Obras contra a crise hídrica podem alterar paisagem turística na costa

H um ano e meio, desde que a Grande So Paulo vive a perspectiva de colapso no abastecimento de gua, o governo estadual e a Sabesp (empresa de saneamento) debruaram-se sobre o mapa do Estado em busca de alternativas em rios e represas.

Uma das solues encontradas foi captar a gua de rios que nascem no topo da serra do Mar e caem por 700 metros de altitude at o oceano Atlntico. Esse remdio preocupa ambientalistas e moradores de cidades do litoral.

Desde janeiro deste ano, um projeto j retira mil litros de gua por segundo do rio Guaratuba, que nasce na Grande So Paulo e encontra o mar em Bertioga. O prximo passo retirar, at 2017, mais 3.000 litros por segundo do rio Itapanha (a Grande So Paulo consome 50 mil litros por segundo).

Ainda so desconhecidos, porm, os impactos que as obras devem ter sobre o Parque Estadual da Serra do Mar e a mata Atlntica ainda preservada da regio –os extensos relatrios requeridos para obras dessa magnitude ainda no foram entregues.

O mais provvel, se for mantido o padro da atual crise hdrica, que as obras se iniciam antes mesmo de os estudos serem concludos.

Prova disso o o governo do Estado ter solicitado em agosto o licenciamento ambiental de obras prontas desde junho. O pedido atrasado veio acompanhado de uma solicitao por um “rito especial” na aprovao.

“Os estudos de impacto servem justamente para avaliar que medidas poderiam evitar e minimizar danos. Por isso, o licenciamento no pode ser posterior obra”, diz o oceangrafo Fabrcio Gandini, que h anos estuda os mangues da Baixada Santista.

No h previso para que esses projetos sejam analisados em audincias pblicas e comits que permitam o debate com a sociedade.

O Ministrio Pblico teme que a captao no topo da serra diminua a gua que chega pelo rio ao litoral -o que afetaria o ecossistema do mangue, berrio de animais marinhos e morada de aves.

Na tese do governo, caso fossem adotados os ritos ambientais, a Grande So Paulo correria o risco de sofrer desabastecimento.

O problema que, para garantir a gua dos prximos meses, talvez tenhamos que comprometer o ambiente para as prximas dcadas.

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