Passeios autênticos no Rio: a cidade além dos cartões-postais

Por Eduardo Cordeiro, da Garupa

Ipanema e Copacabana, quase todo mundo já conheceu. O Cristo e o Pão de Açúcar, quase todo mundo já fotografou. E o velho-novo centro, revitalizado e com museus de primeira, já consta no mapa de quem programa uma viagem para o Rio de Janeiro. Mesmo assim, ainda há muito, muuuuuito a ser explorado na cidade olímpica!

Dica maravilhosa: siga os caminhos da campanha Passaporte Verde, com roteiros para quem quer conhecer os destinos além de seus cartões-postais. Eles levam a experiências autênticas, que não costumam aparecer nos guias de viagem. Na seleção abaixo há trilhas na Mata Atlântica, produtos orgânicos, um bairro superoriginal na Zona Norte e um passeio por dentro de uma comunidade –que leva a uma das vistas mais espetaculares da capital. Bora?

Feiras orgânicas

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A Cidade Maravilhosa fica ainda mais verde em suas feiras orgânicas. E elas são muitas. A campanha Passaporte Verde fez um roteiro listando 18 feiras, em todas as regiões do Rio. Tem feira nos bairros mais turísticos, como Ipanema, Leblon, Copacabana, Barra da Tijuca e Arpoador. Tem feira na Tijuca e no Jardim Botânico –todas com fácil acesso, pra você chegar a pé, de bike, de ônibus.

Em todas, o clima de descontração é o mesmo, com produtores que engatam uma conversa atrás da outra e fazem questão de explicar a origem de suas frutas, verduras e legumes. Dá pra comprar e levar pro hotel, mas também dá pra consumir ali mesmo: algumas barracas preparam sucos na hora, que podem ser acompanhados de doces, empanadas, tapiocas… Tudo fresco, tudo orgânico, tudo saudável! Tudo sustentável!

Trilha Transcarioca

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Imagine uma trilha que percorra 180 quilômetros dentro de uma única cidade. Imagine também que essa trilha corte um parque nacional, e que ela tenha mirantes com vistas espetaculares para uma das cidades mais lindas do país. Já imaginou? Pois assim é a Trilha Transcarioca! Da Barra de Guaratiba, na Zona Oeste, ao Morro da Urca, na Zona Sul, o caminho revela atrações pouco conhecidas do Rio.

Totalmente sinalizada, a Transcarioca é dividida em 25 trechos. Todos têm acesso fácil – a ideia é que o visitante possa chegar ou sair de transporte púbico ou táxi, e que faça a sua programação de acordo com o tempo de caminhada e o nível de esforço desejados. Um deles é o Cova da Onça-Portão da Floresta, recheado de atrações históricas. Nas cerca de 2h30 de caminhada (5,5 quilômetros) você passa pelo lindo Museu do Açude, de 1964, e pela Capela Mayrink, de 1850.  O ponto alto (literalmente!) é o Mirante da Cascatinha. Ele fica a apenas um quilômetro do Portão Floresta da Tijuca do parque, na Praça Afonso Viseu, Alto da Boa Vista – lugar perfeito para a sua aventura começar.

Madureira

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Sim, é da zona sul que se ouve falar quando o assunto é turismo no Rio de Janeiro. Mas é pros lados do Engenhão (estádio que recebeu as provas de atletismo nas Olimpíadas), na Zona Norte, que fica Madureira, bairro que ainda preserva culturas e tradições da cidade.

Ele fica a cerca de 30 km de Copacabana, mas a “viagem” está longe de ser um mico. Principalmente se você visitar o Mercadão de Madureira, um mundo sem fim de lojas que vendem de tudo. Tudo, no caso, não é exagero. Em que outro mercado você encontra, em meio a um ambiente com altíssimo astral, de artigos religiosos a fantasias de Carnaval?

Outra atração de Madureira é sua veia musical. Ali ficam escolas de samba tradicionalíssimas, como Império Serrano e Portela. Bem ali, pertinho do Mercadão, fica o Grupo Cultural Jongo da Serrinha, que mantém viva uma dança de roda dos tempos dos escravos –com agendamento, dá até pra vê-los em ação. O passeio pode terminar no Parque Madureira, um dos maiores da cidade –em sua área caberiam nada menos que 14 campos do Maracanã. A área verde, ótima para caminhar, tem quadras, pista de skate e brinquedos para crianças espalhados entre caprichados jardins.

Favela Tour e Morro dos Cabritos 

Vista a partir do Morro dos Cabritos

Créditos: Divulgação/Garupa

Vista da lagoa Rodrigo de Freitas partir do Morro dos Cabritos

As imagens panorâmicas feitas do alto das duas mais clássicas atrações do Rio, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, são figurinhas fáceis nos álbuns de viagens e nos catálogos de postais da cidade. Mas tem uma imagem que pouca gente clicou. De uma vista que pouca gente conhece. Do alto de um morro no qual pouca gente subiu: o Morro dos Cabritos!

O passeio dura meio dia. Ele começa em Copacabana –no final da Rua Santa Clara, próxima à Estação Siqueira Campos do metrô. É ali que um morador da favela Tabajaras e Cabritos recebe você e começa a conduzir a aventura. Uma escadaria, caminhos tortuosos, ruas e vielas vão mostrando, aos poucos, o interior da comunidade.

Na sequência, na visita ao Parque Natural Municipal José Guilherme Merquior, Área de Proteção Ambiental, você dá de cara com a Mata Atlântica preservada. É o ar fresco da trilha que dá fôlego para o restante da caminhada que, desde Copacabana, leva cerca de 2h30. O ponto final é a Pedra do Maroca, mirante natural de onde você vai clicar as imagens que pouca gente conhece, a partir do morro que pouca gente subiu… Dali você enquadra a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Jardim Botânico, a Floresta da Tijuca e as Praias de Copacabana, Ipanema e Leblon. Simplesmente inesquecível.

Passaporte Verde

A campanha Passaporte Verde nasceu em 2008 com o objetivo de oferecer roteiros originais aos viajantes – e para fazer com que a visita desses viajantes causasse impacto positivo nos destinos. O projeto é fruto de uma parceria do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) com os ministérios do Meio Ambiente e do Turismo do Brasil e o Ministério Francês do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Hoje, 12 estados brasileiros já são contemplados pelos roteiros –só na cidade do Rio são 21, resultado do trabalho em conjunto realizado pelo Pnuma e o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

Veja aqui todos os roteiros do programa Passaporte Verde na cidade do Rio de Janeiro.

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Viajar pode fazer mais. Por você e pelos lugares que visita. Este é o lema da Associação Garupa, Organização Social de Interesse Público (OSCIP) que trabalha com o turismo sustentável como ferramenta para promover distribuição de renda e preservação de riquezas naturais e culturais do Brasil. A Garupa atua no apoio a comunidades e iniciativas em três frentes: por meio de consultoria para campanhas de crowdfunding, da realização de Expedições Garupa ou da divulgação de experiências sustentáveis através do Guia do Brasil Autêntico.

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