Gastronomia do Pará na COP 30: sabores da Amazônia em destaque em Belém

Foto: Bruna Brandão\MTUR\Flickr

Com ingredientes que narram histórias de ancestralidade e biodiversidade, o Pará se prepara para ser muito mais do que sede da próxima Conferência da ONU sobre mudanças climáticas. À medida que Belém se transforma no centro das atenções globais com a COP 30, os sabores da Amazônia ocupam um lugar de destaque, seduzindo visitantes do Brasil e do mundo com uma culinária que combina tradição, sustentabilidade e inovação.

A cozinha paraense é feita de raízes — no sentido literal e simbólico. Do tucupi ao jambu, das castanhas ao açaí, cada ingrediente carrega uma geografia, um modo de viver, um tempo de preparo e uma sabedoria ancestral. E é justamente essa conexão profunda com a terra e seus ciclos que tem despertado a curiosidade de um público em busca de experiências autênticas e conscientes.

Com apoio do Sebrae no Pará, empreendedores locais vêm se preparando para essa nova etapa, apostando na formação multicultural e na ampliação de cardápios que acolhem desde vegetarianos até viajantes interessados em provar iguarias exóticas da floresta. A expectativa é que a gastronomia da região se consolide como um dos grandes atrativos da COP 30 — e além.

“O público que virá a Belém é atento ao caminho do alimento, da origem ao prato. Sustentabilidade, inclusão e respeito à cultura local são ingredientes obrigatórios”, explica Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae/PA.

Iguarias com identidade — e histórias para contar

Poucos pratos traduzem tão bem a alma do Pará quanto o tacacá, caldo quente servido com jambu, goma de mandioca e camarão seco. Na banca Tacacá Raízes da Mandioca, no centro histórico de Belém, a receita é passada de geração em geração há mais de seis décadas. Segundo a proprietária, Ivanete Pantoja, a procura pelo prato deve crescer até 30% durante o evento. “É um patrimônio cultural que agora ganha o mundo”, afirma.

Outro ícone da culinária local é o pato no tucupi, servido com arroz branco e molho à base de mandioca fermentada. Já a maniçoba, prato elaborado com folhas de mandioca brava cozidas por dias, oferece uma lição sobre paciência, técnica e transmissão oral de saberes.

E há espaço também para os curiosos e aventureiros: o turu, um molusco nativo da Ilha do Marajó, é estrela de experiências gastronômicas oferecidas por operadores como a Edgar Transporte & Turismo, que alia degustação com vivência nas comunidades ribeirinhas.

A viagem sensorial não termina nos pratos salgados. Os mercados paraenses — como o tradicional Ver-o-Peso — revelam geleias, doces e sobremesas feitos com açaí, cupuaçu, bacaba, muruci e castanha-do-Pará. Em Santarém, a loja Amazoniere vem conquistando o paladar de visitantes e chefs com chocolates artesanais produzidos a partir de ingredientes amazônicos.

Mais do que uma tendência, a gastronomia do Pará surge como uma ferramenta de diplomacia cultural, capaz de apresentar ao mundo uma Amazônia que se alimenta de memória, natureza e respeito. Durante a COP 30, provar os sabores locais será também um ato de escuta — ao território, às tradições e aos futuros possíveis.