Turismo: a retomada do crescimento – Tribuna do Norte

Henrique Alves
Ministro do Turismo

Num ano desafiador como 2015, o turismo surge como alternativa para o Brasil retomar o crescimento econômico registrado num passado recente. Para o setor desenvolver todas as suas potencialidades, no entanto, ele precisa ser encarado como estratégico, com profissionalismo e seriedade. Gargalos históricos precisam ser atacados. Marcos regulatórios têm de ser revistos, estruturas institucionais precisam ser modernizadas e ações de promoção para atração de turistas e investidores devem receber uma injeção de agressividade.

A participação do turismo no Produto Interno Bruto nacional é de 3,7%, maior que o PIB global de mais de 100 países, entre os quais o Uruguai, Costa Rica, Panamá. Apesar de representativo, o percentual é baixo quando comparado com outras nações que enxergam no turismo um vetor de desenvolvimento econômico, como o México, onde o turismo responde por 8,7% do PIB, ou a França, com 7,2%.

A chegada de estrangeiros é outro indicador que revela a necessidade de se promover um choque de gestão no setor. Enquanto a Tailândia recebeu mais de 24 milhões de turistas estrangeiros em 2014, o Brasil registrou a entrada de 6 milhões de visitantes de fora do país. Se compararmos com os gigantes do setor, como a Itália (46,1 milhões), Espanha (56,2 milhões), Estados Unidos (62,7 milhões) e França (81,4 milhões), os dados ficam ainda mais emblemáticos. Só em 2014, por exemplo, mais de 100 milhões de chineses viajaram pelo mundo. O Brasil foi o destino escolhido por 0,077% desse total (77 mil).

No mercado interno também temos um espaço promissor para crescer. Dos mais de 200 milhões de brasileiros, apenas 62 milhões consomem o turismo. Estudos realizados pelo Ministério do Turismo revelam que outros 70 milhões de brasileiros poderiam incluir nosso setor na cesta de consumo. Ou seja, temos um potencial para mais que duplicar o nosso mercado interno. O desafio é tornar os nossos destinos mais atraentes e amigáveis para esse público.

Enganam-se aqueles que pensam que os destinos turísticos nascem naturalmente ou que os atrativos do meio ambiente são suficientes para transformar um lugar num destino. É preciso garantir acesso, infraestrutura básica, qualificação e saneamento para os moradores locais. Estamos tratando de uma indústria limpa, criativa e inovadora.

Vivemos num país que é considerado, pelo Fórum Econômico Mundial, o número um em recursos naturais do planeta, mas recebemos apenas sete milhões e trezentos mil visitantes em todos os parques nacionais brasileiros em 2014. Os quatro parques nacionais mais visitados dos Estados Unidos recebem vinte e um milhões e trezentos mil visitantes por ano. É quase três vezes mais que os 69 parques nacionais brasileiros.

Os ministérios do Turismo e do Meio Ambiente já iniciaram uma agenda conjunta para otimizar os ganhos econômicos e financeiros com os atrativos naturais. Essa é a forma mais moderna de garantir a preservação da natureza, dentro da lógica conhecer para preservar. Quero dedicar especial atenção a pauta. Desatar os nós que travam os investimentos e impedem as comunidades que vivem nos arredores dessas unidades sintam ganhos reais do turismo e tenham as suas vidas transformadas.

Temos uma grande oportunidade pela frente com a realização dos Jogos Olímpicos. Durante a Copa do Mundo, recebemos a visita de mais de um milhão de estrangeiros em 491 cidades. Mais de 95% destes revelaram a intenção de voltar ao Brasil. Se, na ocasião, tínhamos 18 mil jornalistas acompanhando o evento e mostrando o Brasil para o mundo, na Olimpíada esse número será ainda maior: 25 mil profissionais de imprensa para a cobertura dos Jogos, o que aumenta ainda mais a nossa exposição.

Mas como fazer para nos posicionar como destino para os milhões de turistas que viajam pelo mundo? A necessidade de obtenção de visto dificulta a vinda dos estrangeiros? Quais são as opções para diversificarmos a nossa oferta para além do sol e praia? Como motivar os brasileiros a ficarem no país durante as férias ou motivá-los a fazerem viagens domésticas nos feriados? Como atacar os custos? São questões para quais as respostam passam necessariamente pelo trabalho em conjunto entre governo e iniciativa privada, dois atores interessados em tornar o turismo a mola propulsora da retomada do crescimento econômico do país.

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