Ubatuba tomba cachoeiras para evitar que obras alterem o meio ambiente

As cachoeiras de Ubatuba, no litoral norte de SP, esto perto de ganhar um novo status: o de patrimnio turstico, paisagstico e ambiental.

Aprovada no fim de maio pelos vereadores, uma lei que protege as quedas de gua e probe obras a 500 metros delas deve ser assinada pelo prefeito Maurcio Moromizato (PT) neste domingo (7), no encerramento de um evento sobre meio ambiente.

A lei uma resposta da prefeitura a uma briga que se arrasta desde 2013, entre moradores do bairro Serto da Quina e a Sabesp, responsvel pela construo de uma barragem acima de uma conhecida cachoeira da regio.

Ricardo Hiar/Folhapress

Ubatuba, no litoral paulista, tomba cachoeiras para evitar que obras alterem o meio ambiente
Cachoeira da Renata, em Ubatuba; cidade tomba cachoeiras para evitar que obras alterem regio

Os moradores no se dizem contrrios obra, mas ao local onde ela est sendo feita.

Para eles, a mudana na legislao, apesar de ser uma vitria, incapaz de evitar que a cachoeira da Renata, como chamada, desaparea devido obra de captao.

“Nesse caso, a lei veio tarde”, diz Conceio Santos, do movimento SOS Cachoeiras.

A descaracterizao tida como certa pelo secretrio do Meio Ambiente de Ubatuba, Juan Prada. “O impacto ambiental baixo, mas haver impacto paisagstico e cultural. A obra deve alterar as caractersticas do curso de gua. No sabemos como vai ficar o interesse turstico.”

PROTEO

Para ele, a lei proteger as demais cachoeiras num momento em que a crise hdrica exigir da Sabesp mais obras de captao de gua.

A cachoeira da Renata chega a receber cerca de 600 turistas por dia durante a alta temporada, segundo Helaine Pedroso, tambm integrante do movimento de moradores.

“A gente j fez o que podia para preservar a cachoeira. J paramos rodovias, entramos com ao e fizemos pedidos a todos os rgos. Nos reunimos at com a Dilma Pena [ex-presidente da Sabesp], mas de novo nos disseram: ‘Temos todas as autorizaes. O que podemos fazer?'”, diz.

Ela e outro integrante do movimento foram processados pela Sabesp por supostamente impedir, durante uma manifestao, que funcionrios trabalhassem na obra. Helaine nega e afirma que o processo foi para intimid-la.

A Sabesp no quis comentar o caso. O rgo afirma que a barragem j est concluda e que finaliza a instalao de uma adutora na cachoeira.

A companhia nega que a construo ir descaracterizar o local e afetar o turismo. “As obras iro beneficiar com o sistema de abastecimento at 50 mil pessoas na alta temporada”, diz, em nota. A empresa diz ainda ter todas as licenas ambientais.