Do Caribe à costa brasileira, uma nova geração de hotéis de luxo tem assumido um papel cada vez mais ativo na regeneração dos territórios onde estão inseridos. Não se trata apenas de minimizar impactos ambientais, mas de devolver valor às comunidades locais, apoiar culturas ancestrais e criar experiências que transformam não só os viajantes — mas também os lugares que eles visitam.
O movimento conhecido como turismo regenerativo vem ganhando força entre redes hoteleiras com propósito. De acordo com a “Declaração de Belém”, documento elaborado nas reuniões do G20 no Brasil, esse novo modelo de turismo deve ser “sustentável, resiliente e inclusivo” — três palavras que, para alguns empreendimentos, já são realidade concreta.
Selecionamos três projetos hoteleiros em diferentes partes do mundo que se tornaram referência nesse novo olhar: The Family Coppola Hideaways, em Belize; Nayara Hangaroa, na Ilha de Páscoa; e o brasileiro Grupo Filha da Lua, no Rio Grande do Norte.
Blancaneaux Lodge – Belize

No coração da selva tropical de Belize, Francis Ford Coppola ergueu não apenas um refúgio familiar — mas um modelo de regeneração. Desde sua abertura ao público na década de 1990, o Blancaneaux Lodge combina arquitetura nativa, práticas ecológicas e conexão com a cultura local.
O lodge funciona com energia hidrelétrica gerada por um riacho da propriedade, responsável por 85% da eletricidade usada no local. As piscinas são tratadas com sal, sem produtos químicos agressivos, e as construções priorizam a ventilação natural. Seu jardim orgânico de 3,5 acres abastece não só a cozinha do hotel, mas também convida os hóspedes a colherem seus próprios ingredientes para preparar ceviches de vegetais ou mojitos de capim-limão.
Mas o impacto vai além da sustentabilidade ambiental: artistas belizenhos têm espaço para se apresentar e ministrar oficinas, jovens locais recebem bolsas de estudo e parte da receita é destinada à principal clínica de saúde da região de Placencia. Aqui, cada detalhe é pensado para manter viva a essência do lugar — com elegância e autenticidade.
Nayara Hangaroa – Ilha de Páscoa

Situado no Pacífico Sul, no ponto mais remoto da Polinésia, o Nayara Hangaroa faz da regeneração cultural o coração da experiência. Localizado na mítica Ilha de Páscoa, o hotel foi projetado em harmonia com a arquitetura ancestral do povo rapa nui, com telhados verdes que mimetizam as antigas habitações cerimoniais e mantêm o controle térmico natural dos espaços.
O hotel opera com quase 100% de sua equipe formada por moradores da ilha, que compartilham com os visitantes sua herança, idioma e cosmologia. Programas internos de formação e certificação permitem que esses profissionais cresçam dentro da cadeia turística com autonomia. Além disso, o Nayara promove ações voltadas à educação, segurança alimentar e bem-estar familiar dos colaboradores, oferecendo moradia e transporte gratuito.
Mais do que um hotel, o Nayara Hangaroa atua como parceiro da ilha — honrando o território onde está inserido e abrindo caminhos para que os próprios habitantes definam o futuro de sua cultura.
Filha da Lua Eco Lodge – Pipa, RN, Brasil

À beira-mar, entre falésias e mata nativa, o Filha da Lua Eco Lodge nasceu com uma proposta clara: criar um santuário ecológico que respeita o solo, as águas e as pessoas. Suas 17 suítes sobre palafitas, com arquitetura inspirada em Bali, minimizam o impacto ambiental e se integram à paisagem da Praia das Minas, em Pipa, no Rio Grande do Norte.
O grupo, que também administra o Sempre Vivo e o Filha da Lua Barra, tem como base o tripé comunidade, natureza e educação. Através das escolas Hello Pipa e Hello Barra, mais de 500 crianças e mulheres da região já tiveram acesso a ensino vocacional e aulas de inglês. Na KiteMaster Academy, jovens são treinados para atuar como instrutores certificados de kitesurf, com foco na proteção da vida marinha.
A cadeia de valor ainda inclui a Fazenda Pachamama, com 11 hectares dedicados à agroecologia e à permacultura. Os alimentos produzidos ali abastecem os hotéis e também são usados em oficinas abertas à comunidade sobre compostagem, hortas orgânicas e práticas de regeneração ambiental.
Em Pipa, o luxo se reinventa: não é sobre ostentação, é sobre devolver vida onde ela é mais necessária.
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