Mel Katita ensinou que o cão também deve ser hotel friendly

Queramos viajar no fim de semana, mas estvamos com o corao partido de deixar Mel Katita sob a custdia da vizinha. Adotada ainda filhote, no Centro de Controle de Zoonoses, a vira-lata reinava como filha nica havia mais de um ano e meio. Desde ento, seu contato com outros ces era puramente visual e, em geral, distncia, durante os passeios pelo bairro.

Decidimos lev-la conosco e comeamos a caada: que hotel a aceitaria? H 13 anos, no era to vasta a lista de estabelecimentos “pet friendly”. E ficamos eufricos quando a atendente de uma pousada em So Roque disse que ces eram bem-vindos por l.

Tudo reservado, pegamos a estrada no final da tarde de sexta. Chegamos ao hotel na hora do jantar e, para nossa frustrao, veio a notcia: na rea de refeies, Mel no podia entrar. Foi a primeira lio: preciso conhecer as regras antes de sair de casa.

A nica alternativa era deix-la no quarto: um chal, relativamente perto da rea comum. Estava um calor infernal. E o chal, at ento fechado, parecia um forno. Abrimos a janela, fechamos a porta e fomos jantar.

Os latidos de Mel viraram a trilha sonora da refeio, claramente incomodando alguns hspedes. De repente, pararam. Estranhei, mas quis acreditar que ela havia cansado e decidido dormir. Que nada! Em minutos, l estava Mel, no meio do restaurante, abanando o rabo. Tinha pulado a janela!

Encerramos o jantar e fomos para o chal. No dia seguinte, com muitas atividades, ela ficaria mais calma, e ns, mais sossegados.

Acordamos cedo para fazer a trilha, que era o grande atrativo local. E, claro, levamos Mel sem coleira. Afinal, para passear na coleira, poderamos ter ido ao Ibirapuera. No meio da trilha, porm, encontramos outros hspedes com um cachorro. E, para nossa infelicidade, ele e Mel no se deram nada bem.

Ningum chegou a se machucar, mas os dois tiveram que terminar a trilha no colo, porque no paravam de latir e rosnar um para o outro.

J era tarde de sbado e decidimos ir piscina. Prendemos Mel na coleira, ao lado da cadeira. Tudo parecia sob controle, at que a bola que os garotos brincavam na gua veio em nossa direo. E Mel, evidentemente, cravou os dentes no plstico e furou a bola!

Comeamos a perceber que nossa Mel Katita j no era mais to bem-vinda quanto imaginvamos no primeiro telefonema. E, antes que mais algum incidente ocorresse, pegamos a estrada de volta no domingo bem cedo. Avaliamos que passear com Mel pelo nosso bairro e ver um bom filme na TV seriam programas menos tensos para terminar o fim de semana.

De nossa saga em So Roque, ficou mais uma lio: no basta o estabelecimento ser amigvel, voc precisa se perguntar se o seu co tambm .