Safra 2016 consagra a diversidade do vinho brasileiro

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    Um total de 16 amostras de vinho foi selecionado entre 75 representativas da safra de 2016 - Foto: Gilmar Gomes | Divulgação

    Um total de 16 amostras de vinho foi selecionado entre 75 representativas da safra de 2016

As vinícolas brasileiras, ao contrário do que muitos pensam, estão produzindo vinhos de excelência. Enólogos brasileiros, e de diversas partes do mundo, participaram na semana passada, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, da 24ª Avaliação Nacional de Vinhos.

O encontro anual, promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), reuniu mais de 850 degustadores e enólogos de países produtores como Grécia, Chile, Estados Unidos, França, Guiana, Reino Unido, Uruguai e Brasil.

Na “carta de vinhos do dia”, eles ficaram encarregados de apreciar 16 amostras selecionadas entre as 75 (30%) mais representativas da Safra 2016, classificadas em um cenário de 241,  produzidas em 46 vinícolas de mais de 10 microrregiões produtoras. A avaliação prévia técnica foi feita por 90 enólogos no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, parceira técnica do evento, que analisaram, no mês de agosto, vinhos de 11 variedades diferentes.

A maior diversidade ficou com as tintas que, além das habituais Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, também estrelaram com a Marselan, Tannat, Tempranillo e Alicante Bouschet. Entre as brancas, destaque para a Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscato Giallo e Riesling Itálico.

Variedades

O enólogo Juliano Perin, presidente da ABE, ressaltou que o grande valor da Avaliação está na representatividade e na promoção dos vinhos brasileiros. “Com diferentes solos e condições climáticas, o Brasil tem potencial para cultivar muitas variedades de uva e produzir vinhos diversos. Isso apareceu na multiplicidade de amostras inscritas e se comprova no resultado que apresentamos ao público, pois foi o ano em que a Avaliação classificou a maior diversidade de variedades”.

Embora amostras de diversas regiões brasileiras, inclusive do Vale do São Francisco (BA e PE), tenham sido coletadas pelos enólogos, todas as 16 selecionadas foram da Serra Gaúcha. Vinícolas grandes como Salton, Miolo e Casa Valduga estavam entre elas, mas  é bom ressaltar que os produtores de vinho que trabalham com menor escala, como a Dal Pizzol, também foram eleitas entre os melhores rótulos. 

Em 24 safras, a Avaliação Nacional de Vinhos já apreciou 5.522 amostras, sendo 241 nesta edição, e o público reunido totaliza 15.467 pessoas. O evento é reconhecido por sua proximidade com a cadeia produtiva da uva e do vinho, de modo que contribui para que a produção do vinho brasileiro evolua em qualidade, tecnologia e reconhecimento. Portanto, um dos legados da Avaliação é nortear produtores e enólogos na a escolha de variedades de uvas, técnicas de elaboração e lançamento de produtos. Destaque para os espumantes brasileiros como o Chardonnay da Casa Venturini; da Domno e da Vinícola Geisse.

A Avaliação Nacional do Vinho movimenta toda a cadeia produtiva do setor. O dia do evento atrai para a pequena, porém rica, cidade de Bento Gonçalves, estudantes de enologia, sommeliers, enólogos, produtores, chefs de cozinha, donos de restaurantes e até apreciadores de vinho.

Reconhecimento

Para o enólogo da Dal Pizzol e presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá, a qualidade do vinho brasileiro tem sido reconhecida por especialistas do mundo inteiro. A luta agora, diz ele, é reduzir a tributação para que os vinhos brasileiros possam competir com os importados. “Esse ainda é um grande entrave para o crescimento da produção nacional”, diz.

Durante a passagem pela cidade, aproveitam para visitar vinícolas que abrem as portas para visitantes fomentando o enoturismo na região. A rota dos vinhos, que inclui vinícolas pequenas e centenárias como as chamorsíssimas Dal Pizzol e Don Giovani, e outras que atuam em grande escala, como é o caso da Salton e Miolo. Em todas elas, o visitante pode acompanhar o processo de produção de vinhos que começa numa visita guiada aos vinhedos, passando pela produção e fechando o ciclo com almoço e, claro, a degustação de seus rótulos.

(*) O repórter viajou a convite do Instituto Brasileiro do Vinho

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