Museu Imperial estuda substituição das pantufas usadas na visitação

Museu Imperial em Petrópolis (Foto: Fernanda Soares/G1)Pantufas são usadas na visitação ao Museu Imperial em Petrópolis (Foto: Fernanda Soares/G1)

Além de conhecer o palácio onde D. Pedro II se refugiava por longas temporadas durante o verão, os visitantes que passam pelo Museu Imperial, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, têm a divertida experiência de percorrer o interior do palácio calçando as clássicas pantufas. Agora, os chinelos que se tornaram marca da visitação ao museu desde a sua fundação, há 74 anos, podem ser substituídos. O impasse, já que uma parcela da população acredita que a mudança vai descaracterizar a tradição, está sendo decidido pelo diretor da instituição. Ele afirma que vem recebendo reclamações dos visitantes sobre a dificuldade de caminhar com as pantufas. Um novo modelo está sendo testado.

Pantufas do Museu Imperial em Petrópolis (Foto: Divulgação/Museu Imperial)Calçado é considerado tradição pelos moradores
(Foto: Divulgação/Museu Imperial)

Maurício Vicente Ferreira Jr., diretor do Museu Imperial, explica que abolir a pantufa está fora de questão, já que o imóvel é histórico e precisa de proteção. “Temos que pensar em uma solução diante das reclamações. Três fatores estão em questão: o custo, a confortabilidade e o imaginário dos visitantes”, observa ele, sobre a substituição das pantufas. Um modelo de sapatilha descartável, semelhante às usadas nos centros cirúgicos de hospitais, já foi testado e aprovado por alguns visitantes.

“É muito confortável. Parece que não estamos com nada nos pés e podemos andar normalmente, sem preocupação em perder o calçado”, afirmou um casal do Rio Grande do Sul que visitava o local pela primeira vez.

Novo modelo de pantufa testado no Museu Imperial de Petrópolis (Foto: Divulgação/Museu Imperial)Novo modelo descartável é testado
(Foto: Divulgação/Museu Imperial)

Segundo Maurício, só ano ano passado foram 342 mil visitantes calçando as pantufas. “Alguns deles afirmaram ter tido dificuldade para se locomover. Muitos não gostam dos chinelos, alegando que foram usados por várias pessoas, mesmo sabendo que todas as pantufas são higienizadas todos os dias”, exlica o diretor.

Maurício salienta que a mudança ainda não é definitiva e que a instituição está fazendo um estudo para avaliar a possibilidade.
 

Tradição é defendida pelos moradores da cidade
Em contrapartida, muitas pessoas, especialmente os petropolitanos, não concordam com a mudança por achar que vai descaracterizar uma tradição do museu e do imaginário dos visitantes.

“Sou nascida e criada em Petrópolis. A minha vida inteira visitei o museu usando a pantufa e achava o máximo. Para mim, é uma atração à parte. As pantufas fazem parte da história do museu. Não há porque tirá-las. Elas são patrimônio público também”, revela a jornalista Marcela Martins Loos, de 31 anos, que afirma ter várias histórias sobre as pantufas para contar.

Museu Imperial em Petrópolis (Foto: Fernanda Soares/G1)O atrativo é o que registra maior número de
visitantes (Foto: Fernanda Soares/G1)

“A maior parte da minha família mora em outros estados, mas sempre que alguém vem nos visitar, levamos ao museu. O encantamento com o local é indiscutível. Mas o assunto ‘pantufa’ nos traz muitas risadas. Sou totalmente contra a troca do calçado por materiais descartáveis. Não faz sentido. É como tirar a foto de D. Pedro e colocar de uma outra pessoa no lugar. Faz parte da cultura do museu”, lamenta Marcela.

O diretor do Museu entende que as tradicionais pantufas fazem parte da memória da maioria dos visitantes e explica que serão avaliadas maneiras de manter os clássicos chinelos na visitação.

“Em dias de chuva, no caso de mulheres que usam saltos, elas serão mantidas. Vamos estudar quais as situações aptas para o tipo de pantufa que pode ser adotado”, explica Maurício.