Rota dos Vinhos do Alentejo é muito mais do que um circuito turístico

A excelência dos vinhos do Alentejo torna o turismo na região ainda mais prazeroso – Divulgação

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Plural, o Alentejo é marcado pela
diversidade de cenários e atrativos, em um encontro de culturas, sabores e
aromas. Entre o Tejo e o Algarve, a região no centro-sul português compõe sua
paisagem com planícies, rios, litoral e sol. Da mesma forma, se destaca o
sobreiro, árvore da família do carvalho de onde se origina a cortiça, usada na
produção de rolhas – um dos principais produtos de exportação do país.

Da arquitetura rural, formada por
herdades e casarios, à tradição urbana inconfundível de Évora, capital da
região, a paisagem alentejana ainda guarda uma história monumental. Uma
narrativa de séculos, que também se conta pela excelência dos vinhos locais.

A Rota dos Vinhos do Alentejo, com centro
em Évora, e passando por 65 vinícolas produtoras da região, se tornou um
destino prestigiado por enoturistas. Nos passeios, eles conhecem de perto a
hospitalidade alentejana. Os produtores revelam suas histórias aos visitantes,
que são guiados em passeios pelos vinhedos e conhecem tudo sobre a preparação
de vinhos.

Dividida em oito sub-regiões, essa rota
inclui passeios por alguns dos campos mais elogiados em Portugal, como
Portalegre, Borba, Reguengos, Évora, Redondo, Moura, Granja-Amareleja e
Vidigueira. Por meio de provas e visitas a adegas, enófilos entendem como a
diversidade de cenários se reflete no paladar do vinho alentejano.

O enoturismo no Alentejo revela um pouco
de sua riqueza em cada parada. Para não perder nenhum sabor desses diferentes
terroirs e castas, o destino dos sonhos para os amantes do bom vinho é a Sala
de Provas, no coração de Évora. Aberto de segunda a sábado, o local concentra
os vários sabores da região em um só lugar – ideal para quem não tem tempo
disponível para conhecer cada adega ou vinhedo alentejano.

Para o engenheiro Francisco Mateus,
presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), que certifica e
controla os vinhos da região, e responsável pela Sala de Provas em Évora, a
Rota dos Vinhos do Alentejo é ímpar por aliar o enoturismo de imersão a
possibilidades mais abrangentes, inclusive com espaço para programas em
família.

— A
oportunidade de degustar vinhos, conhecer as variedades de uva e comparar as
diferentes marcas é inspiradora para quem deseja mergulhar nos Vinhos do
Alentejo. Há ainda um conjunto de experiências complementares, como passeios de
bicicleta, a cavalo ou de balão, que tornam as visitas únicas — detalha
Francisco Mateus.

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Séculos
de história e arquiteturas

Parte central na região, Évora concentra
sabores, heranças, a arte e a gastronomia do Alentejo. Em 1986, foi reconhecida
pela UNESCO como Patrimônio Mundial, por ser uma cidade-museu, com centro
histórico de casarões brancos, azulejos e varandas. Por lá, é possível conhecer
boa parte do artesanato e dos costumes alentejanos.

Em Évora, é fácil perceber seus séculos
de história, em uma mistura arquitetônica que inclui monumentos megalíticos,
romanos, árabes e medievais. Entre igrejas, palácios e espaços públicos, a
história do Alentejo é contada aos poucos na cidade e em seu entorno.

No distrito de Estremoz, a arte
barrística está por toda parte em santinhos e bonecos coloridos,
meticulosamente pintados por artesãos. Um pouco por toda a região, o barro é
utilizado para a olaria. Por sinal, no Alentejo, quase tudo pode ser feito com
o material, de pequenos pratos decorados a enormes tachos.

Um bom exemplo disso são as casas de
vinho de talha. Iniciada pelos romanos há mais de 2 mil anos, a tradição nunca
se perdeu por ali. Grandes vasos de barro poroso, as talhas permitem uma
fermentação diferenciada. Depois de pronto, o produto é rapidamente consumido
em casas, adegas e tabernas do Alentejo. Um dos segredos é servir o vinho de
talha acompanhado de marmelos da época, nozes e castanhas.

Expressão
artística

Assim como o barro, o couro ainda é um
material essencial no artesanato alentejano. Das grandes fábricas de curtume,
em Terrugem, aos pequenos produtores de Alter do Chão, os visitantes podem ter
dezenas de exemplos de como a pele é usada criativamente nos produtos da
região.

Os produtores guiam os visitantes em passeios pelos vinhedos, revelando detalhes sobre a preparação de vinhos – Divulgação

Outra expressão artística onipresente no
Alentejo são as mantas e tapetes. Feitas nos teares com fios de lã de ovelha, a
tradição atravessa gerações, seja para decorar ou aquecer durante o inverno. No
miolo urbano de Évora ou nas áreas rurais, é possível encontrar almofadas,
tapetes, cortinas e ponchos feitos do material.

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Cada uma dessas atrações turísticas pode
– e deve – ser brindada com os Vinhos do Alentejo, sempre acompanhados dos
pratos típicos da região, como queijos curados, enchidos (embutidos, no Brasil),
azeitonas, sopas de toucinho, ensopados de borrego, pratos de caça e a
deliciosa sargalheta, uma sopa de bacalhau que é um dos símbolos do centro-sul
de Portugal.

Em cada restaurante ou casa do Alentejo,
aprende-se mais sobre os vinhos regionais. São provas aqui e acolá que
reafirmam a hospitalidade local e permitem aos enoturistas aprender sobre a
vida alentejana. Segundo Francisco Mateus, a Rota dos Vinhos se torna completa
quando combinada com um roteiro cultural e histórico, seja na parada em Évora
ou em outras cidades da região.

— O Alentejo é muito rico em patrimônio.
É possível encontrar vestígios de civilizações ancestrais por toda a região, de
Portalegre a Beja. A combinação dessas atrações com a rota dos vinhos é quase
inevitável. Na maioria das unidades de enoturismo, os turistas podem se
informar sobre locais a visitar e onde provar a excepcional gastronomia
alentejana — conclui.

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