Muito além do “Golpe de 2016”: veja as disciplinas mais curiosas da …

Novidade na grade curricular do curso de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), a disciplina O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil segue dando o que falar. O Tribunal de Contas da União (TCU) está investigando a universidade por suposto “mau uso do dinheiro público”. Enquanto isso, as aulas começaram com segurança reforçada, para prevenir possíveis tumultos, e a ideia de discutir o assunto, inclusive, se espalhou por várias faculdades federais do país.

Mas, acredite, essa não é a única disciplina curiosa e polêmica entre as disponíveis nos cerca de 100 cursos superiores oferecidos pela UnB. O Metrópoles fez um levantamento e descobriu que há matérias de todos os tipos e para todos os gostos. Das controversas, como Pensamento LGBT Brasileiro, às incompreensíveis – Organografia e Sistemática Fanerofítica –, até aquelas de dar água na boca: Enoturismo, com direito à degustação de vinhos, à harmonização com pratos típicos e a idas a vinícolas e adegas.

Breve passeio pelos sabores
“Agora, eu sou a especialista em vinhos dos rolês”, brinca Fernanda Peixoto, 21 anos. Na metade do curso de turismo, a estudante garante que a disciplina Enoturismo mudou a relação dela com a bebida, além de apresentar os caminhos que pretende seguir daqui para frente. Um trecho da ementa da disciplina optativa já dá a ideia do que o aluno fará durante as aulas: um breve passeio pelos sabores dos vinhos.

“Esse passeio é, na verdade, uma caminhada maravilhosa”, garante a universitária, entre risos. Segundo ela, no decorrer do curso, aprendeu não apenas sobre os diferentes tipos de uva, como também passou a encarar o vinho como algo que faz parte das viagens e dos sonhos das pessoas.

Animada, a aluna já começa a organizar seu trabalho de conclusão de curso sobre o assunto e espera atuar no ramo, após formada. “Hoje, o turismo em locais que produzem vinhos só está crescendo e ainda faltam profissionais que entendam do assunto”, completa.

Fernanda lembra que, durante as aulas, ela e os demais estudantes conheceram vinícolas na região de Brasília, fizeram vaquinhas para bancar os rótulos das aulas de degustação e até cozinharam. Assim, aprenderem também os preceitos da harmonização entre a comida e a bebida.

Turismóloga e enóloga de formação, Mara Flora Lottici é a professora da turma. De acordo com a docente, a disciplina não é apenas sobre o vinho. Ela mostra os deslocamentos turísticos que ocorrem devido à cadeia produtiva da bebida.

“Atualmente, há passeios por vinhedos, corridas de rua motivadas pelo vinho, festas temáticas sobre o assunto. Tem gente que viaja o mundo todo atrás desses lugares, essa cultura está chegando ao Centro-Oeste também. Precisamos preparar os profissionais para lidar com isso”, enfatizou.





Também sobre bebida alcoólica, a disciplina Fundamentos de Produção de Cerveja é, na verdade, um pouco menos interessante na realidade da sala de aula. Os estudos, que envolvem muito mais contas matemáticas do que diversão, podem até frustrar as expectativas de quem imaginava ser como em uma mesa de bar.

Na ementa, a coordenação já explica que as aulas abrangem cálculos práticos aplicados à produção de cerveja, noções de tecnologia cervejeira, análise sensorial e até a legislação brasileira sobre a bebida. Por falta de professor, a disciplina foi retirada da grade curricular deste semestre, mas os alunos garantem que está entre as optativas mais concorridas do curso de engenharia química.

As polêmicas
Disponíveis para todos os estudantes de graduação da UnB, no Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam), algumas disciplinas geram bochicho entre eles. São elas: Cultura, Poder e Relações Raciais; Identidade de Gênero; Pensamento LGBT; e Processo Sócio-histórico Cubano.

JP Rodrigues/ Especial para o Metrópoles

Em ciência política, além de O Golpe de 2016, as matérias Pensamento Político Negro e Teoria Política Feminista são questionadas por alguns pais de alunos. O mesmo acontece com Sociologia das Diferenças Sexuais, na grade de ciências sociais. Uma aluna, que preferiu não se identificar, contou à reportagem ter presenciado diversos protestos contra professores que abordaram o tema feminismo em sala de aula.

Em nota, a universidade explicou que a criação de disciplinas, bem como suas respectivas ementas, é de responsabilidade das unidades acadêmicas, que têm autonomia para propor e aprovar conteúdos. “A UnB reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e opinião – valores fundamentais para as universidades, que são espaços, por excelência, para o debate de ideias em um estado democrático”, completou.

Curiosidades
No currículo de algumas matérias, só sendo muito especialista para entender do que se trata. O Departamento de Botânica é mestre no assunto: Morfologia e Taxonomia das Criptogamas e Organografia e Sistemática Fanerofítica são bons exemplos. Já para entender as disciplinas de agronomia – Forragicultura (estudo das pastagens), Nematologia (estudo dos vermes), e Cunicultura (criação de coelhos) –, só com muito Google.

Vale destacar também algumas disciplinas que são, no mínimo, interessantes, como: Decrescimento: Consumir Menos para que Todos Vivam Melhor, no Ceam; Memórias Gastronômicas e Gustativas – na qual alunos de turismo aprendem a “dimensão simbólica afetiva da comida” – , Sociedades Complexas, em antropologia; Ateliê de Histórias em Quadrinhos, para estudantes do curso de arquitetura e urbanismo; e Metodologia do Ultimate Frisbee, em educação física.

Tecnologia de ponta
Curiosidades à parte, a UnB também está se modernizando e matérias que trabalham diretamente com as novas tecnologias já fazem parte do currículo de várias disciplinas. O curso de ciência da computação, por exemplo, tem Desenvolvimento de Aplicativos, Estudos em Codificação e Criptografia e Estudos de Inteligência Artificial. Em engenharia mecatrônica, os alunos têm contato com Robótica, Robótica Industrial, Exploração de Petróleo em Alto-Mar e Princípios de Computação Gráfica, entre outras.

 

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