Sete praias que flertam com o surreal

Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado

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Que tal se surpreender com inusitadas praias brasileiras? Praias que diante de águas inquietas dependendo da maré, ora doce, ora salgada, tem-se a impressão que vão desaparecer, ou então inundar a Terra. Praias nas quais se vê a força criadora da natureza em evidente metamorfose. Lugares onde, segundos antes do nascer do sol, explode uma vida misteriosa, sob a forma de um concerto entoado por centenas de pássaros.

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Praia do Urubu, ilha Mexiana
No encontro de dois gigantes, o Rio Amazonas com o Oceano Atlântico, fica a ilha Mexiana. Em eras passadas ela foi dividida ao meio pela violência das águas da pororoca. Essa ilha, do arquipélago de Marajó, é cortada também pela linha do equador, o que vale dizer tudo em demasia: sol, chuvas torrenciais, fartura de vida vegetal e animal. Esse fim do mundo reforça o ambiente de aventura.

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Praia do Parazinho, Amapá
“Viver exige audácia”, a frase da escritora Clarice Lispector (1920-77) se insere perfeitamente no trajeto a essa praia. Localizada no arquipélago de Bailique, no Amapá, seu acesso já é provocador. Navega-se por doze horas na foz do Amazonas até Bailique, e de lá mais vinte minutos de voadeira (pequeno barco a motor), entre os canais dessas ilhas até chegar em Parazinho. Essa praia de areias cor de cavalo baio, banhadas por águas cor de sol tem sete quilômetros de extensão. Sua largura depende da época do ano e da tábua de marés, e suas areias são procuradas pelas tartarugas-da-amazônia para a desova.

Nessa região primeva, onde ninguém ainda apareceu para ser dono da bola e do campinho, as ondas nervosas, muitas delas provocadas pela pororoca, instigam surfistas e praticantes do kitesurf de sanha brava. Além disso, é um excelente lugar para longas caminhadas observando a flora e fauna do lugar, em especial as revoadas dos guarás-vermelhos.

Dicas – Não esqueça de levar sua rede e ou saco de dormir, pois a infraestrutura local é precária. Para acampar na praia de Parazinho, que por sua importância foi transformada em Unidade de Conservação pelo Ibama, é necessária uma autorização desse órgão concedida em Macapá. Outra boa dica é que da Vila Progresso, em Bailique, pode-se alugar uma voadeira até a foz do rio Araguari, para observar (com muito cuidado) a maior das pororocas.

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Pacatuba, Sergipe
Pacatuba oferece tal riqueza de imagens que até mesmo engana o olhar dos viajantes. À primeira vista este litoral, a 45 km de Aracaju, pode ser confundido com o Pantanal, tal a riqueza de suas lagoas. Outra mirada talvez afirmasse estar diante dos Lençóis Maranhenses. Dunas altíssimas de areia dourada escondem lagoas de águas turquesas, além de coqueirais e mangues por onde passeiam rebanhos de cabras selvagens. A natureza dali se completa na Reserva Ecológica Santa Isabel e no Centro de Estudo das Tartarugas Marinhas do Projeto Tamar.

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Praia da Princesa, Pará
Dunas de areia fina, macia e alvíssima deram o nome à ilha de Algodoal, distante 200 km de Belém. Ali, diante de um mar descomedido, que dependendo da maré parece que vai desaparecer ou então inundar o mundo, surge a Praia da Princesa, que é mais uma prova de que as praias do norte transitam entre a magia e o realismo. Chega-se à ilha, sempre dependendo da forte maré, em uma hora de travessia de barco, saindo do trapiche de Marudá. Na viagem é comum a presença dos botos que curiosos saltam para fora d´água, parecendo gostar de seguir as embarcações.

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Praia da Sogra, Sergipe e Bahia
Esta praia, sob o sol cintilante do nordeste, tem uma pegadinha. Quando menos se espera ela desaparece e te deixa na mão. Mão não! Direto na água, pois dependendo da maré ela vem ou vai. Conta-se a história que um pescador a fim de dar um corretivo na sogra reclamona, deixou-a sozinha na praia catando mexilhões. E só foi buscá-la quando a água já ia pelo pescoço da pobre coitada. Dizem que aprendeu a lição. Essa praia só pode ser alcançada por barcos, que depois de margearem mangues, atracam em suas areias branquíssimas.

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São Gabriel da Cachoeira, Amazonas
Localizada na Cabeça do Cachorro, como é conhecida essa região no mapa do Brasil, apresenta um conjunto altamente diversificado de paisagens florestais únicas. Todas têm em comum os rios que as serpenteiam e que, com a estiagem de outubro a fevereiro, desenham praias de rara beleza.
O amanhecer nas praias formadas pelo Rio Negro, em frente a cidade de São Gabriel da Cachoeira, surpreende. Ainda sob a névoa matinal que ensombrece a Serra de Curicuriari, com a silhueta da “Bela Adormecida”, como é chamada a formação que lembra uma jovem dormindo, tons quentes de carmim e laranja, se espelham nas águas escuras do rio. Instante mágico

Como chegar – De Manaus a São Gabriel da Cachoeira são 1.150 km pelo Rio Negro, segundo maior rio em volume de água do mundo depois do Amazonas. Em horas de voo são quase três horas.

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Praia da Foz do Rio São Francisco, Sergipe e Alagoas
Alguns lugares têm o dom de provocar amor à primeira vista aos aventureiros. A foz do São Francisco, na divisa de Alagoas e Sergipe, pouco mais de 23km de Piaçabuçu, é um desses. Ela é bela na sua simplicidade.
Mar e vento entram na jogada dando de bandeja uma natureza pródiga para surfistas e kitesurfers. Mas quem é dona ali do pedaço são as marés. Entre o real e o fantástico as águas do lado sergipano engolem praias, e fizeram desaparecer em poucas semanas o povoado de Cabeço e seu farol. Do lado, alagoano, a maré brinca e vai deixando o novo farol cada vez mais longe do mar.

Como chegar – De Piaçabuçu até o Pontal do Peba, área de preservação de tartarugas marinhas, e uma das maiores reservas de camarões do nordeste, até a foz são 22 km. Quando a maré permite o trajeto pode ser feito de buggy pelas praias.

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