Belém é eleita uma das 10 melhores cidades gastronômicas do mundo pela Lonely Planet

Foto: Bruna Brandão\MTUR\Flickr

A capital paraense foi eleita uma das dez melhores cidades gastronômicas do mundo pela Lonely Planet — e é a única representante brasileira entre os quinze destinos selecionados. O reconhecimento, que coloca Belém na 7ª posição do ranking, vai além da valorização dos sabores: trata-se de um tributo à força cultural da culinária amazônica, à ancestralidade que pulsa em cada prato e ao talento de uma cidade que transforma biodiversidade em experiência.

O sabor como identidade

Localizada entre rios, mangues e mata densa, Belém carrega uma herança culinária marcada pela sabedoria dos povos originários e pela convivência com a floresta. Ingredientes como tucupi, jambu, pirarucu, castanha-do-pará, cupuaçu e o açaí servido salgado — sim, com peixe frito ou camarão seco — formam a base de uma cozinha que não segue modismos: ela os antecipa.

No Mercado Ver-o-Peso, um dos maiores mercados a céu aberto da América Latina, sabores e saberes se encontram. Lá, a tradição vive nas mãos de cozinheiras que servem pato no tucupi, maniçoba e caldos de peixe — não como receita, mas como ritual. Cada prato é uma narrativa que atravessa gerações, contada em panelas de barro, folhas de bananeira e raízes milenares.

Gastronomia com propósito

Desde 2015, Belém já ostenta o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco — reconhecimento que reforça o papel da culinária regional na inclusão social e no desenvolvimento sustentável. Agora, a nova lista da Lonely Planet amplifica ainda mais esse protagonismo, celebrando chefs que cruzam saber tradicional e técnicas da alta gastronomia em menus autorais, sempre com profundo respeito ao território.

Em um momento em que o mundo discute o futuro climático do planeta, Belém também se prepara para sediar a COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas. A previsão é que milhares de visitantes desembarquem na cidade em novembro deste ano — e se debrucem não só sobre o futuro da Terra, mas também sobre o presente vibrante de uma cultura que se alimenta da floresta e da sua gente.