Os entraves que impossibilitam o natural desenvolvimento do turismo no Brasil

José Ernesto, presidente da BSH International

MATA DE SÃO JOÃO, BA – Discutir, entender e debater as novas tendências para o mercado turístico nacional. Este foi objetivo do encontro Melhores Parceiros Palladium 2016 ao convidar José Ernesto Marino Neto, Master em Ciências, Ph.D em negócios pela Flórida Christian University e presidente da BSH International para uma palestra. Logo de cara, foi em cima do que os operadores estão mais interessados: o desenvolvimento do turismo nacional e o que esperar do setor daqui para frente.

“O Brasil é um mercado peculiar. Um dia estamos em cima, outro dia estamos lá embaixo. Se formos olhar para o passado, a estrutura sócio-política é a mesma nos últimos 100 anos. Quem investe aqui, ainda não sabe como funciona o nosso país. Por exemplo: o turismo passou de 600 milhões de chegadas em 2000, para 1,2 bilhão de chegadas em 2015. Isso se repitiu em uma série de locais no mundo, menos no Brasil”, disse José Ernesto.

Para ele, “o mundo segue uma nova formatação após a crise mundial de 2008, e procura mais segurança, conforto e qualidade. E o turismo vem crescendo nas economias avançadas, por que? Por que é uma questão de qualidade de produto, de serviço, de preço, de infraestutura e segurança. De acordo com o relatório do WTTC, o Turismo cresce mais do que a economia global nos últimos 5 anos. Só que nós no Brasil, estamos estagnados a 15 anos. Chegamos a um pouco mais de 5 milhões de turistas internacionais. Estamos fechados neste feitiço do tempo”.

Marcius Feijó, da Abreu Online, foi um dos que participaram da palestra com perguntas para José Ernesto responder

E o que fez o Brasil ficar parado no tempo, José Ernesto? “Tivemos um grande impulso no turismo através do governo FHC. Em 2003, o turismo era galgado ao status principal do governo passando a ser Ministério do Turismo. Já no governo Lula e Dilma, o turismo passou a ser entendido como uma atividade econômica doméstica. É por isso que hoje 94% do turismo brasileiro vem do turismo doméstico. E o momento está vinculado ao atual momento do país à capacidade da compra da família brasileira, além de termos uma infraestrutura ruim”, disse.

Quais são os entraves, José Ernesto? “Alto custo dos bilhetes aéreos, porque hoje 40% de tudo que produzimos vira imposto. Problemas ainda com a sinalização monolíngue, a ausência de foco no turismo, como, por exemplo, os Parques Naturais, que atualmente são encarados no país como locais de preservação e não como atrações turísticas. Outro setor são os Cruzeiros Marítimos, que estão diminuindo em cada estação aqui no Brasil porque são obrigados a assumir custos incomparavelmente menores em outros países, como taxas portuárias. Para finalizar, a questão do Visto do Turista, que deveria ser uma ferramenta para estimular e virou uma ferramenta de sobrevivência para sustentar as taxas consulares”, destacou.

Apesar de todos os atrasos e problemas, há uma luz no fim do túnel. Não é mesmo, José Ernesto? “Hoje estamos voltando a crescer. Empresários aos poucos estão tirando das gavetas seus projetos, e esta confiança passa de um para o outro. O Itaú afirma que ano que vem o crescimento do PIB nacional será em torno de 2% em 2017, com um aumento de 4% em 2018. O que antes todo mundo achava que o Brasil era só alegria, hoje percebemos que é um país que procura seu rumo”, disse. “Agora temos que levar em consideração o turismo corporativo e online. O mundo mudou e hoje temos uma geração que veio para utilizar novos serviços, como o uso das plataformas vituais. Estamos entrando numa nova era e assim traçaremos o futuro do turismo brasileiro”.

Investir no mercado brasileiro agora é viável? “Bom, se eu pudesse aconselhar algum investidor, eu falaria para investir no mercado de São Paulo. O estado precisará de 10.000 novos quartos para os próximos anos. Eu digo que o único destino nacional carente de hotéis é o estado de São Paulo”, disse.

Pin It

Comments are closed.