Terrorismo » Tunísia quer garantir segurança do turismo após …

Equipes médicas tunisianas carregam mulher ferida em atentado em Sousse, em 26 de junho de 2015. Crédito: Mohammed Fliss/AFPEquipes médicas tunisianas carregam mulher ferida em atentado em Sousse, em 26 de junho de 2015. Crédito: Mohammed Fliss/AFPDois dias após o ataque contra a praia de um hotel na Tunísia, em que 38 pessoas morreram, o mais sangrento na história do país, as autoridades buscam maneiras de garantir a segurança das infra-estruturas turísticas.

Condenado como “bárbaro” pela comunidade internacional, o ataque foi lançado por um estudante tunisiano que entrou no hotel Riu Imperial Marhaba, em Port El Kantaoui, perto de Sousse (140 km ao sul de Túnis), com um fuzil kalachnikov escondido e disparou contra os turistas.

Entre as 38 vítimas fatais, há 15 britânicos, uma belga, um alemão, uma irlandesa e uma portuguesa, anunciou o ministro tunisiano da Saúde, Said Aidi, acrescentando que 39 pessoas ficaram feridas. Entre eles, 25 britânicos, sete tunisianos e três belgas.

Enquanto isso, o governo britânico alertou neste domingo sobre a “possibilidade” de outros ataques na Tunísia. É o pior ataque em número de mortos do Reino Unido desde os atentados de Londres 2005, que deixaram 56 mortos.

O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque e afirmou que o homem identificado pelas autoridades como Seifedin Rezgui, nascido em 1992 e estudante em Kairuan (centro), matou “pessoas dos Estados da Aliança Cruzada”.

Trata-se de uma alusão à coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos que bombardeia seus redutos na Síria e no Iraque.

No sábado os ministros do Interior e do Turismo avaliaram meios para proteger os locais turísticos e as praias mediante unidades armadas da polícia.

Horas após o ataque, que compromete seriamente a temporada turística, o primeiro-ministro Habib Essid anunciou um plano “excepcional” e a implementação “de unidades de segurança, armadas, ao longo de todo o litoral, e dentro do hotéis, a partir de 1 de julho”.

‘Um deserto’

Após o ataque da última sexta-feira e do Museu do Bardo em março (22 mortos, 21 deles turistas), também reivindicado pelo EI, a Tunísia não pode evitar tomar “medidas duras”, afirmou o ministro do Interior Najem Gharsalli.

O Conselho de Segurança Nacional se reunirá no domingo na sede da Presidência, em Cartago, para decidir “medidas complementares” após o massacre.

Com 1.000 quilômetros de litoral, inúmeras praias e sítios arqueológicos de renome internacional, a Tunísia foi durante muito tempo o destino preferido dos operadores turísticos europeus.

Desde a Primavera Árabe que começou na Tunísia em 2011, o país enfrenta uma crescente ameaça jihadista, que ataca principalmente o turismo. O setor representa mais de 7% do PIB da Tunísia e gera quase 400.000 empregos diretos e indiretos.

“Desde sexta-feira aqui virou um deserto”, comentou Imed Triki, um comerciante de Susa. “Não são os tunisianos que vão salvar a temporada turística, e os turistas vão evitar a gente durante um bom tempo”, afirmou.

As reservas já haviam caído muito após o atentado do Bardo e desde sexta-feira os turistas correm para deixar o país. De acordo com os operadores turísticos britânicos e belgas, um total de 4.500 turistas serão repatriados.

A Tunísia ainda não divulgou a lista oficial de mortos e as autoridades de saúde explicaram que as vítimas usavam apenas roupas de banho no momento do abate, sem levar seus documentos de identidade.

Neste domingo, em frente a um hotel perto do Imperial Marhaba, o local de abate, quinze estrangeiros ainda se bronzeavam na praia, segundo um jornalista da AFP.

Além dos ataques contra turistas, dezenas de soldados e policiais foram mortos desde a revolução de 2011 em atos violentos, principalmente na montanha Shambi (centro-oeste), reduto da principal milícia jihadista na Tunísia.

A Tunísia também tem fornecido o maior contingente de cidadãos – cerca de 3.000 – para grupos jihadistas na Síria, Iraque e Líbia.

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