Turismo colaborativo: Jovem conta como é viver em ecovilas

Alexandre Moreira Filho, 27 anos, idealizador da página “Diário de Ecovilas“, é um jovem que, aos 15, leu uma matéria sobre ecovilas, se encantou com a proposta e que aos 23 tornou o sonho em realidade. Ele já viajou por mais de quatro Estados, visitou dezenas de projetos permaculturais e ecovilas, tem um monte de histórias e experiências para compartilhar, mas hoje vai nos contar como foi o início de sua jornada na Ecovila El Nagual, no Rio de Janeiro.

Ecovila El Nagual, no Rio de JaneiroEcovila El Nagual, no Rio de JaneiroEcovila El Nagual, no Rio de Janeiro

Créditos: Arquivo pessoal

Ecovila El Nagual, no Rio de Janeiro

Quem sabe ele não te inspira para começar a sua? Confira!

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Muitas pessoas me perguntam como eu fiz para morar em ecovilas e como eu venho fazendo há cerca de três anos. Então, vou contar para vocês como foi o meu caminho até elas, começando pelo primeiro e mais importante passo.

Minha primeira conexão com o universo das Ecovilas, foi em uma vivência de três semanas na Ecovila El Nagual, localizada em um vale na Serra dos Órgãos no Rio de Janeiro, entre grandes montanhas rochosas e uma selva exuberante, há poucos metros da Cachoeira do Monjolo. Um paraíso tão minimalista quanto cada caquinho de azulejo que dão formas e enfeitam o lugar. Lembrando-nos do mundo encantado feito com mosaico de Gaudi.

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Créditos: Arquivo pessoal

Alexandre , que há cerca de três anos mora em ecovilas

A técnica é empregada com maestria por Mariana Devoto, que é co-fundadora da Ecovila junto ao seu marido Eraldo, outro mestre e legítimo permacultor que vive com brilho nos olhos e conectado à natureza. Residem juntos há mais de 25 anos sempre em comunidade com muitas pessoas, que se unem à jornada para experienciar outra forma possível de viver, com mais simplicidade, baixa pegada ecológica e vida em abundância.

Mariana Devoto e Eraldo no Ateli da Ecovila El NagualMariana Devoto e Eraldo no Ateli da Ecovila El NagualMariana Devoto e Eraldo no Ateli da Ecovila El Nagual

Créditos: Arquivo pessoal

Mariana Devoto e Eraldo no Ateliê da Ecovila El Nagual

Durante minha vivência tive a oportunidade de participar da construção de uma casa na árvore, mutirão de bioconstrução, agrofloresta, aprendi sobre tecnologias sociais como Dragon Dreaming e tudo o que até então era um mundo totalmente desconhecido para mim e que mudou totalmente o sentido da minha vida.

Paguei um preço justo que me deu direito à alimentação, hospedagem e tudo que lá aprendi na prática. Mas a verdade é que essa experiência me deu em troca algo de valor inestimável: encontrei uma família. Todos distintos entre si, porém com um mesmo objetivo, transmitir a verdade que nos vem do coração. Como é bom estar junto com pessoas que te olham nos olhos e te escutam além das palavras, transmitem a todo o momento amor e gratidão, que cultivam a moral como um valor profundo e buscam uma vida simples mesmo com a abundância que nos dá a natureza. Foram apenas três semanas em que o tempo se tornou relativo, pois o que levo daqui transcende a toda uma vida e chegará às próximas gerações.

Galera reunida na Ecovila El Nagual, eu sou este primeiro de azul sentado  esquerda da fotoGalera reunida na Ecovila El Nagual, eu sou este primeiro de azul sentado  esquerda da fotoGalera reunida na Ecovila El Nagual, eu sou este primeiro de azul sentado  esquerda da foto

Créditos: Arquivo pessoal

Galera reunida na Ecovila El Nagual, eu sou este primeiro de azul sentado à esquerda da foto

Após a vivência recebi o convite para residir na ecovila. Trocando trabalhos por moradia e alimentação, permaneci durante mais 6 meses. Realmente foi uma das experiências mais marcantes que tive na vida. Aprendi muito, fiz amizades, laços que me deram forças para seguir por esse caminho. Conheci a galera do Instituto Pindorama, lugar para onde fui continuar minha jornada, mas essa é outra história que também vale ser compartilhada.

Construo de telhado verde na Ecovila El NagualConstruo de telhado verde na Ecovila El NagualConstruo de telhado verde na Ecovila El Nagual

Créditos: Arquivo pessoal

Construção de telhado verde na Ecovila El Nagual

Então, se você assim como eu também deseja viver em uma comunidade e não sabe como, procure lugares que tenha afinidade com o que você busca, entre em contato com eles, conte sua história, suas habilidades, interesses e formas nas quais poderia contribuir com o desenvolvimento do local e projeto. Se tiver condições faça também cursos e vivências para conhecer pessoas do meio, que as portas vão se abrindo.

Essa é uma transição profunda e requer tempo e maturidade para aprender e saber se realmente estamos aptos a conviver em comunidade. E como todo grande caminho se trilha a partir de pequenos passos, é melhor ir provando aos poucos este convívio antes de entrar de cabeça e se unir a um grupo, por exemplo. Assim, vamos nos preparando aos poucos e tomamos decisões mais segura a partir de casos reais, ao invés de nos guiarmos pela medo ou vontade de fugir, já que isso é impossível, pois levamos conosco toda nossa bagagem, costumes, vícios e virtudes até então adquiridos pelos moldes pré-estipulados pela sociedade moderna.

Hoje já temos uma plataforma como a Worldpackers para viagens colaborativas que facilita a possibilidade de muitas outras pessoas usufruírem de uma experiência  parecida com a minha de forma simples, acessível e segura. Experimente, conecte-se e empodere-se do seu sonho. Existe uma forma para torná-lo real, basta dar o primeiro passo com consciência e lucidez!

Relato por Alexandre Moreira Filho

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