Na Cidade de Goiás, Cora Coralina está por todas as partes.
Em histórias contadas em becos estreitos de paralelepípedos, nos tradicionais doces cristalizados de Cora que são feitos até hoje e no casarão da Casa Velha da Ponte, seu eterno endereço.
Créditos: Eduardo Vessoni
Interior do Museu Casa de Cora Coralina, na Cidade de Goiás
Recentemente, o Viagem em Pauta voltou a Goiás Velho, o outro nome desse destino histórico a 140 km de Goiânia, para conhecer o novo projeto expográfico que levou tecnologia e interatividade ao Museu Casa de Cora Coralina, que funciona no mesmo local onde a poetisa nasceu e morreu.
No museu, reinaugurado no último mês de abril, os elementos ar, terra e água norteiam a exposição, uma ideia criada a partir de poemas da sua obra ‘Meu livro de Cordel’, explica a diretora do museu, Marlene Velasco.
O ar é representado pela poesia que sai em forma de fumaça, em uma das panelas em exposição na cozinha, onde Cora fazia os famosos doces cristalizados para engrossar a renda da casa.
Era ali que, em meio a ingredientes colhidos no quintal do fundo da casa, que a poetisa sempre tinha papéis e dicionário à disposição, no caso de ter uma inspiração repentina.
A terra é a poesia que sai da máquina de escrever de um dos quartos, cujas letras são projetadas em uma das paredes, com som nostálgico de teclas e tudo.
Créditos: Eduardo Vessoni
Quarto de Cora Coralina
A água é a poesia sobre a calha da bica de madeira de aroeira, localizada no porão da casa, onde até pouco tempo era usado como depósito.
O novo projeto, que deu maior visibilidade aos objetos expostos, inclui também uma sala de cronologia da vida de Cora –desde seu nascimento até o lançamento do livro ‘Medos e assombrações’, de 2016– com entrevistas antigas e declamações de poemas, além de um mapa interativo em que o visitante usa as próprias mãos para ativar dados biográficos da poetisa.
Créditos: Eduardo Vessoni)
Detalhe do quarto de Cora Coralina
A sala vizinha “Homenagens” relembra personagens marcantes na vida de Cora, em painéis com poemas dedicados a Seu Vicente, o caseiro daquela casa de estilo colonial, e a Maria Grampinho, a famosa mulher de rua que dormia no quintal de Cora.
O museu ganhou também novos poemas, em exposição em grandes painéis nas paredes; uma galeria com fotos de admiradores de Cora, como Jorge Amado e Lima Duarte; um espaço dedicado às condecorações como becas e medalhas conquistadas, ao longo de sua curta carreira de escritora, que publicou seu primeiro livro, em 1965, quando já tinha 76 anos, e aprendeu datilografia aos 70 anos.
Créditos: Eduardo Vessoni
Carta do poeta Drummond a Cora Coralina
A visita termina em uma sala de exposição de documentos, onde o visitante pode tirar uma foto com projeções de imagens de Goiás Velho e poemas de Cora, ao fundo. É nesta sala que está a famosa carta que o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade enviou a Cora, em 1979.
O projeto da Media Lab levou seis meses para ser concluído, a um custo de R$ 290 mil, e envolveu professores e doutorandos da área de mídia da UFG (Universidade Federal de Goiás).
Nos próximos meses, o local deve inaugurar também um centro de documentação, aberto ao público, e o Cora Café, previsto para outubro de 2016, com docinhos vendidos na caixa, como os que Cora preparava.
Projeto novo, velhas (e ainda) boas histórias e a mesma sensação de que aquela poetisa de palavras marcantes vai irromper por uma das portas desse casarão, às margens do rio Vermelho.
Espécie de protagonista das obras de Cora e da própria cidade, essa construção do século 18 abrigou os “recebedores do Quinto Real” e foi adquirida pelo trisavô de Cora, o sargento-mor João José do Couto Guimarães, em 1825.
E aquele casarão branco de janelas retangulares, bordeados por madeira, nunca mais deixou de ser da família.
Entre 1911 e 1956, Anna Lins dos Guimarães Peixoto, o nome de batismo de Cora Coralina, ficou fora de Goiás para morar no interior de São Paulo com Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas.
Casa Velha da Ponte
Créditos: Eduardo Vessoni
Vista da fachada do Museu Casa Cora Coralina, na Cidade de Goiás
Espécie de protagonista das obras de Cora e da própria cidade, essa construção do século 18 abrigou os “recebedores do Quinto Real” e foi adquirida pelo trisavô de Cora, o sargento-mor João José do Couto Guimarães, em 1825.
E aquele casarão branco de janelas retangulares, bordeados por madeira, nunca mais deixou de ser da família.
Faça um tour virtual pelo museu: eravirtual.org/cora
MUSEU CASA DE CORA CORALINA
Onde: Rua Dom Cândido, 20, Goiás Velho. Tel.: (62) 3371-1990
Quando: de terça a sábado, das 9h às 16h45; domingo, das 9h às 15h
Quanto: R$ 8
Informações: www.museucoracoralina.com.br