Corpo de um turista morto no atentado a tiros em praia de Sousse, na Tunísia, é levado por paramédicos (Foto: Amina Ben Aziza/Reuters)
O primeiro-ministro da Tunísia, Habid Essid, revelou neste domingo (5) que o assassino do hotel de Sousse conhecia o setor turístico da cidade porque trabalhou nele, e advertiu que, para acabar com a doutrina jihadista é preciso trabalhar no terreno da educação.
Em entrevista divulgada hoje pelo jornal local “La Presse”, o chefe do governo voltou a admitir erros na segurança e insistiu que o trabalho deve ser feito de forma coordenada com outros países para reverter as ideias radicais dos jihadistas que retornam de combates na Síria e no Iraque.
“Agora sabemos que ele era membro de um clube de dança e que conhecia bem o setor turístico porque tinha trabalhado nele como animador”, afirmou.
Essid recalcou que é necessário investigar a fundo e refletir sobre o processo que levou Saifedine Rezgui a trocar a dança que gostava praticar pelo fuzil com que matou há uma semana 38 turistas estrangeiros na praia do hotel “Marhaba Imperial” de Sousse.
“Deve se fazer uma investigação profunda sobre a cultura e a educação e considerar que as reformas devem ser feitas levando em conta a economia e a educação”, ressaltou o chefe do Executivo.
“Hoje sabemos que o que leva os indivíduos a se aproximarem dos radicais são dificuldades financeiras ou algumas ideologias religiosas. Devemos estudar igualmente métodos para ‘desrradicalizar’ os jovens que retornam de lutas na Síria” junto ao grupo jihadista Estado Islâmico, acrescentou.
Ao fio deste argumento, Essid apostou pela cooperação com outros países, em particular com a França, “que enfrenta o mesmo problema. Trabalhamos juntos para encontrar a maneira de reabilitar os jovens jihadistas”, ressaltou.
Um dia depois do massacre, o governo tunisiano afirmou que não constava nos registros que o assassino tivesse viajado para o exterior.
No entanto, dias depois ele retificou essa informação e admitiu que Rezgui, de 23 anos e estudante na universidade de Kairouan, tinha recebido treinamento militar em campos jihadistas na Líbia e estava vinculado a uma rede que forma “lobos solitários”.
Fontes de Segurança acreditam que tenha estado em um campo controlado por Seif Allah Ben Hasine “Abu Iyad”, líder do grupo radical tunisiano Ansar al Sharia e um dos radicais islâmicos mais procurados do país.
“Abu Iyad” fugiu para a Líbia após o grupo ser considerado ilegal, e teria morrido em 16 de junho em um bombardeio dos Estados Unidos contra Mokhtar Belmokhtar, um dos líderes da organização da Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) na cidade líbia de Darna.
Embora o atentado – o segundo destas características na Tunísia em apenas três meses – tenha sido reivindicado pelo EI, as forças tunisianas creem quem como o primeiro, que matou 22 turistas no museu do Bardo, foi obra da Ansar al Sharia.
Desde o atentado em Sousse, 12 pessoas foram presas na Tunísia por seus supostos vínculos diretos com o massacre e centenas por sua suposta relação com o islã radical e com mesquitas salafistas que começaram a ser fechadas.
Os diretores de segurança e das administrações locais foram destituídos de seus cargos pelos erros na segurança. O presidente também decretou estado de emergência por pelo menos um mês.
“Os agentes da Guarda Nacional que chegaram a bordo de uma lancha Zodiac intervieram a tempo. mas como as desgraças nunca vêm sozinhas, seu fuzil travou”, afirmou.