre e professor de turismo da UFRN

Que impacto teremos de início com as operações do novo vôo?

Temos também uma melhora no emissivo, que é o pessoal de Natal indo para Buenos Aires. As primeiras a sentir são as agências de receptivo, que recebem esse turista, pois o vôo vai aquecer o fluxo de turistas argentinos para cá. Nós não temos um fluxo assim porque eles se concentram no sul do Brasil. Eu acredito que é, de fato, uma retomada (do turismo internacional).

Como teve início a movimentação do turismo internacional no RN?
Os (vôos) charters já chegam no século 21, mais forte a partir de 2001, com o vôo dos escandinavos e dos italianos. É quando você tem o boom do turismo internacional, mas em Natal o turismo doméstico já era forte com o Hotel Reis Magos e a Via Costeira. Até a construção da Via Costeira, os hotéis se concentravam no centro da cidade, você não tinha uma área hoteleira. Depois há a expansão para Ponta Negra, que se torna essa ilha turística. Mas o turismo doméstico até hoje é o nosso principal público, o internacional só ficou evidente no início dos anos 2000, muito associado à questão da divulgação, à facilidade dos próprios vôos e à reestruturação das rotas internacional.

Por que o turista estrangeiro é considerado “melhor” do que o nacional?

O turista estrangeiro tende a passar mais tempo e, dependendo do local de emissão, o poder aquisitivo dele é interessante, então vai gastar mais com atrativos, restaurantes, o que acaba por alegrar o trade.

Mas os argentinos gastam o mesmo que os brasileiros, não?

Argentinos passaram também por uma crise extensa, então eles não possuem um poder aquisitivo que cubra o dos escandinavos, por exemplo. Mas trazer argentinos para cá é importante, pois por mais que no Brasil você tenha uma grande quantidade de argentinos, eles ficam mais no sul. Assim como é muito importante que nós possamos ir para lá.

Em quê o Estado precisa investir para a chegada destes turistas?
Uma coisa que precisamos levar em consideração não é apenas a vinda (dos turistas), mas o acesso destas pessoas até Natal. Por mais que as pessoas reclamem da distância, é uma tendência mundial que os aeroportos estejam fora da cidade, por segurança. Mas é preciso, também, ter acessos ferroviários e vias mais expressas para estes aeroportos.  Divulgação tá aí, está sendo feita, mas também é preciso seguir esse lado mais estrutural. E tem que vir, senão a teoria do aeroporto se consolidar. Para o turismo ser bom para o turista, tem que ser bom, primeiro, para o residente.